As reformas religiosas
As
modificações ocorridas no campo religioso no século XVI foram produto das
mesmas tendências individualistas, burguesas e tradicionalistas que geraram o
Renascimento. Esses elementos, no entanto, foram processados de formas diversas
nos movimentos reformistas.
O
individualismo renascentista, por exemplo, prendia-se à liberdade intelectual,
enquanto o protestante dizia respeito a uma religião livre dos conceitos
impostos pela Igreja Católica. Já o fortalecimento da burguesia, cuja visão de
mundo e cujos recursos econômicos contribuíram para o que chamamos de
Renascimento, também esteve ligado, em algumas regiões, às origens da Reforma
Protestante. De fato, muitos burgueses consideravam as restrições às atividades
mercantis uma postura antiquada da Igreja e por isso se afastaram dela.
Finalmente,
o tradicionalismo integrou tanto o movimento renascentista quanto o reformista
pois ambos baseavam-se em autoridades do passado: os autores clássicos no caso
do Renascimento, a Bíblia no caso da Reforma Protestante, a Bíblia e os
teólogos medievais no caso da Reforma Católica.
Apesar
desses pontos em comum, o espírito reformista era oposto ao renascentista.
Enquanto este colocava o home como centro de tudo, aquele atribuía a Deus o
papel fundamental. O Renascimento era um fenômeno essencialmente otimista, que
chamava a atenção para as qualidades criativas do homem. As reformas
religiosas, tanto as protestantes quanto a católica, enfatizavam o lado pecador
do homem, insistindo para que ele se entregasse totalmente a Deus. Não foi por
acaso que essas reformas surgiram em um contexto de angústia coletiva, com a
Europa abalada pela Guerra dos Cem Anos, pela peste negra, pelo Cisma Papal,
pela ameaça turca. Como tais dificuldades eram interpretadas como castigos
divinos, pensava-se automaticamente em alterações purificadoras (“reformas”) na
vida religiosa. As mudanças feitas à revelia da Igreja foram as Reformas
Protestantes (Lutero, Calvino); as realizadas dentro da Igreja (Concílio de
Trento, Companhia de Jesus) constituíram a Reforma Católica.
Concílio de Trento
Fonte: História Geral - Hilário Franco Jr. e Ruy de O. Andrade Filho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário