Nada é Definitivo!

"Como o nome do Blog diz, não existe uma única verdade, portanto, sempre temos que investigar tudo o que nos dizem sobre a história, para que possamos chegar mais próximos de uma verdade. Este blog é apenas um dos vários caminhos que existem, sejam bem vindos."

domingo, 27 de abril de 2014

Nirvana.


Você sabe o que é Nirvana?

Nirvana é uma palavra do contexto do Budismo, que significa o estado de libertação atingido pelo ser humano ao percorrer sua busca espiritual.

O termo tem origem no sânscrito, podendo ser traduzido por "extinção" no sentido de “cessação do sofrimento”.

Um dos temas fundamentais da doutrina budista, em sentido mais amplo, nirvana indica um estado eterno de graça. Também é visto por alguns como uma forma de superação do karma.

É uma renúncia ao apego material que não eleva o espírito e apenas traz sofrimento.

Através da meditação se consegue percorrer os passos fundamentais para chegar ao nirvana, considerado como a última etapa a alcançar pelos praticantes da religião.

Nirvana é utilizado num sentido mais geral para designar alguém que está num estado de plenitude e paz interior, sem se deixar afetar por influências externas.

Também se emprega com o sentido de aniquilamento de certos traços negativos da própria personalidade, porque a pessoa consegue se livrar de tormentos como orgulho, ódio, inveja ou egoísmo, sentimentos que afligem o ser humano impedindo-o de viver em paz.

Em sentido figurado, nirvana muitas vezes é uma palavra usada com um sentido depreciativo, indicando um estado de apatia ou inércia.




Agnóstico.


Você sabe o que é Agnóstico?

Agnóstico é aquele que considera os fenômenos sobrenaturais inacessíveis à compreensão humana. A palavra deriva do termo grego “agnostos” que significa “desconhecido", "não cognoscível”.
Os agnósticos são seguidores da doutrina denominada “agnosticismo” que considera inútil discutir temas metafísicos, pois são realidades não atingíveis através do conhecimento. Para os agnósticos, a razão humana não possui capacidade de fundamentar racionalmente a existência de Deus.
Um agnóstico pode ser teísta ou ateísta. Um agnóstico teísta admite que não tem conhecimento que comprove a existência de Deus, mas acredita que Deus existe ou admite a possibilidade de que pode existir. Por outro lado, o agnóstico ateísta também admite não possuir conhecimento que comprove a não existência de Deus, mas não acredita na possibilidade que Deus exista.
O termo “agnóstico” foi usado no século XIX pelo naturalista inglês Thomas Henry Huxley (1825-1895), quando descreveu sua dúvida a respeito de algumas crenças religiosas, do poder atribuído a Deus e do sentido da vida e do universo. Desde então, muitos estudiosos escreveram sobre o assunto.
Alguns dos agnósticos mais famosos são: Albert Camus, Bill Gates, Charlie Chaplin, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Brad Pitt, Charles Darwin e Albert Einstein.
Diferença entre agnóstico e ateu:
Num sentido religioso, agnóstico é aquele que não acredita na existência de Deus, porém não nega essa possibilidade, por se encontrar num patamar racionalmente inacessível. Diferente do ateu que nega a existência de Deus ou de qualquer entidade superior.


segunda-feira, 21 de abril de 2014

A Segunda Guerra Mundial.


A Segunda Guerra Mundial

O mundo assistiu surpreso ao início do novo conflito. Poucos acreditavam que o expansionismo fascista fosse tão longe. Não que faltassem indícios, mas pelo caráter nitidamente anticomunista desses regimes, o capitalismo os entendera como baluartes contra a União Soviética e a depressão.

Mussolini e o fascismo na Itália.


A ineficácia da Liga das Nações, a política de apaziguamento franco-britânica e o isolacionismo dos Estados Unidos deram aos fascismos uma inesperada liberdade de ação. O ensaio maior que antecedeu o conflito se fizera com a participação ítalo-germânica na Guerra Civil Espanhola (1936-39). Ali se testaram os novos armamentos, cuja violência ficou imortalizada no magnífico painel de Picasso: Guernica.

Guerra Civil Espanhola.

