A América Latina no século XIX
O
início do século XIX assistiu à emancipação da América ibérica. O movimento foi
nitidamente aristocrático. Em geral, o antagonismo entre as elites econômicas
coloniais e os interesses metropolitanos foi a raiz da luta emancipacionista.
Diferentemente das colônias hispânicas, o Brasil libertou-se quase sem
incidentes e manteve sua integridade territorial, enquanto a parcela espanhola
das América esfacelou-se, resultado das pressões externas e internas, das diferenças
econômicas e dos particularismos regionais.
Simon Bolívar - o libertador.
José de San Martin
Foi protector do Peru, San Martín expulsou os espanhóis, reformou o regime de trabalho indígena - abolindo a escravatura - e fundou a Biblioteca Nacional.
O
auxílio inglês na América Latina foi sem dúvida definido por seus interesses:
seria mais fácil exercer sua preeminência num continente dividido. À herança do
centralismo colonial, seguiram as tendências ao federalismo. O sonho de Bolívar
de uma América unificada e forte se desmoronou oficialmente no Congresso do
Panamá, em 1826.
As independência dos países da América Latina.
No
Brasil monárquico, o café tomou a economia e perpetuou o escravismo. Nos
vice-reinos e capitanias hispânicas, em geral triunfaram as repúblicas. Ali, o
processo armado da libertação colaborou para uma militarização das
instituições, cuja fragilidade favoreceu o desenvolvimento dos poderes locais:
os caudilhos. Apenas na segunda metade do século XIX é que se encaminham os Estados
nacionais.
A
teoria indicava o caminho das democracias liberais, mas, na prática, as lutas
entre os caudilhos é que apontavam os rumos. Os ditadores, os golpes, as
constituições se sucediam. O clero católico e uma aristocracia prepotente
disputavam o comando das massas mestiças e índias. Quase inexistiam os grupos
intermediários. Pressões internas e externas eram exercidas sobre o escravismo.
Não bastassem os problemas regionais, as guerras se sucediam entre os novos
países. As razões dos conflitos eram múltiplas e iam das questões fronteiriças
à disputa de desertos, como o Chaco.
Obs: O Chaco é uma província da Argentina situada na região do Chaco argentino. Com uma extensão territorial de 99 633 km² tem como capital a cidade de Resistencia.
Por
seu turno, a independência política não implicou a econômica. Um consórcio de
países europeus, tendo à frente a Inglaterra, substitui Portugal e Espanha. As
matérias-primas da América Latina seguiam agora para as indústrias europeias;
em troca recebia manufaturados, investimentos de capitais diretos do Velho
Mundo, imigrantes e empréstimos.
À
margem da revolução industrial, a América ibérica prosseguiu dependente, uma
região periférica do capitalismo internacional. A chegada do século XX anunciou
o início do declínio europeu. Mas o recuo da Europa correspondeu à ascensão dos
Estados Unidos. O novo senhor que se avizinhava não deu espaço aos países
latino-americanos; não houve a possibilidade de “cem anos de solidão”...
Fonte: História Geral de Hilário Franco Jr. e Ruy de O. Andrade Filho.
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