As relações entre os Estados Unidos e a América Latina
Durante
o século XIX, o proverbial isolacionismo norte-americano era apenas uma figura
de retórica. Contatando a China, abrindo os portos japoneses e anexando as
ilhas havaianas, os Estados Unidos contrapunham a prática à retórica. Seu
extraordinário crescimento industrial impeliu-o para a corrida colonialista.
Nesse momento, o que todos tinham suposto ser apenas oratória, mostrou-se de
extrema serventia prática: a Doutrina Monroe.
Charge sobre a Doutrina Monroe.
Charge sobre a Doutrina Monroe.
Resumida
na célebre frase “a América para os americanos”, a Doutrina Monroe deu o tom
para consolidar o “Destino Manifesto” dos Estados Unidos. Idealizada para
evitar ingerências europeias em assuntos americanos, serviu de pretexto para os
Estados Unidos efetuarem intervenções no continente. No final do século XIX,
ela justificava a tentativa de contrabalançar a influência de outros países
sobre a América Latina. Logo se criaram os protetorados de Cuba e Porto Rico,
herança da Guerra Hispano-americana (1898). Uma ação mais efetiva dos estados
Unidos foi inaugurada com Big Stick (grande porrete), no início do século XX.
Big Stick (grande porrete)
Acionado pelo então presidente Theodore Roosevelt (Corolário Roosevelt), o Big
Stick se caracterizava por sucessivas intervenções sempre que houvesse
problemas e desordens nas nações latino-americanas. Dessa política, um clássico
exemplo é a questão do canal do Panamá.
Canal do Panamá.
A
recomposição mundial após a Primeira Guerra tornou inadequado o
intervencionismo do Big Stick. A diplomacia e o controle indireto pareciam
melhores para a segurança dos Estados Unidos. Daí o Corolário Roosevelt ser
substituído pela Política da Boa Vizinhança. A influência europeia recuou e
abriu maiores espaços para os norte-americanos, panorama que se consolidou
também durante a Segunda Guerra Mundial. O início da Guerra Fria, todavia,
recuperou os mecanismos intervencionistas. O temor da expansão socialista,
especialmente após a revolução cubana, justificou o recrudescimento do “Estado
policialesco” , papel que os Estados Unidos desempenharam sob o pretexto da
defesa do “mundo livre”.
Considerações
estratégicas e econômicas mantiveram, às vezes à custa de golpes de estado, a
hegemonia norte-americana. O desenvolvimento da Coexistência Pacífica e a
abertura da União Soviética, contudo, criam novas expectativas. À queda dos
ditadores sobrepõe-se um caminho ainda obscuro aos países latino-americanos. As
questões da liberdade e do subdesenvolvimento se somam aos vícios e ao
nepotismo dos governos. É o início de uma luta surda para escapar à herança de
colonizadores tão pouco “corteses”.
Fonte: História Geral de Hilário Fanco Jr. e Ruy de O. Andrade Filho.
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