A primeira Guerra Mundial
No
final do século XIX, o centro do mundo ainda se encontrava na Europa.
Controlando os mares e o maior império colonial do mundo, a Inglaterra
despontava dominante. A França poderia fazer-lhe sombra, mas se embaraçava com questões
de política interna e continental. As unificações da Itália (1870) e da
Alemanha (1871) não pareciam, à primeira vista, poder abalar o reinado
britânico. Tampouco se acreditava em ameaças partindo do multinacional Império
Austro-Húngaro ou do anacrônico absolutismo russo. No Mediterrâneo oriental e
Oriente Médio, desagregava-se o outrora ameaçador e poderoso Império
Turco-Otomano, agora chamado “o enfermo do Levante”. Fora da Europa, apenas os
Estados Unidos e o Japão apareciam como potências.
Inglaterra seguida da França eram dominantes.
Mas a
Belle Époque caminhava para seu fim. Entre 1873 e 1875, uma crise de
superprodução começou a abalar o frágil equilíbrio europeu. A crise expôs
problemas: o capital acumulado necessitava de constante expansão, fosse ela
técnica ou territorial. As pressões demográficas também marcaram presença,
tornando mais forte o contraste entre a riqueza de poucos e a miséria de
muitos.
Belle Époque
Soma-se
a essas questões a busca de mercados empreendida pelas recém-formadas Itália e
Alemanha. Tardiamente unificados, pouco restou da Ásia e da África para esses
países. Inaugurada por Bismarck com o intuito de isolar a França, a Política de
Alianças, no início do século XX, passou a congregar os interesses
nacionalistas e imperialistas. A Alemanha, a Itália e o Império Austro-Húngaro compuseram
a Tríplice Aliança. Em contrapartida, a Tríplice Entente congregou a
Inglaterra, a França e a Rússia.
Sem
elos que pudessem aproximar essas alianças, a desenfreada competição entre os
países criou um clima de suspeita e insegurança entre as nações. Nasceu a
crença de que a paz e os interesses nacionais só seriam respeitados á medida
que se pudesse fazê-los valer pela força. Uma corrida armamentista acentuou,
então, o processo de crises: era a Paz Armada, a vizinhança da guerra.
Ilustração feita em 1914 mostra o atentado em Sarajevo conta o herdeiro austríaco Francisco Ferdinando.
Por
algum tempo a diplomacia conseguiu adiá-la. Mas tinha sido a diplomacia mesmo
quem criara o sistema de alianças, inviabilizando as neutralidades. O
nacionalismo sustentava os interesses imperialistas, e o incêndio se iniciou a
partir do nacionalismo sérvio e da questão balcânica. Dos Balcãs a guerra logo
se propaga para toda a Europa e controlável. No entanto, a festa que
acompanhava as partidas das tropas em 1914 foi rapidamente substituída pelos
horrores da guerra moderna. O rasgar das trincheiras marcou profundamente o
solo e a alma dos europeus. Perplexidade, ceticismo, desilusão e morte encerram
a Belle Époque.
Fonte: História Geral de Hilário Franco Jr. e Ruy de O. Andrade Filho.
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