Nada é Definitivo!

"Como o nome do Blog diz, não existe uma única verdade, portanto, sempre temos que investigar tudo o que nos dizem sobre a história, para que possamos chegar mais próximos de uma verdade. Este blog é apenas um dos vários caminhos que existem, sejam bem vindos."

segunda-feira, 24 de março de 2014

Escolas de Filosofia - Parte 3


Os Escolásticos

Os escolásticos eram pensadores cristãos que tentaram entender e explicar as doutrinas cristãs à luza da antiga filosofia grega. Os pensadores cristãos que viveram nos primeiros séculos após o nascimento de Cristo eram conhecidos como “Pais da Igreja”. A escolástica dominou a filosofia ocidental por centenas de anos.

Santo Agostinho (354-430)

Procurou combinar sua fé cristã com a razão. Acreditava que compreender é uma recompensa pela fé, e que a alma humana mantinha latentes algumas verdades últimas e eternas. Agostinho dizia que Deus reside em um eterno presente, fora do tempo terrestre. Isso o levou à teoria de que “agora” é tudo o que realente existe. O passado é uma memória presente, e o futuro é uma expectativa do presente. Essa opinião lhe permitiu enfatizar que é mais importante o que as pessoas estão fazendo para Deus e não o que farão.
Santo Agostinho

São Tomás de Aquino

Elaborou cinco provas para demonstrar a existência de Deus.
São Tomás de Aquino

1 – a mudança está em toda parte, portanto algo deve causá-la (Deve ser Deus).
2 – as coisas acontecem, portanto deve haver uma causa. (Deus, que é a causa primeira, deve provocar o acontecimento das coisas).
3 – tudo na natureza é interdependente. (Como isso pode ser explicado sem concluirmos que há um Deus independente da natureza?)
4 – a pergunta da harmonia na natureza: por exemplo, que deu guelras aos peixes para que pudessem respirar na águia? (Apenas Deus poderia fazê-lo)
5 – são os graus de excelência que podem ser observados na natureza. (Isso envolve a noção de perfeição e portanto um ser perfeito: Deus).

Os Racionalistas

Os racionalistas consideram que as verdades sobre a realidade só podem ser revelados através da razão, e não pelo que os sentidos nos apresentam sobre o mundo.

Parmênides

Afirmou que o mundo material só poderia ser propriamente compreendido através do pensamento e da razão, e não através dos sentidos. Ele argumentou que o pensar e o ser (existir) são um e iguais, isto é, que é impossível pensar em uma coisa que não exista. Sua lógica era de que “nada” só se pode pensar se for o pensamento de “algo”. Portanto, “nada”, ou “não ser”, não é possível – só pode haver o “ser”. Parmênides argumenta que o tempo é uma ilusão. Ele disse que o passado e o futuro não existem, pois só podem ser pensados no presente.

Parmênides

Renê Descartes

Descartes pôs-se a descobri uma base firme  para seu sistema. Ele se deu conta de que tudo o que conhecia havia apreendido a partir de seu sentidos. Mas ele questionava se era sensato confiar em um conhecimento mentiroso. Como poderia confiar em seus sentidos quando, por exemplo, um remo parece dobrar-se na água? O método de Descartes era duvidar de tudo sistematicamente.Tudo o que restasse era o conhecimento seguro que ele poderia pensar, mesmo que estivesse apenas sonhando que estivesse pensando. Essa era a pedra fundamental para seu novo sistema de conhecimento. A primeira dedução a que chegou a partir de sua verdade inquestionável foi que, em virtude do pensamento, ele existia. Entretanto, acreditou estar em uma sinuca filosófica. Como poderia provar que o mundo exterior também existia? Como poderia confiar no que percebia sobre o mundo? A única solução era provar a existência de Deus – só então ele deduziu que seus sentidos, dados por Deus, mereciam confiança.

