Oposição política e luta armada durante a Ditadura Militar.
As
restrições políticas impostas pelo governo militar desencadearam uma imensa
onda de protestos no país. Antigos aliados, descontentes com o endurecimento do
regime, juntavam-se à oposição. O ex-governador do estado da Guanabara, Carlos
Lacerda, inimigo histórico dos líderes trabalhistas e um dos principais
articuladores do golpe de 64, rompia com o governo militar e coordenava uma
Frente Ampla pela redemocratização, juntamente com o presidente deposto João
Goulart e o ex-presidente Juscelino Kubitschek.
Carlos Lacerda
João Goulart
Grandes
manifestações estudantis exigiam o fim da ditadura militar, tornando os
confrontes com a polícia cada vez mais frequentes. O movimento operário
ressurgia nas greves de Contagem e Osasco, ambas prontamente reprimidas. O
governo não cedeu às pressões populares, intensificando ainda mais a repressão
política.
Movimento operário.
No
final de 1968, o Congresso Nacional é fechado, e novamente parlamentares e
cidadãos têm seus direitos políticos cassados, a censura à imprensa é
institucionalizada e intensifica-se a perseguição aos oposicionistas. A partir
daí, a luta política seria profundamente alterada. Como em outros países do
mundo, na mesma época, a juventude brasileira sonhava em tomar o poder. Muitos
grupos de esquerda, compostos em sua maioria por estudantes, trocaram a
resistência civil pela luta armada contra o regime. Guerrilhas urbanas e rurais
foram organizadas com a expectativa de tentar derrubar o governo militar e
estabelecer uma república socialista no Brasil. Sequestros foram realizados
para libertar militantes aprisionados.
Um
grande aparato repressivo, ligado ao poder executivo federal, foi montado para
combater as forças de oposição. O Brasil vive a sua “guerra suja”: centenas de
militantes de esquerda são torturados nas prisões e muitos passam a integrar as
listas de “desaparecidos”. Devido à grande inferioridade militar, ao isolamento
do restante da sociedade, às suas divisões frequentes e à eficácia dos órgãos
repressores, a tentativa guerrilheira é derrotada.
Vitoriosos,
os militares inundam o país com uma intensa guerra de propaganda.
O
tricampeonato mundial de futebol de 1970 ajuda na elaboração de slogans
ufanistas: “Este é um país que vai para frente”, “Ninguém segura este país”,
“Brasil: ame-o ou deixe-o”. Era o regime militar tentando tornar-se sinônimo da
própria nação.
Fonte: História do Brasil de Flavio de Campos e Miriam Dolhnikoff.
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