As
transformações políticas e econômicas que marcaram as primeiras décadas do
século XX foram acompanhadas por uma série de conflitos de vários tipos. De um
lado, a urbanização crescente gerou o aumento das camadas pobres nas cidades,
assim como o confronto de seus interesses com os dos novos habitantes,
latifundiários, comerciantes e industriais. A preocupação em modernizar os
centros urbanos e torná-los mais adequados a seu usufruto levou-os a expulsar
pouco a pouco, para a periferia, a população pobre. A tensão assim gerada
propiciou revoltas, como a do Rio de Janeiro, em 1904, contra a obrigatoriedade
da vacina contra a varíola, aplicada truculentamente por agentes do governo.
Início da urbanização no Rio de Janeiro.
No início do século XX, durante a gestão do prefeito Francisco Pereira Passos (1902-1906), a região passa por grandes obras.
Com as obras de Pereira Passos a população que morava nos grandes casarões são obrigadas a subir os morros a procura de novas moradias.
A Revolta da Vacina
No
campo, a modernização da economia abalou as antigas relações sociais, marginalizando
uma parte significativa da população. O resultado foi o surgimento de grupos
como os dos cangaceiros, que agiam no sertão nordestino, e de líderes
messiânicos como o padre Cícero, no Nordeste, e José Maria, na região do
Contestado – onde eclodiu uma revolta que durou de 1912 a 1915.
Padre Cícero
Cangaceiros no Nordeste.
A Guerra do Contestado (1912-1916)
Imagens da Guerra do Contestado.
Ocorreram
ainda manifestações de insatisfação em outros setores, como o dos marinheiros,
que se rebelaram em 1910 – na chamada Revolta da Chibata – contra os castigos
físicos comuns na Marinha daquele tempo.
João Cândido - Líder da Revolta da Chibata
Ao lado de um dos Marinheiros, João Cândido lê o manifesto da Revolta: fim dos castigos corporais (Agência Estado)
A
substituição dos escravos por imigrantes, principalmente em São Paulo, onde a
imigração era subvencionada pelo governo estadual, levou à entrada no país de
um grande número de trabalhadores europeus. Embora a maioria dos imigrantes
tenha permanecido na agricultura, muitos mudaram-se para as cidades, onde se
empregaram na indústria nascente. Trazendo consigo uma experiência de relações
de trabalho diferente daquela conhecida até então no Brasil, logo trataram de
se organizar em torno de jornais e sindicatos operários. Buscavam lutar por
melhorias nas suas condições de vida, extremamente precárias devido aos baixos
salários e à falta de direitos básicos, como a definição de uma jornada diária
compatível e de normas de segurança no trabalho. O resultado foi a crescente
eclosão de greves, especialmente nas regiões de maior concentração industrial,
paralelamente aos conflitos no campo.
Fonte: História do Brasil - Flavio de Campos e Miriam Dolhnikoff.
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