O milagre econômico – propaganda durante a Ditadura Militar
A
partir de 1968, o governo militar implementou uma política econômica que
pretendia alcançar um desenvolvimento rápido sem aumento de inflação,
permitindo ainda a uma parte da classe média ampliar sua capacidade de consumo.
Era a época do “milagre econômico”, que durou até 1973. O crescimento significativo
do PIB até essa data e a manutenção da inflação em um patamar estável, em torno
dos 20% ao ano, demonstram que esses objetivos foram alcançados.
Presidente Médici
A
tática da equipe econômica, chefiada pelo ministro da Fazenda Delfim Netto, era
privilegiar a indústria dedicada à produção de bens de consumo duráveis (como
eletrodomésticos e automóveis), considerado o setor industrial mais avançado e
o mais adequado ao investimento e controle multinacionais. Partia-se do
princípio de que o desenvolvimento só seria possível com uma ampla introdução
de capital estrangeiro no país, fosse pela entrada de empresas multinacionais,
fosse através de empréstimos, opção que iniciou um processo de aumento drástico
da dívida externa brasileira.
Delfim Netto.
Para
atrair tais investimentos estrangeiros, o governo oferecia todo o tipo de
incentivo, como a ampliação da rede rodoviária para aumentar o consumo de
automóveis, independentemente do fato de ela ser ou não a alternativa mais
adequada para o transporte. Também houve a preocupação em criar um mercado
interno capaz de consumir os produtos das novas indústrias, o que foi possível
graças à criação de um amplo sistema de crédito, acessível a parte da classe
média.
Aumentando a rede rodoviária.
A
outra face desse modelo econômico era a exclusão da maioria da população, que
não se beneficiava do crescimento da economia. Em nome do desenvolvimento
econômico, desconsiderou-se a preocupação imediata com uma melhor distribuição
de renda. Ocorreu, ao contrário, uma maior concentração da renda nacional, e os
trabalhadores tiveram o poder aquisitivo de seus salários diminuído. Graças à
intervenção direta do governo na determinação dos índices de aumento salarial,
estava garantida mão-de-obra barata para as multinacionais. Além disso, as
condições de vida da população pioraram devido aos reduzidos gastos
governamentais em áreas como saúde e educação pública. Segundo uma afirmação da
época atribuída ao próprio ministro Delfim Netto, “o Brasil vai bem, os
brasileiros é que vão mal”.
Fonte: História do Brasil de Flavio de Campos e Miriam Dolhnikoff.
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