O fim da República Populista no Brasil
No
início dos anos 60, a polarização ideológica no Brasil atingiu seu ponto
máximo. Nas Forças Armadas, na Igreja Católica, no meio estudantil,
conservadores confrontavam-se com reformistas e radicais. Empresários e
proprietários rurais, reunidos em suas
respectivas instituições de classe, tentavam fazer frente às organizações de
operários e camponeses. No Congresso, blocos suprapartidários também
expressavam essa radicalização. Assim, à direita surgia a Aliança Democrática
Parlamentar e à esquerda a Frente Parlamentar Nacionalista. Manifestações
públicas, revoltas, comícios e greves incorporavam-se ao dia-a-dia da sociedade
brasileira.
Forças Armadas
Igreja Católica
Manifestação de Estudantes na década de 60.
Ligas Camponesas
O
desenvolvimento econômico havia sido impulsionado por um arranjo político
extremamente instável: ao mesmo tempo que crescia o capital empresarial,
mantinha-se uma brutal concentração de renda. As classes trabalhadores, por sua
vez, recebiam benefícios que representavam uma pequena melhoria em suas
condições sociais, o que foi possível por meio de práticas populistas. Através
de sua mobilização, o operariado obteve alguma inserção nas decisões nacionais,
sem que, entretanto, ocorressem mudanças significativas, como no caso da
estrutura fundiária. Essa situação, porém, se tornaria mais instável numa
conjuntura econômica menos favorável. Com a alta crescente no custo de vida das
camadas mais pobres, intensificaram-se as reivindicações populares, enquanto a
posição das elites tornava-se mais rígida. O governo João Goulart, que a
princípio tentara equilibrar-se sobre as pressões políticas, atendendo às
reivindicações populares, acabou por anunciar reformas sociais. Diante disso,
os grupos dominantes intensificaram a desestabilização do regime.
Jango defende as reformas de base na Central do Brasil no dia 13 de março de 1964 (Arquivo Nacional / Correio da Manhã)
Em
31 de março de 1964 foi afinal desencadeado o golpe militar que encerraria a
curta experiência democrática brasileira. Tropas legalistas enviadas para
combater os militares rebelados acabaram por aderir ao levante. O movimento
popular permaneceu inerte, surpreso com a derrubada de Goulart, que tomou o
caminho do exílio rumo ao Uruguai. Desta vez não haveria a mesma resistência
democrática de 1961. Nos dias seguintes milhares de manifestantes saudavam os
revoltosos. A UDN chegava enfim ao poder.
Fonte: História do Brasil de Flavio de Campos e Miriam Dolhnikoff.
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