Nada é Definitivo!

"Como o nome do Blog diz, não existe uma única verdade, portanto, sempre temos que investigar tudo o que nos dizem sobre a história, para que possamos chegar mais próximos de uma verdade. Este blog é apenas um dos vários caminhos que existem, sejam bem vindos."

sábado, 9 de abril de 2011

O Processo Civilizatório

RESUMO
Este ensaio tem como finalidade traçar o comportamento do homem civilizado ocidental no decorrer do tempo. Para isso fui buscar informações como se deu esse processo na passagem da idade média para a idade moderna até os dias mais recentes. Busquei essas informações na obra do escritor Norbert Elias, O Processo Civilizador, Volume 1: Uma História dos Costumes e como apoio também utilizei a obra de Sigmund Freud, O Mal estar da Civilização, após ter analisado essas duas obras, procurei mostrar uma linha de raciocínio para descrever as mudanças que passou o homem ocidental, como foi moldado esse homem “civilizado”. Logo no Prefácio da obra de Norbert escrita em 1936, já nos leva a pensar, o que seria ser civilizado, será que nossas atitudes de hoje serão consideradas civilizadas para nossos descendentes daqui alguns anos? Sabemos que muitas das atitudes do passado não correspondem para nossa atual sociedade como civilizadas, portanto, qual será o olhar das próximas gerações para com a nossa sociedade? E como essas modificações no comportamento das pessoas são transformadas, quais os motivos e implicações que interferem no indivíduo que o faz reprimir suas atitudes em prol do coletivo, mesmo que para isso tenha que conter o instinto e o prazer. Palavras chave: civilização, indivíduo, sociedade, coletivo, identidade, sublimação, prazer, instinto.

ABSTRACT


This essay aims to trace the behavior of Western civilized man over time. For this I went straight to how this process occurred in the passage from the Middle Ages to the modern age to the most recent days. I sought this information in the work of writer Norbert Elias, The Civilizing Process, Volume 1: A History of Morals and support as also used the work of Sigmund Freud, The Malaise of Civilization, having examined these two works, tried to show a line reasoning to describe the changes that passed the Western man, was cast as the "civilized" man. Soon the Preface of the book Norbert written in 1936, leads us to wonder, what would be civilized, is that our attitudes today are considered civilized for our descendants a few years? We know that many of the attitudes of the past do not correspond to our current society as civilized, so what will the next generations to look with our society? And as these changes in people's behavior are changed, the motives and implications that interfere with the fellow who is repressing their attitudes towards the collective, even if this has to contain the instinct and pleasure. Keywords: civilization, individual, society, collective identity, sublimation, pleasure, instinct.

Norbert Elias explica no seu livro que a civilização é continua e, portanto obedece a sociedade atual em que está inserido o indivíduo; em toda sua obra, O Processo Civilizatório, irá mostrar que o ser individual se reprime para dar lugar e corresponder o que a sociedade entende como certa para aquele determinado momento, portanto, não é o indivíduo no seu individualismo que influência no processo de civilizador e sim a sociedade que impõem. Na introdução ele vai descrever o que é “civilização”:

“refere-se a uma grande variedade de fatos – ao nível da tecnologia, ao tipo de maneiras, ao desenvolvimento dos conhecimentos científicos, às idéias religiosas e aos costumes. Pode se referir ao tipo de habitações ou à maneira como homens e mulheres vivem juntos, à forma de punição determinada pelo sistema judiciário ou ao modo como são preparados os alimentos. Rigorosamente falando, nada há que não possa ser feito de forma ‘civilizada’ ou ‘incivilizada’. (p.23 ELIAS, Norbert. – O Processo Civilizador)

Fica claro que todas essas modificações, invenções e mudanças do dia a dia, altera o modo de pensar da sociedade e o que em um momento era civilizado, após algum tempo deixa de ser, ou seja, são as transformações que ocorrem na sociedade e até mesmo na natureza que irão determinar o protótipo do que é ser civilizado; é por isso que o espaço em que está inserido o indivíduo é de suma importância para essa definição.

Nota-se que se estabelece o critério de “utilidade” social, ou seja, se a mudança traz algum tipo de benefício para coletividade, com certeza será absorvida por esta.

É assim que Jean-Claude Schimitt, nos revela na sua obra, “A História dos Marginais”, ele vai explicar: “que benefício material a coletividade espera dos agentes sociais e, nesse sentido, sua ‘utilidade’ favorece a integração dos comerciantes, dos usurários, dos tecelões, no mesmo momento em que permite a rejeição dos ociosos fisicamente aptos para trabalharem com as próprias mãos”.

Portanto, os comerciantes que em um primeiro momento eram considerados com grande suspeita, passaram a desfrutar de uma melhor reputação na medida da sua importância econômica e social e seus protagonistas começam a representar um papel essencial na definição das normas de toda a sociedade, portanto é o “jogo de interesse” (grifo meu) que está nesse momento em jogo.

