Período entre-guerras: economia e sociedade
Com
inspiração nacionalista, o capitalismo procurou se recompor na década de 1920.
A experiência socialista na União Soviética foi isolada pela economia mundial.
Os mercados se recompuseram e a passagem da economia de guerra para a de paz,
com as necessidades imediatistas da reconstrução, montou uma breve e aparente prosperidade.
Renovou-se o sistema de crédito internacional. Os Estados Unidos, grandes
vencedores econômicos da guerra, cederam fartos empréstimos, inclusive para a
Alemanha derrotada. Mas os norte-americanos ainda produziam em ritmo de guerra.
A produção logo superou a demanda, desestimulando novos investimentos no setor
produtivo e incentivando a especulação. Enormes altas artificiais alimentaram
sonhos que, na “quinta-feira negra” (24/10/1929), se transformaram num terrível
pesadelo. A quebra da bolsa de Nova Iorque encerrou a euforia dos empréstimos e
cobrou os débitos: a depressão americana se tornou internacional.
À
margem do processo, os planos quinquenais soviéticos modelavam a primeira
economia planificada do mundo. O capitalismo absorveu e transformou essa ideia
na década de 1930: o New Deal norte-americano reintroduziu o Estado na
economia. Nascia o capitalismo planificado ou neocapitalismo, Com investimentos
em obras públicas, ampliação da burocracia, subsídios à agricultura, etc., o
governo norte-americano absorveu o desemprego e reorganizou a economia.
Anteriores
à Primeira Guerra Mundial, as preocupações do Estado com a segurança e o
bem-estar social se ampliaram com a grande depressão. O elitismo censitário dos
votos já havia sido substituído pelo sufrágio universal masculino. O importante
papel desempenhado pela mão-de-obra feminina durante a guerra tornava
inapelável a concessão do direito de voto também para as mulheres. Assim, a
manutenção dos governos repousava agora na eficácia de sua ação social, no
apoio da maioria da população.
Mulheres trabalhando durante a Primeira Guerra.
A
dureza e a internacionalidade da crise acentuaram o papel do Estado, no sentido
de reduzir seus efeitos sociais. O crescimento das reivindicações trabalhistas,
das greves, a expansão do ideário socialista, a pauperizações da classe média
ameaçavam trilhar o caminho das radicalizações. O desalento e a desilusão
colocaram em xeque os valores da democracia liberal. Em países que dispunham de
recursos, o Estado conseguiu empreender uma ação amenizadora, contornando a
crise. Noutros, em que havia uma menor tradição democrática, a exemplo do que
acontecera com a Itália na década de 1920, o temor à ascensão do socialismo
conduziu ao poder a solução fascista. Logo o mundo saberia “por quem os sinos
dobram”...
Fonte: História Geral de Hilário Franco Jr. e Ruy de O. Andrade Filho.
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