Painel de Picasso - Guernica - Representação da Guerra Civil Espanhola


Apenas quando Hitler anunciou suas pretensões sobre a Polônia é que os ocidentais se deram contra do perigo que os fascismos representavam. Mas já era tarde. À ameaça de guerra anunciada pela França e Inglaterra, a Alemanha respondeu com o pacto de não agressão nazi-soviético. Hitler adiava seu confronto com a União Soviética, enquanto tentava dobrar as potências ocidentais.

Adolf Hitler (1889 - 1945)

A velocidade e dinâmica do conflito surpreendeu os regimes anti-fascistas. Os rápidos deslocamentos dos blindados, o apoio aéreo e fulminantes ações da infantaria substituíram as trincheiras. A linha Maginot, orgulho do exército francês, foi simplesmente contornada. A guerra de movimento, excetuado o front soviético, provocou proporcionalmente um número menor de baixas que o da Primeira Guerra. A superioridade aérea se mostrou imprescindível. No mar, a guerra submarina se consolidou. Particularmente no Pacífico, os grandes navios de combate começaram a ceder seu espaço para os porta-aviões.

Linha Maginot

Em 1941, com uma posição quase sólida no Ocidente, a Alemanha deu início à operação Barba Ruiva: a invasão da União Soviética. No mesmo ano, em dezembro, o ataque japonês a Pearl Harbor tirava os Estados Unidos de seu isolacionismo.

Ataque japonês em Pearl Harbor

A guerra ganhava estranhos contornos ideológicos: o capitalismo unia-se ativamente ao socialismo no combate aos fascismos. Mas a aliança era temporária. O ano de 1943 marcou o início do recuo dos regimes fascistas em todas as frentes da guerra. A partir daí, a vitória aliada era apenas uma questão de tempo. À medida que as tropas, passando por Roma, avançavam em direção a Berlim e, no Pacífico, já se avistava Tóquio, as questões da política internacional do pós-guerra já ocupavam um lugar mais importante que as batalhas.

Bomba de Hiroshima


A violência da guerra, coroada pelas explosões atômicas de Hiroshima e Nagasaki. Tornou o nacionalismo ideologicamente insuficiente para mobilizar os povos. Algo de mais concreto era exigido. O capitalismo, através do Estado do bem-estar, teve de redimensionar e melhorar sua política social. Um mundo diferente iria emergir da guerra, mas ainda não seria a “primavera dos povos”.
Fonte: História Geral de Hilário Franco Jr. e Ruy de O. Andrade Filho.

A oposição consentida - o MDB alcança vitórias.


A oposição consentida durante o Regime Militar

Desde o início da década de 70, um silêncio forçado impedia as manifestações públicas e as críticas ao regime militar. Intimidações, cassações, exílios, prisões, tortura, desaparecimentos e mortes faziam parte do cotidiano político. Apesar disso, já não era possível ocultar o desgaste do governo militar: em 1974 – e novamente em 1978, - o MDB alcançou importantes vitórias nas eleições para o Senado Federal, sobretudo no Centro-Sul do país. Entretanto, como consequência das distorções de representatividade impostas ao parlamento brasileiro, mesmo conseguindo mais votos que a Arena, o MDB não conseguia obter a maioria no Congresso Nacional. Temendo novas e maiores derrotas, o governo militar instituiu um mesmo número de senadores para cada estado, independentemente do número de eleitores de cada um. Em 1977 outras mudanças nas regras eleitorais: um terço do Senado passou a ser escolhido por um Colégio Eleitoral, instrumento criado para a ratificação das candidaturas oficiais, além de ampliar-se na Câmara dos Deputados o número de representantes dos estados das regiões Norte e Nordeste, ambas controladas politicamente pelas oligarquias locais aliadas ao governo central.


Pouco a pouco, entretanto, as tensões econômicas, políticas e sociais abafadas durante os anos de maior repressão política do regime militar começavam a vir à tona. Em 1977, apesar da repressão policial, estudantes universitários e secundaristas saem às ruas, exigindo o fim da ditadura militar. O movimento estudantil se reorganiza e começa a ensaiar a reconstrução da UNE, na ilegalidade desde 1966. Em 1978, depois de muitos anos sem qualquer manifestação da classe trabalhadora, o país era informado de um grande movimento grevista na região do ABC paulista. Os metalúrgicos desafiavam o poder militar e abriam caminho para que outras categorias fizessem o mesmo, exigindo melhores salários e condições de trabalho.