Quando Norbert Elias aborda as diferenças do conceito francês e inglês de civilização com o conceito alemão, o que para esta que emprega a palavra Kultur alude basicamente a fatos intelectuais, artísticos e religiosos e apresenta a tendência de traçar uma nítida linha divisória entre fatos deste tipo, por um lado, e fatos políticos, econômicos e sociais, por outro. Por outro lado, o conceito francês e inglês de civilização pode se referir a realizações, mas também a atitudes ou ‘comportamento’ de pessoas, pouco importando se realizaram ou não alguma coisa; assim percebemos que está mais presente no cotidiano.

O conceito alemão de Kultur atenta para as diferenças nacionais e à identidade particular de grupos. O conceito neste caso adquiri em campos como a pesquisa etnológica e antropológica, uma significação muito além da área lingüística alemã e da situação em que se originou o conceito. Para o alemão o conceito de Kultur reflete a consciência de si mesmo de uma nação que teve de buscar e constituir incessante e novamente suas fronteiras, tanto no sentido político como espiritual, e repetidas vezes perguntar a si mesma: “Qual é, realmente nossa identidade?

Segundo Marilena Chauí (2001), cada um de nós experimenta no cotidiano a forte presença de uma representação homogênea. Essa representação permite, em certos momentos, crer na unidade, na identidade e na indivisibilidade da nação e, em outros momentos, concebe a divisão social e a divisão política sob a forma dos amigos da nação e dos inimigos a combater; combate que engendrará ou conservará a unidade, a identidade e a indivisibilidade nacionais. A representação é suficientemente forte e fluída para receber essas alterações que não tocam em seu fundo.

Lembramos que a Alemanha na idade média ainda não representava um Estado Nacional unificado como conhecemos hoje, só ocorrendo no final do XIX. O conceito germânico de kultur ganhou vida nova em 1919, e nos anos precedentes, pois foi nesse momento que se travou uma guerra contra a Alemanha em nome da “civilização”, depois necessitou esse povo de redefinir sua auto-imagem, não esquecendo a herança que lhe restou com o tratado de Versalhes.

Norbert Elias vai explicar que a sociedade alemã na idade média procura o controle dos sentimentos individuais pela razão, esta uma necessidade vital para todos os cortesãos; o comportamento reservado e a eliminação de todas as expressões plebéias, sinal específico de uma fase particular na rota para a “civilização”, ou seja, tem que ser imposta de cima para baixo. Portanto, mostra o que um cortesão deveria ser, ou seja, privado dos seus sentimentos, pois poderiam ser consideradas atitudes vulgares.

Ainda que todos que viveram sob o modelo desta sociedade, ou melhor, desta situação social, tiveram seu gosto conformado ao mesmo padrão, assim, aparece a figura do coletivo sobre a figura do indivíduo.

A classe dominante é a que tem voz ativa, os papéis representados por essa classe que detêm o poder, o dinheiro e a cultura prevalecem sobre os demais cidadãos.

Estas atitudes que o indivíduo se alinha para corresponder com a sociedade que está inserida é o que Freud vai explicar como a sublimação do instinto, ou seja, constitui uma vicissitude que foi imposta aos instintos de forma total pela civilização.

Seria a perda de um “sentido de si”, ou seja, é a descentração do sujeito. O vínculo com a estratificação social é muito clara no juízo estético.

Norbert Elias vai traçar as diferenças que ocorreram em França e na Alemanha do período estudado (transição da idade média para a idade moderna), onde em França não tinha resistência em admitir o novo. Portanto, os homens notáveis que emergiam de círculos da classe média eram recebidos e assimilados sem maiores dificuldades pela grande sociedade de corte de Paris, é o caso de Voltaire e Diderot .

Ao passo que na Alemanha, os filhos da classe média que possuíam talento e inteligência não lhes eram permitido o acesso à vida cortesã-aristocrática, neste país o preconceito entre as classes sociais era o que prevalecia.

Na Alemanha, os nobres ao tomar a atitude de isolamento se utilizavam de sua ancestralidade como instrumento mais importante para lhes preservar a existência social privilegiada. Por outro lado, bloqueava a classe média alemã, ou seja, a burguesia, esta só tinha a saída para ascensão social ao casar-se com membros da nobreza, portanto, eram recebidos pela aristocracia através do dinheiro.

Esta é uma forma pela qual a aristocracia alemã queria manter o status-quo . O pensamento dessa aristocracia sobrepõe-se aos demais membros da sociedade.

Portanto, as realidades de cada sociedade têm suas peculiaridades, e essas realidades é o que vai determinar a organização desta sociedade dentro de uma determinada época.

Norbert Elias vai chamar a atenção que esse isolamento da nobreza alemã com a classe média dificultou a formação de uma sociedade unificada, central, que estabelecesse um modelo, diferente de outros países que os levou para o caminho da nacionalidade, surgindo e erguendo uma língua própria, um estilo de arte, maneiras de comportamento similares.

