A Segunda República
A
Revolução de 1930 foi levada a cabo por grupos heterogêneos e com perspectivas
diversas. Enquanto as oligarquias regionais visavam apenas ampliar seu poder
político, o Exército e os setores urbanos desejavam reformas modernizadores,
sobretudo o fortalecimento do governo central. Getúlio Vargas significou uma
solução de compromisso entre esses vários grupos: as oligarquias antes
marginalizadas passaram a ter maior poder e, ao mesmo tempo, houve uma maior
centralização do sistema político, fundamental para a industrialização do país
e para o controle da classe operária. A fim de neutralizar o poder dos
coronéis, foram tomadas medidas para a moralização das eleições e a ampliação
do eleitorado ( concedeu-se o direito de voto às mulheres e diminuiu-se de 21
para 18 anos o limite mínimo de idade dos eleitores). Apesar disso, a proibição
do voto para os analfabetos – a maioria da população – ainda limitava
drasticamente a porcentagem da população qualificada para votar.
Revolução de 1930 - no centro Getúlio Vargas.
Por
outro lado, essa centralização não significou a eliminação total do poder das
oligarquias regionais. Embora com sua influência reduzida, elas continuaram
como uma das mais importantes forças atuantes no regime. As oligarquias do Sul
e do Centro-Sul conseguiram mesmo manter a situação privilegiada do período
anterior, enquanto as do Nordeste beneficiaram-se do desequilíbrio entre o
eleitorado e sua representação no parlamento.
Além
disso, os partidos republicanos estaduais conservaram sua hegemonia, já que o
sistema existente contava com poucos partidos nacionais, todos de expressão
bastante limitada. Assim, Getúlio Vargas só conseguiu eleger-se presidente na
Assembleia Constituinte de 1934 graças à criação de uma bancada classista
(composta por delegados eleitos por associações profissionais e sindicais),
recurso utilizado para contrabalançar a representação oligárquica.
Convocação para Revolução de 1932
Plínio Salgado e um desfile dos Integralistas.
Paralelamente,
o Exército surgiu como um dos setores mais fortes do novo cenário político. Com
seu contingente cada vez maior, tornou-se, representado por seus oficiais –
especialmente os tenentes -, um elemento fundamental no processo de
centralização. Os militares tiveram, desde então, uma participação privilegiada
no jogo político nacional, inclusive através de revoltas corporativas (1931),
de alianças com a insatisfeita oligarquia paulista (1932) ou ao lado dos
comunistas (1935) e do integralistas (1938).
Fonte: História do Brasil de Flavio de Campos e Miriam Dolhnikoff.
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