A Revolta do
Quebra-Quilos
Texto elaborado por
Emerson Santiago.
Ficou conhecida pelo
nome de Revolta do Quebra-Quilos o movimento popular iniciado na
Paraíba, a 31 de outubro de 1874, e que se opunha às mudanças introduzidas
pelos novos padrões de pesos e medidas do sistema internacional, recém
introduzidas no Brasil. Praticamente sem uma unidade e sem liderança, a revolta
logo se alastrou por outras vilas e povoados da Paraíba, estendendo-se a
Pernambuco, Rio Grande do Norte e Alagoas.
A denominação de
quebra-quilos teria surgido na cidade do Rio de Janeiro, quando elementos
populares invadiram casas comerciais que haviam começado a utilizar o novo
sistema de pesos e medidas, e aos gritos de "Quebra os quilos! Quebra os
quilos", depredavam tais estabelecimentos. A expressão começou a ser
utilizada indiscriminadamente para se referir a todos os participantes dos
movimentos de contestação ao governo com relação ao recrutamento militar, à
cobrança de impostos e à adoção do sistema métrico decimal.
No entendimento
supersticioso da gente do nordeste rural, o metro e o peso, tornados válidos
por decreto imperial em 1872, consistiam em representações do demônio, e a
tentativa de adotá-los criou entre o povo a ideia que estavam sendo enganados
pelos comerciantes e poderosos. Os revoltosos, sentindo-se ofendidos em seus
sentimentos deixavam extravasar suas queixas e partiam para os povoados e se
apoderavam das "medidas", quebrando-as e lançando-as no rio.
Tudo tem início, ao que
se sabe, com o popular João Carga D’água, vendedor de rapadura, que liderando
um grupo, resolveu invadir a feira do povoado de Fagundes, próximo a Campina
Grande, e quebrar as medidas usadas pelos feirantes e fornecidas pelo governo.
Assim, toma corpo a revolta, com incidentes semelhantes se repetindo em várias
áreas do nordeste. Eram escolhidos os dias de feira para os ataques populares
porque era nessa ocasião que as autoridades costumavam cobrar os impostos
municipais. Destacaram-se em meio aos revoltosos os nomes de João Vieira Manuel
de Barros Souza e Alexandre Viveiros.
Como resultado, o
governo imperial enviou forças militares para conter os distúrbios. A repressão
que se seguiu foi violenta, com prisões em massa. Somente em janeiro de 1875 as
autoridades provinciais conseguiram sufocar as manifestações populares nas
quatro províncias nordestinas. Uma das práticas repressivas comum empregada no
castigo aos acusados de serem quebra-quilos foi o chamado colete de couro, que
consistia num pedaço de couro cru colocado sobre o tórax e as costas do
prisioneiro. Em seguida, esse couro era molhado e, ao secar, este comprimia o
peito violentamente, causando lesões cardíacas e tuberculose como sequelas.
Fonte: www.infoescola.com/brasil-imperial/revolta-do-quebra-quilos/
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