O que nos faz entender que à aproximação dos diversos segmentos de uma sociedade determinam a forma de comportamento desta sociedade.

Essas denúncias de discriminação implícita da Aristocracia alemã com a burguesia são denunciadas pela literatura, principalmente, na passagem da idade moderna para idade contemporânea.

Uma carta de Goethe para Eckermann em 1827 identifica a importância da aproximação e relacionamento de intelectuais quando ele escreve: “sinto o que isto significa quando homens como Alexander Von Humboldt passam por aqui e fazem com que meus estudos progridam mais num único dia do que se eu tivesse viajado um ano inteiro em meu caminho solitário.” Na mesma carta ele continua:

“Mas agora imagine uma cidade como Paris, onde as mentes mais notáveis de todo o reino estão reunidas num único lugar, e em seu intercâmbio, competição e rivalidade diárias eles se ensinam e se estimulam a prosseguir, onde o melhor de todas as esferas da natureza e da arte de toda a superfície da terra pode ser visto em todas as ocasiões.”


Goethe com referência a Mérimée : “Na Alemanha não podemos ter esperança de produzir obra tão madura em idade tão jovem. Isto não é culpa dos indivíduos, mas do estado cultural da nação e da grande dificuldade que todos experimentamos em, sozinhos, abrir caminho”

A conversa citada acima mostra como a fragmentação política da Alemanha se ligou a uma estrutura bem específica, tanto da classe intelectual quanto de seu comportamento social e maneira de pensar.

Essas diferenças para Norbert Elias, ou seja, do isolamento e solidão relativa por parte da classe média alemã é que vai retardar os mecanismos de progresso social, pois na França os jovens vivem em um ambiente de rica e estimulante intelectualidade, ao passo que na Alemanha não se pode dizer o mesmo.

Norbert Elias irá destacar a importância da Revolução Francesa (1789), onde à partir dela a idéia da aristocracia cortesã alemã recua, e a idéia da França e das potências ocidentais em geral passa ao primeiro plano no conceito de “civilização” e idéias semelhantes.

Portanto é nesse período que os conceitos de “civilizado” e “civilização” estão concretamente ligados ao modelo francês.

Tamanho é o modo superficial do cortês alemão para com a classe média nesse período, que se inicia o olhar para o que é honestidade e sinceridade, onde para à classe média é atribuída essas características, em contra partida à cortesia são lhes atribuída a dissimulação a mentira e a frieza.

Norbert Elias lembra que as unidades sociais que chamamos nações têm diferenças com a personalidade de seus membros, pois a vida emocional do indivíduo é moldada sob pressão da tradição institucionalizada e da situação vigente.

Podemos notar a complexidade do mundo moderno e a consciência de que este ser interior do indivíduo não era autônomo, mas era formado na relação com outras pessoas, quanto mais importantes estas pessoas para ele, estaria disposto a corresponder, ou seja, era o mediador de seus valores, sentidos e símbolos – a cultura – dos mundos que ele habitava.

Seria, portanto a concepção sociológica clássica, assim, a identidade é formada na interação entre o eu e a sociedade, mesmo a contragosto, devemos harmonizar-nos com os demais.

“As convenções de estilo, as formas de intercâmbio social, o controle das emoções, a estima pela cortesia, a importância da boa fala e da conversa, a eloqüência da linguagem e muito mais – tudo isto é inicialmente formado na França dentro da sociedade de corte, e depois, gradualmente, passa de caráter social para nacional.” (p.52 – ELIAS, Norbert. – O Processo Civilizador)


Nota-se que tanto os escritores alemães como franceses, adotam, a princípio, o modelo da corte como sinônimo de civilização, porém, enquanto os alemães forjam conceitos que divergem frontalmente dos modelos da classe alta, e desta maneira lutam em território politicamente neutro todas as batalhas que não podem travar no plano político e social porque as instituições lhes negam, em seus livros, vão de encontro às características humanas da classe alta e demonstram seus próprios novos ideais modernos de comportamento. Por outro lado os escritores franceses sugerem a não oposição radical como faz a intelingentisita burguesa alemã. Sendo assim, escolhem modelos de corte a fim de desenvolvê-los e transformá-los.


O autor vai dizer que na França do século XVIII está ocorrendo grandes transformações, assim, a sociedade e a economia têm leis próprias que resistem à interferência irracional de governantes e da força. Como resultado, deve ser formado uma administração esclarecida, que governe de acordo com as “Leis Naturais” dos processos sociais e, destarte, de acordo com a razão.

Assim é que a racionalidade inaugura o pensamento ilustrado. Portanto, o termo Civilization, era reflexo dessas idéias reformistas. A partir daí tem-se a compreensão de que o governo não pode baixar decretos a revelia, ou seja, agora enfrenta resistência de forças sociais anônimas.

Lembramos que a Revolução Francesa, tem como principal protagonista a burguesia, portanto, o objetivo de criar uma idéia de nação, civilização, identidade e cultura, é para satisfazer essa burguesia.

