A oposição consentida durante o Regime Militar
Desde
o início da década de 70, um silêncio forçado impedia as manifestações públicas
e as críticas ao regime militar. Intimidações, cassações, exílios, prisões,
tortura, desaparecimentos e mortes faziam parte do cotidiano político. Apesar
disso, já não era possível ocultar o desgaste do governo militar: em 1974 – e
novamente em 1978, - o MDB alcançou importantes vitórias nas eleições para o
Senado Federal, sobretudo no Centro-Sul do país. Entretanto, como consequência
das distorções de representatividade impostas ao parlamento brasileiro, mesmo
conseguindo mais votos que a Arena, o MDB não conseguia obter a maioria no
Congresso Nacional. Temendo novas e maiores derrotas, o governo militar
instituiu um mesmo número de senadores para cada estado, independentemente do
número de eleitores de cada um. Em 1977 outras mudanças nas regras eleitorais:
um terço do Senado passou a ser escolhido por um Colégio Eleitoral, instrumento
criado para a ratificação das candidaturas oficiais, além de ampliar-se na
Câmara dos Deputados o número de representantes dos estados das regiões Norte e
Nordeste, ambas controladas politicamente pelas oligarquias locais aliadas ao
governo central.
Pouco
a pouco, entretanto, as tensões econômicas, políticas e sociais abafadas
durante os anos de maior repressão política do regime militar começavam a vir à
tona. Em 1977, apesar da repressão policial, estudantes universitários e
secundaristas saem às ruas, exigindo o fim da ditadura militar. O movimento
estudantil se reorganiza e começa a ensaiar a reconstrução da UNE, na
ilegalidade desde 1966. Em 1978, depois de muitos anos sem qualquer
manifestação da classe trabalhadora, o país era informado de um grande
movimento grevista na região do ABC paulista. Os metalúrgicos desafiavam o
poder militar e abriam caminho para que outras categorias fizessem o mesmo,
exigindo melhores salários e condições de trabalho.
Em
todo o país, surgiam novas lideranças operárias, que procuravam tirar os
sindicatos do controle de Estado. No campo, os conflitos pela posse da terra
aumentavam a cada ano, em razão da enorme concentração fundiária do país e da
falta de condições aceitáveis de trabalho.
Presidente João Batista Figueiredo
Nessas
circunstâncias, em 1979, o General João Batista Figueiredo assumiria a
presidência prometendo democracia à nação. A abertura do regime militar
possibilitou a anistia aos presos e perseguidos políticos, trazendo de volta ao
país diversos dirigentes da república populista e lideranças da esquerda da
década de 60. Velhos e novos opositores tentariam acelerar o processo
brasileiro de democratização.
Fonte: História do Brasil de Flavio de Campos e Miriam Dolhnikoff.
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