O alicerce do sistema racional de Descartes foi sua afirmação “Penso, logo existo”. Com ele Descartes identificou a mente como algo separado da matéria. Assim ficou conhecido como um filósofo “dualista”, isto é, para ele o mundo consistia de duas substâncias distintas: mente e matéria. A propriedade essencial da mente é a consciência, enquanto a propriedade essencial da matéria é a “extensão” no espaço, no qual tem comprimento, altura e profundidade. Em sua opinião, toda matéria, inclusive o corpo humano, não tem mente. Todas as coisas vivas são apenas matéria em movimento.

Os Empíricos

Empirismo é o oposto de racionalismo. Os empíricos acreditam que o verdadeiro conhecimento do mundo é obtido através dos sentidos, e não através da razão. Esses filósofos argumentam que temos ideias apenas porque temos percepções. Todo conhecimento é baseado na experiência.

John Locke
John Locke


Locke tentou demonstrar como as pessoas adquirem conhecimento. Ele descreveu os filósofos como “auxiliares” dos cientistas, porque uma das tarefas do filósofo era tirar os obstáculos do caminho que leva à obtenção do conhecimento.

Immanuel Kant
Immanuel Kant


Kant acreditou que poderia elaborar um caminho racional ara distinguir as ações boas das más. Ele argumentou que uma ação seria errada se o resultado de todos a praticando causasse um problema universal. Por exemplo, ele considerava errado mentir. Kant argumentou que se todos mentissem, ninguém poderia confiar na palavra de ninguém, e o resultado seria desastroso. Da mesma forma, uma ação é correta se sua prática generalizada traz benefícios para todos.

Os Pragmáticos

O pragmatismo é uma visão prática da filosófica. Os pragmáticos julgam a verdade de uma ideia em relação à sua utilidade na vida real, Esta escola foi o primeiro grande movimento filosófico originado na América do Norte.

John Dewey

John Dewey

O trabalho de Darwin fez John Dewey ver a consciência como parte da natureza, em vez de uma faculdade à parte. Dewey via a mente como uma ferramenta para resolver problemas, que se adapta continuamente ao meio ambiente da mesma forma que os seres desenvolvem diferentes características.

Ele acreditava que à medida que os organismos se tornam mais complexos, o mesmo acontece com sua capacidade de lidar com o meio. Em primeiro lugar há o comportamento instintivo. Depois, os hábitos se desenvolvem. Quanto estes deixam de lidar propriamente com as situações, o organismo desenvolve a habilidade de raciocinar, ou pensar no que fazer. Dewey sustentou que todos os pensamentos são apenas ideias para a ação. Dessa forma um organismo o adquire conhecimento sobre o mundo.

Os Fenomenologistas

A fenomenologia estuda como as coisas são apresentadas ou representadas. Os fenomenologistas tentam ir além da aparência, ou superfície sensível, para revelar a natureza da consciência em si.

Edmund Husserl
Edmund Husserl


Ele quis transformar a filosófica em uma ciência precisa. Acreditava que sem isso as ciências tradicionais não teriam uma base firme e nunca poderiam ter certeza do que estavam fazendo. A filosofia de Husserl começa com o que ele chamou de “ponto de vista natural”, o mundo cotidiano experimentado por cada indivíduo. Seu método é realiza uma “redução fenomenológica” dessa experiência. Isso leva a ignorar todas as suposições pessoais, filosóficas e até científicas previamente adquiridas sobre uma coisa e então examinar o que restou. O objetivo é revelar exatamente como a mente  funciona. Ele acreditava que é possível retroceder e realizar uma redução fenomenológica da consciência em si. Ele chamou essa consciência “pura”, que seria capaz de observar a consciência “cotidiana” trabalhando, de “ego transcendental”. Isso poderia ser o começo de todo o conhecimento.

Os existencialistas

Os existencialistas acreditam que não há ordem no universo e não há objetivos certos ou errados. Os indivíduos são livres para criar sua própria vida de acordo com as escolhas que fizerem, e deve ser responsáveis por suas ações.