No final do século XVIII, os homens esclarecidos começam a dar ênfase ao aprimoramento das instituições da educação e da lei, onde só será possível o caminho do progresso social pelo aumento dos conhecimentos. E será alcançado através de homens esclarecidos, que indicará qual o caminho para a civilization.

Esses homens esclarecidos diziam que a civilização não é apenas um estado, mas um processo que deve prosseguir.

A idéia de Civilização é um tipo mais elevado de sociedade: a idéia de um padrão de moral e costumes, isto é, tato social, consideração pelo próximo, e numerosos complexos semelhantes. Norbert Elias comenta que nesse período encontrava-se nas mãos da classe média em ascensão, a idéia sobre o que é necessário para tornar uma civilizada sociedade.

“O processo de civilização do Estado, a Constituição, a educação e, por conseguinte, os segmentos mais numerosos da população, a eliminação de tudo o que era ainda bárbaro ou irracional nas condições vigentes, fossem as penalidades legais, as restrições de classe à burguesia ou as barreiras que impediam o desenvolvimento do comércio – este processo civilizador devia seguir-se ao refinamento de maneiras e à pacificação interna do país pelos reis.” (p.62 – ELIAS, Norbert. – O Processo Civilizador)


Por fim, Norbert Elias conclui que a Revolução burguesa na França, embora destruindo a velha estrutura política, não subverteu a unidade dos costumes tradicionais, ou seja, devido ao contato da burguesia francesa com a tradição de corte e graças ao estreito contato entre círculos aristocráticos e de classe média, permaneceu as maneiras cortesãs, o olhar que prevalecia era da classe dominante, a nação é para a burguesia.

No caminho contrário identificamos a Alemanha, pelo fato da intelligentsia alemã de classe média, ser impotente politicamente, criou uma tradição própria puramente burguesa, distanciando completamente da tradição da aristocracia de corte e de seus modelos.

É nesse viés que se iniciou a formulação do que é ser civilizado, ou seja, o mundo Europeu acabou criando uma forma de comportamento que entendeu como civilizado, assim, passou a tomar consciência de sua própria superioridade.

Encontrou nesse momento a justificativa dessa “civilização”, para servir às nações que se tornaram conquistadoras de colônias e, por conseguinte, um tipo de classe superior para grandes segmentos do mundo não-europeu, como justificativa de seu domínio, no mesmo grau em que antes os ancestrais do conceito de civilização, politesse e civilité, serviram de justificação à aristocracia de corte. O que hoje identificamos como olhar eurocêntrico, ou seja, a superioridade que prevaleceu por muitos anos para com os países não-europeu.

Portanto, se utilizarmos o conceito de cultura nesse momento, ou seja, o conceito de cultura do senso comum, cometeremos o erro de distinguir numa sociedade aqueles que receberam uma educação mais refinada e, não obstante, as pessoas que não receberam essa educação seriam colocadas à margem da sociedade.

No Capítulo I, do Processo Civilizador de Norbert Elias, o desenvolvimento do conceito de civilité, ele irá comentar sobre o tratado de Erasmo de Rotterdam , onde podemos identificar muita coisa que na medida em que o tempo passa, essas mesmas coisas começam a nos trazer estranheza. No entanto, se observarmos de forma mais atenta, algumas atitudes do passado podem nos parecer familiar para os nossos dias.

Um dos exemplos que nos trás estranheza na nossa atual “civilização” encontra-se em uma observação de Erasmo: “Não exponha sem necessidade ‘as partes a que a Natureza conferiu pudor’. Alguns recomendam, diz ele, que os meninos devem ‘reter os ventos, comprimindo a barriga. Mas dessa maneira pode-se contrair uma doença’. E em outro trecho: ‘Os tolos que valorizam mais a civilidade do que a saúde reprime sons naturais’. Não tenha receio de vomitar, se a isto obrigado, ‘pois não é vomitar mas reter o vômito na garganta que é torpe’.”

Observando as palavras de Erasmo em seu tratado de comportamento, fica claro que o que entendemos como “civilizado” e “incivil” não constitui uma antítese do tipo existente entre o “bem” e “mal”, mas representam, sim, fases em um desenvolvimento que, além do mais, ainda continua.

Portanto, o que hoje possa nos deixar embaraçado quando analisamos esse tipo de comportamento de nossos ancestrais, é provável que nosso atual estágio de civilização, nosso comportamento, venha despertar em nossos descendentes os mesmos embaraços que acabamos de julgar como incivil.

Norbert Elias vai dizer que na Idade Moderna ocorre a tendência cada vez maior das pessoas a se observarem e aos demais é um dos sinais de que toda a questão do comportamento estava, nessa ocasião, assumindo um novo caráter: as pessoas se moldavam às outras com mais freqüência do que na Idade Média. Lembramos que isso é muito próximo da sociedade atual.

