A democracia populista
O
arranjo montado por Vargas e seu grupo no período final do Estado Novo
orquestrou a política brasileira de 1945 a 1964. O PSD e o PTB venceram três
das quatro eleições presidenciais do período. Em 1951 o próprio Getúlio Vargas voltaria
à presidência com uma votação consagradora. No parlamento, o PTB aumentava sua força a cada nova
legislatura, enquanto o PSD, mais conservador,
perdia representantes quase na mesma proporção.
Getúlio Vargas e Juscelino Kubitscheck
A
UDN manteve-se praticamente estável ao longo desses anos, com sua ruidosa
minoria no Congresso. Os udenistas, sem conseguir vencer os pleitos principais,
não pouparam críticas à atuação dos presidentes eleitos. Uma campanha violenta
contra Vargas levaria o líder populista ao suicídio em 1954. Pouco depois, a
UDN, junto com a parte mais conservadora do Exército, tentaria impedir a posse
de Juscelino Kubitscheck.
Carlos Lacerda da UDN opositor de Getúlio Vargas.
Sem
contar com um grande líder carismático em seu próprio partido, em 1960, a UDN
integrou a coligação que levou o ex-governador de São Paulo, Jânio Quadros, à
presidência. Conseguiu-se assim quebrar
a hegemonia PSD/PTB. Como vice-presidente, entretanto, foi ainda reeleito o
candidato do PTB, João Goulart.
Jânio Quadros em sua campanha o uso da vassoura.
Logo
no início de seu governo, Jânio Quadros romperia com boa parte da UDN, e depois
de sete meses renunciaria à presidência. Pela Constituição em vigor desde 1946,
João Goulart deveria sucedê-lo. Em viagem à China, Jango, foi comunicado da
renúncia e também do veto ao seu nome por parte das Forças Armadas. Tachado de
comunista ou simpatizante, seria automaticamente preso se voltasse ao Brasil.
O
veto militar desencadeou uma grave crise política no país. Em defesa da posse
do vice-presidente eleito formou-se um movimento liderado pelo então governador
gaúcho Leonel Brizola e por militares legalistas. Como solução conciliadora e
casuística, foi adotado o regime parlamentarista de governo, no qual João
Goulart seria presidente, mas com poderes diminuídos pelo Congresso. O
verdadeiro chefe do poder executivo seria o primeiro-ministro indicado pelo
presidente e ratificado pelo Congresso Nacional. Goulart só conseguiria assumir
a presidência de forma plena ao antecipar e vencer o plebiscito que extinguiu a
solução parlamentarista (janeiro de 1963), reintroduzindo o presidencialismo.
Fonte: História do Brasil de Flavio de Campos e Miriam Dolhnikoff.
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