Relações internacionais
A
política internacional brasileira no século XIX foi marcada por dois pontos
fundamentais: a estreita relação econômica com a Inglaterra e a afirmação
militar e política na América do Sul. Nesse sentido, os esforços do governo
brasileiro se dirigiram para a garantia de livre navegação pelos rios da bacia
do Prata, fundamental para seus interesses comerciais, bem como para os
britânicos. Assim, para impedir que Buenos Aires controlasse as duas margens do
rio da Prata, Brasil e Inglaterra envolveram-se em vários conflitos com a
Argentina.
O
primeiro foi a luta pela independência da Cisplatina, província anexada ao
Brasil por D. João VI, em 1817. Os uruguaios haviam proclamado, em 1825, sua
anexação às Províncias Unidas do Rio da Prata (futura Argentina), seguindo-se
então uma guerra entre elas e o Brasil. O resultado foi um acordo, em 1828,
orientado pela Inglaterra, pelo qual se criava o Uruguai.
Devido
a isso, as disputas políticas internas no novo país frequentemente oscilavam
entre seus dois vizinhos. Os blancos (compostos por pecuaristas do interior)
tradicionalmente aliavam-se à Argentina, enquanto os colorados (compostos por
comerciantes de Montevidéu) aliavam-se ao governo brasileiro. Foi em torno do
apoio a essas duas facções que Brasil e Argentina enfrentaram-se novamente numa
guerra, em 1851.
A
política interna uruguaia foi usada ainda, pela Inglaterra, Argentina e Brasil,
para atrair, em 1864, o presidente paraguaio, Solano Lopez, a uma guerra com o
objetivo de destruir a economia independente do Paraguai. Para isso, tropas
brasileiras invadiram o Uruguai com a intenção de depor o líder Blanco Aguirre,
aliado de Solano Lopez. A reação do presidente paraguaio foi investir contra o
território brasileiro, dando início à
guerra.
Retrato de Solano Lopes
Uma
vez deposto Aguirre e instalado em seu lugar o colorado Venâncio Flores,
Brasil, Argentina e Uruguai uniram-se na chamada Tríplice Aliança contra o
Paraguai. No final da guerra, em 1870, o Paraguai estava derrotado, com suas terras
cultiváveis abandonadas, seu rebanho desaparecido, as poucas manufaturas,
estradas de ferro, etc. destruídas e 95% de sua população masculina morta.
Fonte: História do Brasil - Flavio de Campos e Miriam Dolhnikoff.
De fato não há uma única verdade. Solano López idealizava um projeto modernizador que tirasse o Paraguai de sua atrasada - mas estável - condição de fechada economia ruralista dos tempos de seu pai. Tal projeto implicava numa expansão capitalista que transcendia fronteiras e almejava uma saída ao mar às custas de territórios vizinhos. É discutível que os países da Tríplice Aliança deliberadamente montaram uma estratégia de atrair o Paraguai à guerra, mas não há muito o que contestar sobre o fato de que López teve grande parcela de responsabilidade pela guerra que devastou seu país.
ResponderExcluirO que ninguém costuma falar é que o Paraguai era rural e muito burocrático.
ResponderExcluirQuase todas as terras pertenciam à família de Solano Lopez.
Solano era um ditador, mandou matar seu irmão Venancio Lopes que foi arrastado por cavalos.
Suas irmãs foram torturadas pelo seu regime por suposta conspiração contra o seu governo.
Não poupou nem sua mãe que chegou a ficar presa.
Sua ganância pelo poder colocou seu povo em riscos.
Segundo um intelectual de seu país, Guido Alcalá, considerou Solano um precursor do totalitarismo moderno.
Na época o Paraguai tinha apenas um Jornal, e este era controlado pelo Estado, cadê a liberdade de imprensa?
Portanto, concordo com você, não podemos esquecer que Solano Lopez tem sua parcela de culpa com o sofrimento de seu povo durante a guerra.
Este texto que postei acima, costumo utilizá-lo em minhas aulas como ponto de partida para ser discutido entre os alunos, mostrando que existe outras "verdades", portanto em história não devemos nos alimentar de apenas uma fonte!