Para esse tipo de fiscalização que ocorreu na transição baixa idade média para idade moderna tem uma explicação, pois é nesse momento que a situação começa a ser modificada. Aumenta a coação exercida por uma pessoa sobre a outra e a exigência de “bom comportamento” é colocada mais enfaticamente.

As pessoa são forçadas a viver de uma nova maneira em sociedade, assim tornam-se mais sensíveis à pressões das outras.

A pressão sobre o bom comportamento é cada vez maior é o que relata Norbert Elias quando de uma passagem onde um bispo recebe um duque e observa em seu visitante uma única falta. Porém, nada diz, no entanto quando da partida do duque, o bispo determina que um homem de sua corte, Galateo, que o acompanhe.

“Este Galateo, em conseqüência, acompanha o duque Ricardo durante parte do caminho e lhe diz antes de se despedir: Seu senhor, o bispo, gostaria de dar ao duque um presente de despedida. O bispo nunca, em toda sua vida, vira um nobre com maneiras mais refinadas que o duque. Descobrira nele uma única falta – estala os lábios alto demais quando come, produzindo um ruído desagradável para os demais. Informá-lo desta restrição é o presente de despedida do bispo, que ele implora não seja mal recebido.” (p. 93 – ELIAS, Norbert. – O Processo Civilizador)


Fica claro nessa passagem que uma maneira de corrigir exercida por um superior, é a forma mais forte de controle social. Assim, o controle social torna-se mais imperativo. E, acima de tudo, lentamente muda a natureza e o mecanismo do controle de emoções.

Outro fato que o autor explica é que na medida do passar dos anos, outras maneiras de comportamento irão surgindo, ou seja, o que era usual no século XIX, não corresponde com a realidade dos dias atuais, assim, o aceito como natural são as regras recentes, sendo o que o precedera considerado como “bárbaros”.

Essas mudanças não são realizadas do dia para noite, mas foi desenvolvido aos poucos em conjunto com a estrutura e mudanças nas relações humanas.

A partir do século XVIII, a civilidade ganha um novo alicerce religioso e cristão. A igreja revela-se como tantas vezes ocorreu, um dos mais importantes órgãos da difusão de estilos de comportamento pelos estratos mais baixo.

Lembramos que boa parte da educação na França estava nas mãos de organismos eclesiásticos, portanto, a difusão de boas maneiras foi mediada pela Igreja e muitas regras foram impostas por essa instituição, ou seja, um montante de civilidade inundou o país, posteriormente espalhando-se por toda a Europa.

“o sistema doutrinas e promessas que, por um lado, lhe explicam os enigmas deste mundo com perfeição invejável, e que, por outro, lhe garantem que uma Providência cuidadosa velará por sua vida e o compensará, numa existência futura, de quaisquer frustrações que tenha experimentado aqui. O homem comum só pode imaginar essa Providência sob a figura de um pai ilimitadamente engrandecido.” (p. 8 – FREUD – O Mal Estar na Civilização)


Outra observação que devemos atentar é:

“Mas é evidente que a estrutura e o desenvolvimento da sociedade francesa como um todo fazem com que estratos cada vez mais amplos se mostrem desejosos, e mesmo sequiosos, de adotar os modelos desenvolvidos em uma classe mais alta: eles se difundem, também com grande lentidão, por toda a sociedade, e certamente não sem passarem nesse processo por algumas modificações. A transmissão dos modelos de uma unidade social a outra, ora do centro de uma sociedade para seus postos fronteiriços (como, por exemplo, da corte parisiense para outras cortes), ora na mesma unidade político – social como, por exemplo, na França ou Saxônia, de cima para baixo ou de baixo para cima), deve ser considerado, em todo o processo civilizador, como um dos mais importantes dos movimentos individuais.” (p. 116 – ELIAS, Norbert. – O Processo Civilizador)


As maneiras de falar também são as junções das ações burguesas e aristocráticas, ou seja, ocorre uma espécie de movimento em duplo sentido: a burguesia é “acortesada” e, a aristocracia, “aburguesada”. Portanto, a burguesia é influenciada pelo comportamento da corte e de igual modo o inverso.

Com relação à fala, observamos que a maioria das vezes é imposta de cima para baixo, ou seja, frase, palavras e nuanças são corretas porque eles, os membros da elite social, as usam. E são incorretas porque inferiores sociais as usam.

