A Europa da reação e da revolução
Com
a derrota de Napoleão em 1815, o duelo entre a revolução e a reação parecia ter
sido decidido a favor desta última. Uma tendência contra-revolucionária e
repressiva se concretizava no Congresso de Viena. Sua ideia básica era a
Restauração, intermediada pelo princípio do equilíbrio europeu. Propunha-se a
união das nações europeias em torno do ideal de restauração do Antigo Regime,
prevendo inclusive um auxílio mútuo caso a Restauração fosse abalada em
qualquer uma das nações congregadas.
Em 1814, Paris foi ocupada por tropas estrangeiras e Napoleão foi exilado na ilha de Elba, próximo à Córsega com 800 homens. A monarquia é restaurada com Luís XVIII, irmão de Luís XVI.
Congresso de Viena.
Mas
o retorno da Europa das carruagens aristocráticas seria efêmero. Ao lado da
convulsão da Revolução Francesa e do império napoleônico, a Europa também
começava a viver os impactos da Revolução Industrial. A fusão dessas duas tão
vastas transformações aniquilou as bases do Antigo Regime. A Restauração era,
dessa forma, uma sobreposição política a um conjunto de estruturas nascentes.
O
liberalismo burguês, defendendo entre outras a ideia do progresso, da defesa da
propriedade, da garantia das liberdades fundamentais do homem, prossegue em
seus avanços. A aplicação do princípio da liberdade individual às coletividades
– que são as nações – favoreceu o desenvolvimento do nacionalismo. Violentado
pelo Congresso de Viena, o nacionalismo se transformou em força política na
luta contra a Restauração. O Romantismo, exaltando o indivíduo, as histórias
nacionais e a liberdade, reforçou o quadro de oposições.
Tanto
o liberalismo como o nacionalismo se encontravam ligados à ascensão da burguesia e ao estabelecimento
da sociedade capitalista. Por isso, a liberdade que propunham avançava até onde
se encontrava com a propriedade; a luta pela igualdade parava quando ameaçava o
nivelamento social. A Europa conservadora ia sendo substituída pela das
fábricas e, por mais que se tenha tentado ignorar, pelo proletariado. Desconsiderando
a diversificação social, mostrando-se contraditório e antagônico, o liberalismo
burguês abriu espaço para o nascente socialismo.
Por
volta de 1820, surgiram os primeiros movimentos contra a Restauração. O balanço
final destes ainda se mostrou favorável ao Antigo Regime. As revoluções de 1830
é que abalarão o edifício do Congresso de Viena, cuja demolição se operará com
a nova onda revolucionária de 1848. Apesar de terem as mesmas raízes das
anteriores, ou seja, a crise econômica, o liberalismo, o nacionalismo,
descontentamentos da burguesia e do proletariado, as revoluções de 1848 se
destacaram pela entrada em cena do socialismo utópico ou romântico no movimento
francês. Mas sua atuação foi breve.
Também em 1848, sem maior efetividade, já se anunciava o socialismo científico.
A emoção romântica tentou substituir integralmente a razão. Por que não se
tentar um equilíbrio?
Fonte: História Geral - Hilário Franco Jr. e Ruy de O. Andrade Filho.
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