Cultura republicana após a Revolução de 1930
Ao
longo da década de 30, a cultura caracterizou-se pela incorporação das questões
levantadas pelo movimento modernista. Buscando entender o processo constitutivo
da sociedade brasileira, vieram à luz nesse período três estudos fundamentais:
Casa-grande e senzala (Gilberto Freyre), Raízes do Brasil (Sérgio Buarque de
Holanda) e Evolução política do Brasil (Caio Prado Jr.). Participam desse
esforço de compreensão e atualização a proliferação de romances regionalistas e
a criação da Universidade de São Paulo. Nas artes plásticas, o submundo do
trabalho e da vida urbana e rural foi mantido à tona pelo “primeiros modernos”
e pelas gerações posteriores.
Gilberto de Mello Freyre (1900 - 1987) Sociólogo, antropólogo, historiador, escritor e pintor.
Sérgio Buarque de Holanda - autor de Raízes do Brasil
Caio Prado Júnior - autor de Evolução política do Brasil.
A
partir de então, a busca pela modernidade começou a tingir-se dos matizes
ideológicos que sacudiam o mundo após a Revolução Socialista na Rússia e a
ascensão de Hitler na Alemanha. A ditadura de Vargas e a explosão da Segunda
Guerra Mundial levaram os intelectuais e artistas brasileiros a assumirem
abertamente posição à direita e à esquerda. Muitos foram cooptados pelo Estado
Novo, passando a ocupar postos-chaves na administração pública. Outros
organizaram-se na luta contra o regime autoritário. Vale destacar aqui o I
Congresso Brasileiro de Escritores, dirigido por Aníbal Machado e Sérgio
Milliet.
Aníbal Machado
Sérgio Milliet
A
década de 50, impulsionada pela democratização e plo desenvolvimentismo,
revestiu-se de uma atmosfera otimista. Ainda que os contrastes da sociedade
brasileira marcassem as representações culturais, a renovação musical produzida
pela bossa-nova e a renovação poética do Concretismo traduziam a expectativa do
crescimento e da superação dos problemas da nação. O cinema, após a fracassada
tentativa da Companhia Vera Cruz, buscava caminhos alternativos aos moldes
“hollywoodianos”. Com poucos recursos mas muitas ideias de vanguarda, começava
a estabelecer-se o Cinema Novo, trazendo para as telas os impasses da realidade
social do país. Ao final da década, a construção de Brasília, projetada por
Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, consolidava uma linguagem arquitetônica moderna
ao sul do Equador.
Oscar Niemeyer
No
engajado ambiente dos anos 60, a cultura brasileira conhece um de seus momentos
mais profícuos. Jovens intelectuais de esquerda procuravam linguagens
artísticas, na música e na dramaturgia, para divulgar seus sonhos libertários e
suas utopias socialistas. Tempos dos festivais e do Centro Popular de Cultura.
As artes assumiam ainda mais um discurso ideológico, procuravam denunciar a
pobreza, o imperialismo, a sociedade de consumo. Entre a herança cultural e
social do país e as conquistas tecnológicas do mundo moderno, entre a
modernização tão almejada e os problemas da modernidade, o Tropicalismo (de
Caetano Veloso, Gilberto Gil e tantos outros) conseguia expressar a ambiguidade
da sociedade brasileira.
Fonte: História do Brasil de Flavio de Campos e Miriam Dolhnikoff.
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