Notamos que o processo civilizador consiste em uma classe fornecer modelos para outras classes, e no momento em que estes modelos sejam difundidos e aceitos por elas já pressupõe uma situação social e uma estrutura especial de sociedade como um todo, portanto uma cria os modelos e a outra tem a função de difundi-los e assimilá-los. O Costume de comer carne: “A relação com o consumo de carne oscila no mundo medieval entre os dois pólos seguintes: Por um lado, na classe alta secular o consumo de carne é muito alto, se comparado com o padrão de nossos tempos. Prevalece a tendência de devorar quantidades de carne que nos parecem fantásticas. Por outro, nos mosteiros predomina a abstenção ascética de toda carne, abstenção esta que resulta de auto-renúncia e não de carência e é amiúde acompanhada de radical depreciação ou restrição à ingestão de alimentos. Desses círculos partem manifestações de forte aversão à “glutonaria” de leitos da classe alta. (p. 125 ELIAS, Norbert. – O Processo Civilizador) O autor com a passagem acima quer explicar que era comum na época medieval colocar o animal inteiro na mesa, devido à fartura do alimento e o grande consumo pelas partes abastardas. O que não pode dizer o mesmo da classe baixa, os camponeses, pois para estes o consumo com freqüência era muito limitado devido a escassez.

Mais adiante, no livro de Norbert Elias, ele comenta sobre o uso da faca à mesa que foi perdendo suas restrições aos poucos, sendo que em um momento era vista como perigosa posta à mesa; depois, principalmente após a primeira Guerra Mundial, alguns tabus foram se desfazendo com relação a sua utilização, tendo em vista que os tempos de paz haviam dado lugar para a Guerra.

Nas trincheiras, oficiais e soldados, quando necessário, comiam usando facas e mãos. Assim, o emprego do símbolo ameaçador que outrora é identificada a faca, já não é vista desta forma.

Norbert Elias chama atenção que esse exemplo acima não corresponde com outras culturas, para isso ele dá o exemplo da China:

“Não podemos evitar comparar a direção dessa curva de civilização com o costume há muito praticado na China. Neste país, como se sabe, a faca desapareceu há muitos séculos como utensílio de mesa. Para muitos chineses, é inteiramente incivil a maneira como os europeus comem. ‘Os europeus são bárbaros’, dizem eles, ‘eles comem com espadas. Podemos supor que este costume está ligado ao fato de que desde há muito tempo a classe alta que criava os modelos na China, não foi guerreira, mas uma classe pacífica em altíssimo grau, uma sociedade de funcionários públicos eruditos. (p. 132 – ELIAS, Norbert. – O Processo Civilizador)


Outra conclusão que Norbert Elias nos oferece é que as maneiras de utilizar a faca, o garfo e outros utensílios, continuam em constante processo de formação. O novo padrão não surge da noite para o dia. Algumas formas de comportamento são proibidas não porque sejam anti-higiênicas, mas porque são feias à vista e geram associações desagradáveis.

Portanto, o padrão social a que o indivíduo fora inicialmente obrigado a se conformar por restrição externa é finalmente reproduzido, mais suavemente ou menos no seu íntimo através de um autocontrole que opera mesmo contra seus desejos conscientes.

É o que Freud vai dizer: o superego, que proíbe ao indivíduo comer de outra forma que não com garfo e a faca.

Outra coisa interessante é analisarmos sobre à exposição do corpo.

“Inicialmente, torna-se uma infração repugnante mostrar-se de qualquer maneira diante de pessoas de categoria mais alta ou igual. Mas, no caso de inferiores, a semi-nudez ou mesmo a nudez pode até ser sinal de benevolência. Porém, depois, se torna mal vista em qualquer caso. A referência social à vergonha e ao embaraço desaparece cada vez mais da consciência.” (p.144 – ELIAS, Norbert. – O Processo Civilizador)


O que podemos compreender com esse tipo de atitude é que quanto mais as pessoas vão se relacionando socialmente, vão aparecendo mais restrições de comportamentos e regras a seguirem. Portanto, fica claro que é a sociedade como um todo, ou seja, todo o conjunto de seres humanos passam a exerce pressão sobre a nova geração.

Novamente, se analisarmos nosso atual estágio, podemos perceber esse tipo de fiscalização, ou seja, qualquer atitude, gesto, o modo de se vestir, maneira de se expressar e falar, por fim, o que não é usual e consequentemente não acompanha a “moda”, nos traz estranhamento, por muitas vezes até discriminação para com o outro.

Norbert Elias irá abordar o controle do prazer, do impulso e do instinto, quando ele diz:

“A sociedade está, aos poucos, começando a suprimir o componente de prazer positivo de certas funções mediante o engendramento da ansiedade ou, mais exatamente, está tornando esse prazer ‘privado’ e ‘secreto’ (isto é, reprimindo-o no indivíduo), enquanto fomenta emoções negativamente carregadas – desagrado, repugnância, nojo – como os únicos sentimentos aceitáveis de muitos impulsos, pela sua ‘repressão’ na superfície da vida social e na consciência do indivíduo, necessariamente aumenta a distância entre a estrutura da personalidade e o comportamento de adultos e crianças.” (p.147 – ELIAS, Norbert. – O Processo Civilizador)


Nota-se que impulsos ou inclinações socialmente indesejáveis são reprimidos com mais rigor.