Jean-Paul Sartre

Jean-Paul Sartre

Para Sartre, os verdadeiros existencialistas são pessoas “autênticas”, que encaram a realidade de frente e assumem o controle de sua vida. A habilidade de escolher e agir é a base da liberdade humana. Sartre rejeitou a ideia de uma autoridade externa, como Deus ou razão cósmica, para guiar as pessoas. Ele via isso como uma ilusão criada para confortar mentes desesperadas. Aceitar a responsabilidade pelas próprias escolhas pode trazer muita ansiedade ao momento de decisão. Para Sartre esse era o preço da liberdade.

Os Feministas

Os feministas acreditam que a sociedade está baseada em uma divisão desigual entre homens e mulheres. A “primeira onda” feminista se dedicou à igualdade entre os sexos. A “segunda onda” feminista se interessou mais pelo que é especial para as mulheres terem sua importância reconhecida e valorizada.

Mary Wollstonecraft (1759-1797)
Mary Wollstonecraft

Sua principal obra “Reivindicações dos direitos da mulher”, foi publicado em 1792 e clamava pela abolição das desigualdades entre homens e mulheres. Naquela época, as mulheres não podiam votar nem ter a propriedade de seus bens. Elas pertenciam a seus maridos Mary argumentou que a “mente não tem sexo”, portanto as mulheres deveriam ter direito à liberdade pessoal e econômica.

Simone de Beauvoir

Simone de Beauvoir

Sua obra “O segundo sexo” (1949), deu início à segunda onda feminista. O livro mostra como os homens são vistos como normais, e as mulheres, como o “outro” ou o “segundo” sexo. Simone considerou que essa visão sobre as mulheres domina todos os aspectos da sociedade e influencia como são tratadas e como tratam a si mesmas. Ela disse que “Ninguém nasce, mas se torna, uma mulher”. Simone quis expor a máscara masculina que a filosofia ocidental havia vestido ao longo dos séculos.

Os Pós-Modernos

O pós-modernismo é um movimento filosófico relativamente recente. Recebeu esse nome porque começou como uma reação contra a idade “moderna” da filosofia, iniciada com Descartes. Descartes abriu caminho para os sistemas  que pretendiam descobrir as verdades fixas e absolutas sobre o universo. A opinião dos pós-modernos é que a filosofia está zombando de si mesma. O pós-modernismo é uma escola aberta e existem diferentes opiniões sobre quais filósofos pertencem a ela.

Heráclito

Heráclito

Acreditava que a única coisa que permanece constante no universo é que tudo muda. Portanto, Heráclito foi o primeiro filósofo ocidental a sugerir que nunca podemos ter conhecimentos que durem para sempre.

Friedrich Nietzsche
Friedrich Nietzsche


Ele disse “O mundo aparente é o único mundo: o ‘mundo real’ é mera mentira”.
Nietzsche achava que as opiniões que temos sobre o mundo são apenas artifícios úteis para lidarmos com a vida. Entretanto, ele pensava que acreditar que toda ação tem uma causa leva à falsa crença em um eu superior. Ele disse: “Um pensamento vem quando ele quer, não quando eu quero”.

Michel Foucault
Michel Foucault

Foucault acreditava que nossa opinião sobre o passado muda de uma época para outra. O jeito como pensamos sobre a história nunca é neutro ou despreocupado. Foucault enfatizou o papel central que o poder exerce em nossa compreensão sobre o passado. O velho ditado “a história é escrita pelos vencedores” significa que os que estão no poder fazem ouvir apenas a sua versão sobre os acontecimentos. O trabalho de Foucault mostra que não há continuidade na história. As regras que estruturam a sociedade e governam a vida das pessoas estão em constante mudança. E aqueles que determinam as regras são os que detêm o poder.
Foucault se interessou pelo “micropoder”, o poder que opera em uma escala muito menor. Ele mostrou como as autoridades de prisões, escolas e hospitais exercem o poder sobre os “internos” por meio de um sistema de regras: os que desobedecem as regras são punidos.

Das investigações sobre o passado, Foucault obteve pouca esperança no futuro, dado que os avanços tecnológicos oferecem temíveis possibilidades de mal uso do poder.
Bibliografia: Filosofia para Jovens - Jeremy Weate - Editora Callis.

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