O fim do Estado Novo
Até
1942, em plena Segunda Guerra Mundial, o governo Vargas manteve uma política
externa ambígua, que procurava tirar proveito das tensões e diferenças de
interesses entre as grandes potências. Essa indefinição fez com que Estados Unidos
e Alemanha disputassem o apoio político brasileiro em troca de ajuda econômica
e militar.
DIRETORIA DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO DA MARINHA
O presidente Getúlio Vargas conversa com soldados
A
entrada oficial dos norte-americanos na guerra, o torpedeamento de navios
brasileiros por submarinos alemães, as manifestações populares encabeçadas pela
União Nacional do Estudantes (UNE) e os empréstimos norte-americanos para a
construção da usina siderúrgica de Volta Redonda levaram, por fim, o governo a
se posicionar. Declarando guerra às forças do Eixo (Alemanha, Itália e Japão),
o Brasil enviou tropas para a Itália em 1943.
A
decisão trouxe consequências determinantes à política interna do país: na
opinião pública um sentimento antifascista logo se definiria com
antiditatorial.
Estudantes apoiam entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial.
Intelectuais,
liberais, comunistas e dissidentes getulistas exigiam o fim do Estado Novo.
Nesse quadro, o governo tentou manter o processo de liberalização, já
irreversível, sob controle. Acabou por marcar eleições presidenciais e
parlamentares, concedeu anistia aos presos políticos e permitiu a livre
organização partidária.
A
União Democrática Nacional (UDN) tornou-se a principal força oposicionista. O
governo Vargas estimulou a criação de dois outros partidos, representantes de
setores ligados ao Estado Novo – Partido Social Democrático (PSD) e Partido
Trabalhista Brasileiro (PTB). Aproveitando-se de um incidente entre o
presidente e o ministro do Exército, uma articulação conservadora depôs Getúlio
Vargas, mantendo as eleições programadas e dando poderes constituintes ao
parlamento eleito. Dois militares foram os principais candidatos à presidência:
o General Eurico Gaspar Dutra e o Brigadeiro Eduardo Gomes.
A
democracia populista surgia sob a batuta militar e o controle do PSD, que além
da presidência obteve a maioria absoluta no Congresso Constituinte. Democracia
relativa, que logo se mostraria também provisória: em 1947 o PCB era posto na
ilegalidade, e seu eleitos cassados sob a alegação de servirem ao governo
soviético. Se a Segunda Guerra ajudara a trazer a abertura política, a Guerra
Fria imporia os limites do regime brasileiro.
Fonte: História do Brasil - Flavio de Campos e Miriam Dolhnikoff.
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