A
designação de Antigo Regime foi utilizada inicialmente para as formas de vida e
governo da França anteriores à revolução de 1789. Na atualidade, de forma menos
rigorosa, aplica-se essa expressão a outros países europeus com características
próximas às da França daquele momento histórico. Grosso modo, seus elementos
eram o absolutismo, a sociedade estamental, as práticas mercantilistas e o
colonialismo.
Sociedade durante o Antigo Regime na França.
Imagem do Rei Luis XIV da França - símbolo do absolutismo.
Apesar
das incertezas com relação aos números, estima-se que a população europeia
tenha saltado dos 100 milhões, em 1650, para 187 milhões, em 1750. O meio rural
e as atividades agrícolas absorviam aproximadamente 85% da população. Com
exceção dos Países Baixos, a urbanização não excedia aos 20% da população total
das regiões europeias. Cidades como Londres, Paris, Viena e Berlim apresentavam
uma população média que variava de 120 mil a 500 mil habitantes. A posse da
terra e o prestígio daí decorrente ainda marcavam o compasso da sociedade do
Antigo Regime.
No
século XVIII, apesar de todos os progressos econômicos, a sociedade permanecia
vinculada à divisão estamental do final da Idade Média. Nela, cada estado ou
estamento refletia uma função: o clero orava, a nobreza guerreava e o restante
da população (Terceiro Estado) se encarregava de manter os dois primeiros.
Todavia, essa estratificação por funções já havia perdido a maior parte de suas
justificativas. Também já não existia uma uniformidade econômica, social ou
política dentro dos estamentos.
Caricatura francesa representando a sociedade - população carregava o clero e a nobreza.
Ao
lado de um clero poderoso, composto por cardeais, bispos e outras altas funções
eclesiásticas, havia um clero humilde, de parcos recursos econômicos e formação
intelectual pobre. Era a estes últimos que cabia o contato com a maior parte da
população. A nobreza, de forma geral se tripartia. Um de seus segmentos era poderoso,
desempenhando cargos burocráticos junto à monarquia e recebendo pensões. Outro
se encontrava marginalizado dessas funções junto ao Estado, tendo de viver às
suas expensas. Um terceiro segmento nobiliárquico era constituído por burgueses
que compravam títulos.
Congregando
a maioria da população, o Terceiro Estado apresentava uma composição
extremamente complexa. Era encabeçado pela burguesia, que, a partir de diversas
atividades econômicas, se encontrava fracionada em distintas condições
jurídicas e políticas. Nas cidades, em função do desenvolvimento industrial,
crescia um proletariado geralmente vitimado pela saturação da oferta de
mão-de-obra e pelos baixos salários. Nos campos, aflorava a servidão legal (não
apenas econômica) na Europa oriental, enquanto a ocidental assistia ao fim de
seus últimos resquícios.
Fonte: História Geral - Hilário Franco Jr. e Ruy de O. Andrade Filho.
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