“Grande parte do que chamamos de razões de ‘moralidade’ ou ‘moral’ preenche as mesmas funções que as razões de ‘higiene’ ou ‘higiênicas’: condicionar as crianças a aceitar determinado padrão social. A modelagem por esses meios, objetiva a tornar automático o comportamento socialmente desejável, uma questão de autocontrole, fazendo com que o mesmo pareça à mente do indivíduo resultar de seu livre arbítrio e ser de interesse de sua própria saúde ou dignidade humana. (p. 153 – ELIAS – O Processo Civilizador)


Norbert Elias vai chamar atenção para o fato de que nesse momento inicia-se uma indicação dos mecanismos de repressão por uma parte da sociedade sobre outra. O que conhecemos nos dias de hoje e expressamos na frase: “faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço”.

“A diferença entre o que é esperado de cavaleiros e senhores, por um lado, e dos donizelli, pajens, ou criados, por outro, lembra-nos um fenômeno social bem documentado. Os senhores julgam desagradável a vista das funções corporais de seus servidores: obrigam-nos, os inferiores sociais em seu ambiente imediato, a controlar e restringir essas funções, isto de uma maneira que, no início, não impõem a si mesmo.” (p. 154 – ELIAS, Norbert. – O Processo Civilizador)


Lembremos que nesse período, final do XVIII, trata-se da época do absolutismo, onde a classe superior, a aristocracia como um todo, tornou-se com os graus inerentes à hierarquia, uma classe subserviente e socialmente dependente.

Essas atitudes além de expressar um grau de compulsão e renúncia, também se transformam imediatamente em arma contra os inferiores sociais, em uma maneira de separar.

Podemos comparar a sociedade aristocrática da corte com as sociedades burguesas dos séculos XIX e XX, ou seja, as classes superiores são socialmente controladas em escala particularmente alta.

Norbert Elias lembra que a motivação fundada na consideração social surge muito antes da motivação por conhecimento científico.

Cabe destacar que nos tempos de Erasmo circulou um livro destinado para criança no qual o assunto, entre outros, era abordado a prostituição. Nesses tempos era considerado como natural que as crianças soubessem da existência das casas de prostituição.

Hoje, em nosso estágio de civilização parece imoral até mesmo reconhecer em um livro escolar a existência desses estabelecimentos. O que vem a demonstrar que esses enclaves mesmo na sociedade dos séculos XIX, XX e por que não XXI, ainda estão presentes, ou seja, mais uma vez a ‘conspiração do silêncio’ como discurso social impera.

Devemos lembrar que as prostitutas exerciam um papel na sociedade, esta posição era baixa e desprezada, mas inteiramente pública e não encerrada em sigilo.

Muitas autoridades da época ofereciam os serviços das prostitutas para outros profissionais que visitavam a sua cidade, se reportamos para nossos dias será que existe alguma coisa diferente?

“As virtudes do passado são os vícios de hoje. A ordem moral tem de se harmonizar com as necessidades morais da vida real, no tempo, aqui e agora.” (p. 13 – CAMPBELL - O Mito e o Mundo Moderno)


Porém nos séculos XIX e XX, surgem os padrões específico de vergonha sobre o sexo. Nesse período, à vida sexual foi escondido ao máximo e removido para o fundo da cena.

“O julgamento de fases posteriores é com freqüência induzido em erro porque os padrões, da pessoa que julga e da aristocracia de corte, são considerados como absolutos e não como opostos inseparáveis, e também porque o padrão próprio é utilizado como medida de todos os demais.” (p. 178 – ELIAS, Norbert. – O Processo o Civilizador)


É só quando cresce a distância entre adultos e crianças é que o ‘esclarecimento de questões sexuais’ se torna um ‘problema agudo’, pois não devemos esquecer que naquela época a criança era considerada um adulto anão, ou seja, não existia a noção de criança como temos hoje.

No exemplo acima temos diariamente nos jornais quando um docente resolve aplicar um livro para o ensino fundamental ou médio, no qual se aborda o tema sexo, muitos pais não aceitam, ou seja, permanecem os tabus em pleno século XXI.

O que acontecia no século XIX e início do XX era o comportamento que se conforma ao padrão social, daí passar sentimentos de vergonha, medo, embaraço e culpa. É o que podemos chamar de repressões sociogenéticas.

Não foi diferente com relação ao casamento, existia a idéia de liberar o homem, depois a mulher – sociedade aristocrática/corte, porém exige o controle de si, a própria pessoa tinha que se condicionar e vigiar-se.

No século XIX com maior autonomia e ascensão da burguesia, volta-se o aumento da reserva e do autocontrole que o indivíduo então se impõe com relação a vida sexual.

Talvez possamos explicar o que é comum até hoje em nosso estágio de civilização, onde a infidelidade masculina não é tão reprimida em comparação com a infidelidade feminina, esta por sua vez não é aceita na sociedade ocidental, ou pelo menos é vista de forma discriminada, e o que dirá na sociedade oriental.

