Crise agrária - Peste Negra - Guerra dos Cem Anos - Divisão da Igreja
As crises do fim da Idade Média
A Europa dos séculos
XI-XIII vivera uma fase de expansão.
Ao atingir seus
limites, essa expansão provocou uma crise generalizada, que se estendeu por
todo o século XIV e primeira metade do século XV. Expressando a lenta e
conturbada passagem para a sociedade moderna, essa depressão teve várias
manifestações, todas estreitamente relacionadas entre si.
Crise agrária
A crise agrária,
fundamental em sociedades baseadas nessa atividade, começou em 1315-1317,
ligada a fatores climáticos, ao esgotamento das terras cultiváveis, ao excesso
populacional. A produção insuficiente elevou o preço dos alimentos, provocando
várias tensões sociais. A subnutrição facilitou o aumento da mortalidade e o
surgimento de epidemias, sobretudo em locais superpovoados, como as cidades do
norte europeu. A alta dos preços agrícolas refletiu-se em outros setores da
economia. Tudo isso era ainda agravado pela crise monetário-financeira de
1335-1345, decorrente do início da Guerra dos Cem Anos.
A Guerra dos Cem Anos (1337-1453) durou na realidade 116 anos
Nesse contexto já
difícil, eclodiu a crise demográfica de 1348-1350 com a peste negra.
Introduzida na Europa por genoveses provenientes do Oriente, em pouco tempo ela
matava um terço da população, cerca de 20 milhões de pessoas.
A peste negra
Foi, portanto,
proporcionalmente, a maior catástrofe demográfica da História.
Mais ainda, duas
instituições que poderiam tentar superar as dificuldades também estavam em
crise. As monarquias sentiam o efeito da retração econômica e, para fazer face
a ela, aumentavam os impostos e desvalorizavam a moeda, conseguindo dessa forma
apenas aprofundar as dificuldades. A Guerra dos Cem Anos, que opunha a França à
Inglaterra, cada uma delas contanto ainda com o apoio de outros países, deixou
as monarquias envolvidas com sérios problemas internos e externos.
A Igreja,
por seu lado, conhecia uma situação inédita e perigosa: de 1309 a 1377 a sede
do Papado foi a cidade de Avignon, e não Roma, como indicava a tradição. A
tentativa de superar essa questão redundou num problema pior: de 1378 a 1417
existiram dois (e às vezes mesmo três) papas simultaneamente.
Três papas durante a idade média
Tudo isso provocou
uma forte crise espiritual. O atormentado homem do século XIV interpretava os
problemas de então como um castigo de Deus. Logo, passava a questionar a
Igreja, que não conseguia estabelecer a paz entre os homens e Deus.
Nas artes tornaram-se
comuns os chamados temas macabros, representações de cenas de morte, doenças,
fome, guerra. Essa visão pessimista e fatalista do mundo, de certa forma,
prolongava a crise do período.
Morte, doenças, fome e guerra.
Tais crises refletiam
uma readaptação. Passada a época virulenta, o Ocidente europeu voltou a
crescer. Mais que isso: sua moldura se tornou inadequada para a nova tela que
se desenhava. O Mediterrâneo se tornava insuficiente para suas ambições: a
Europa descobre o Atlântico e busca nele novos horizontes. “Navegar é
preciso...”
Fonte: História Geral - Hilário Franco Jr. e Ruy de O. Andrade Filho.
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