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sábado, 15 de março de 2014

As crises do fim da Idade Média.


Crise agrária - Peste Negra - Guerra dos Cem Anos - Divisão da Igreja

As crises do fim da Idade Média

A Europa dos séculos XI-XIII vivera uma fase de expansão.
Ao atingir seus limites, essa expansão provocou uma crise generalizada, que se estendeu por todo o século XIV e primeira metade do século XV. Expressando a lenta e conturbada passagem para a sociedade moderna, essa depressão teve várias manifestações, todas estreitamente relacionadas entre si.

Crise agrária


A crise agrária, fundamental em sociedades baseadas nessa atividade, começou em 1315-1317, ligada a fatores climáticos, ao esgotamento das terras cultiváveis, ao excesso populacional. A produção insuficiente elevou o preço dos alimentos, provocando várias tensões sociais. A subnutrição facilitou o aumento da mortalidade e o surgimento de epidemias, sobretudo em locais superpovoados, como as cidades do norte europeu. A alta dos preços agrícolas refletiu-se em outros setores da economia. Tudo isso era ainda agravado pela crise monetário-financeira de 1335-1345, decorrente do início da Guerra dos Cem Anos.

A Guerra dos Cem Anos (1337-1453) durou na realidade 116 anos


Nesse contexto já difícil, eclodiu a crise demográfica de 1348-1350 com a peste negra. Introduzida na Europa por genoveses provenientes do Oriente, em pouco tempo ela matava um terço da população, cerca de 20 milhões de pessoas.

A peste negra


Foi, portanto, proporcionalmente, a maior catástrofe demográfica da História.

Mais ainda, duas instituições que poderiam tentar superar as dificuldades também estavam em crise. As monarquias sentiam o efeito da retração econômica e, para fazer face a ela, aumentavam os impostos e desvalorizavam a moeda, conseguindo dessa forma apenas aprofundar as dificuldades. A Guerra dos Cem Anos, que opunha a França à Inglaterra, cada uma delas contanto ainda com o apoio de outros países, deixou as monarquias envolvidas com sérios problemas internos e externos. 

A Igreja, por seu lado, conhecia uma situação inédita e perigosa: de 1309 a 1377 a sede do Papado foi a cidade de Avignon, e não Roma, como indicava a tradição. A tentativa de superar essa questão redundou num problema pior: de 1378 a 1417 existiram dois (e às vezes mesmo três) papas simultaneamente.

Três papas durante a idade média

Tudo isso provocou uma forte crise espiritual. O atormentado homem do século XIV interpretava os problemas de então como um castigo de Deus. Logo, passava a questionar a Igreja, que não conseguia estabelecer a paz entre os homens e Deus.
Nas artes tornaram-se comuns os chamados temas macabros, representações de cenas de morte, doenças, fome, guerra. Essa visão pessimista e fatalista do mundo, de certa forma, prolongava a crise do período.

Morte, doenças, fome e guerra.


Tais crises refletiam uma readaptação. Passada a época virulenta, o Ocidente europeu voltou a crescer. Mais que isso: sua moldura se tornou inadequada para a nova tela que se desenhava. O Mediterrâneo se tornava insuficiente para suas ambições: a Europa descobre o Atlântico e busca nele novos horizontes. “Navegar é preciso...”


Fonte: História Geral - Hilário Franco Jr. e Ruy de O. Andrade Filho.

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