Após a leitura do livro de Norbert Elias e do livro de Freud; o “Mal Estar da Civilização”, outros textos de apoio, bem como o que foi discutido em sala de aula concluí que:

CONSIDERAÇÕES FINAIS


Com o avanço da civilização a vida dos seres humanos fica cada vez mais dividida entre uma esfera íntima e uma pública, entre comportamento secreto e público.

As proibições apoiadas em sanções sociais reproduzidas no indivíduo como formas de autocontrole.

Esses conflitos entre impulsos, tabus, proibições, negação do prazer, vergonha e medo, entram em luta no interior do indivíduo.

Freud tenta descrever essa situação através de conceitos como “superego” e “inconsciente” ou, como mais usual na fala diária, como “subconsciente”.

Ao mesmo tempo, permite-nos ver com grande clareza um aspecto dessa mudança: grande parte do que antes despertava prazer hoje provoca nojo.

“O homem sem restrições é um fantasma. Reconhecidamente, a natureza, a força, o detalhamento de proibições, controles e dependências mudam de centenas de maneiras e, com elas, a tensão e o equilíbrio das emoções e, de idêntica maneira, o grau e tipo de satisfação que o indivíduo procura e consegue. (p. 211 – ELIAS, Norbert. – O Processo Civilizador)


Com o passar do tempo surge uma nova autodisciplina, uma reserva incomparavelmente mais forte, que é imposta às pessoas pelo novo espaço social e os novos laços de interdependência.

Devemos seguir regras de etiqueta, padrão de comportamento, controlar emoções, representar como se estivemos em um palco durante uma peça teatral.

A história nos remete ao passado e ao presente, por isso a civilização deve ser cada vez mais dinâmica para acompanhar as transformações, assim se faz necessário nos adaptarmos no espaço e no tempo para não ficarmos deslocados e, por que não dizer, ultrapassados na visão de nossos descendentes.

Portanto, o que deve ser compreendido é o que muda e o que permanece estável dentro de uma tradição, e o porquê desses processos.

Por fim, fica claro que o homem necessita em viver em sociedade, para que as transformações ocorram e seu desenvolvimento seja sempre contínuo, ou seja, por mais controle e sublimação que exista, o ser humano mantêm uma razão para sua existência, pois tem como objetivo a ordenação social.

Assim, o homem necessita do intercâmbio, da competição e rivalidade diária, como Goethe observava, o relacionamento estimula a prosseguir. A concorrência e a fiscalização de um para com outro faz parte do dia a dia.

Como diz Hannah Arendt sobre a condição humana:

“A condição humana compreende algo mais que as condições nas quais a ávida foi dada ao homem. Os homens são seres condicionados: tudo aquilo com o qual eles entram em contato torna-se imediatamente uma condição de sua existência. O mundo no qual transcorre a vita activa consiste em coisas produzidas pelas atividades humanas; mas, constantemente, as coisas que devem sua existência exclusivamente aos homens também condicionam os seus autores humanos. Além das condições nas quais a vida é dada ao homem na Terra e, até certo ponto, a partir delas, os homens constantemente criam as suas próprias condições que, a despeito de sua variabilidade e sua origem humana, possuem a mesma força condicionante das coisas naturais. O que quer que toque a vida humana ou entre em duradoura relação com ela, assume imediatamente o caráter de condição da existência humana. É por isto que os homens, independentemente do que façam, são sempre seres condicionados. Tudo o que espontaneamente adentra o mundo humano, ou para ele é trazido pelo esforço humano, torna-se parte da condição humana. O impacto da realidade do mundo sobre a existência humana é sentido e recebido como força condicionante.” (p.17 – ARENDT, Hannah. – A Condição Humana)

Por outro lado o que precisa ficar claro é a questão da alteridade, ou seja, o ser humano precisa saber lidar com o diferente, sem preconceito de cor, raça e credo.

“Cada sistema cultural está sempre em mudança. Entender esta dinâmica é importante para atenuar o choque entre as gerações e evitar comportamentos preconceituosos. Da mesma forma que é fundamental para a humanidade a compreensão das diferenças entre povos de culturas diferentes, é necessário saber entender as diferenças que ocorrem dentro do mesmo sistema.” (p. 101 – LARAIA, 2006)


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


FREUD, Sigmundo – O Mal estar na Civilização – Texto copiado integralmente da edição eletrônica das obras de Freud, versão 2.0 por TupyKurumin.


ELIAS, Norbert. O Processo civilizador / Norbert Elias; tradução, Ruy Jungmann; revisão e apresentação, Renato Janine Ribeiro – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994. 2v.


CHAUI, Marilena. Brasil: Mito Fundador e Sociedade Autoritária. ARENDT, Hannah. A Condição Humana. São Paulo: Editora Forense Universitária.


LARAIA, Roque de Barros. Cultura – um conceito antropológico. Jorge Zahar. 2006, 19ª Ed.


SCHMITT, Jean Claude. A História dos marginais.


CAMPBELL, Joseph. O Mito e o Mundo Moderno.

Nenhum comentário:

Postar um comentário