Em todo o país, surgiam novas lideranças operárias, que procuravam tirar os sindicatos do controle de Estado. No campo, os conflitos pela posse da terra aumentavam a cada ano, em razão da enorme concentração fundiária do país e da falta de condições aceitáveis de trabalho.

Presidente João Batista Figueiredo


Nessas circunstâncias, em 1979, o General João Batista Figueiredo assumiria a presidência prometendo democracia à nação. A abertura do regime militar possibilitou a anistia aos presos e perseguidos políticos, trazendo de volta ao país diversos dirigentes da república populista e lideranças da esquerda da década de 60. Velhos e novos opositores tentariam acelerar o processo brasileiro de democratização.
Fonte: História do Brasil de Flavio de Campos e Miriam Dolhnikoff.

O período entre-guerras: economia e sociedade.


Período entre-guerras: economia e sociedade

Com inspiração nacionalista, o capitalismo procurou se recompor na década de 1920. A experiência socialista na União Soviética foi isolada pela economia mundial. Os mercados se recompuseram e a passagem da economia de guerra para a de paz, com as necessidades imediatistas da reconstrução, montou uma breve e aparente prosperidade. Renovou-se o sistema de crédito internacional. Os Estados Unidos, grandes vencedores econômicos da guerra, cederam fartos empréstimos, inclusive para a Alemanha derrotada. Mas os norte-americanos ainda produziam em ritmo de guerra. A produção logo superou a demanda, desestimulando novos investimentos no setor produtivo e incentivando a especulação. Enormes altas artificiais alimentaram sonhos que, na “quinta-feira negra” (24/10/1929), se transformaram num terrível pesadelo. A quebra da bolsa de Nova Iorque encerrou a euforia dos empréstimos e cobrou os débitos: a depressão americana se tornou internacional.


À margem do processo, os planos quinquenais soviéticos modelavam a primeira economia planificada do mundo. O capitalismo absorveu e transformou essa ideia na década de 1930: o New Deal norte-americano reintroduziu o Estado na economia. Nascia o capitalismo planificado ou neocapitalismo, Com investimentos em obras públicas, ampliação da burocracia, subsídios à agricultura, etc., o governo norte-americano absorveu o desemprego e reorganizou a economia.


Anteriores à Primeira Guerra Mundial, as preocupações do Estado com a segurança e o bem-estar social se ampliaram com a grande depressão. O elitismo censitário dos votos já havia sido substituído pelo sufrágio universal masculino. O importante papel desempenhado pela mão-de-obra feminina durante a guerra tornava inapelável a concessão do direito de voto também para as mulheres. Assim, a manutenção dos governos repousava agora na eficácia de sua ação social, no apoio da maioria da população.

Mulheres trabalhando durante a Primeira Guerra.


A dureza e a internacionalidade da crise acentuaram o papel do Estado, no sentido de reduzir seus efeitos sociais. O crescimento das reivindicações trabalhistas, das greves, a expansão do ideário socialista, a pauperizações da classe média ameaçavam trilhar o caminho das radicalizações. O desalento e a desilusão colocaram em xeque os valores da democracia liberal. Em países que dispunham de recursos, o Estado conseguiu empreender uma ação amenizadora, contornando a crise. Noutros, em que havia uma menor tradição democrática, a exemplo do que acontecera com a Itália na década de 1920, o temor à ascensão do socialismo conduziu ao poder a solução fascista. Logo o mundo saberia “por quem os sinos dobram”...
Fonte: História Geral de Hilário Franco Jr. e Ruy de O. Andrade Filho.

O milagre econômico.


O milagre econômico – propaganda durante a Ditadura Militar

A partir de 1968, o governo militar implementou uma política econômica que pretendia alcançar um desenvolvimento rápido sem aumento de inflação, permitindo ainda a uma parte da classe média ampliar sua capacidade de consumo. Era a época do “milagre econômico”, que durou até 1973. O crescimento significativo do PIB até essa data e a manutenção da inflação em um patamar estável, em torno dos 20% ao ano, demonstram que esses objetivos foram alcançados.

Presidente Médici


A tática da equipe econômica, chefiada pelo ministro da Fazenda Delfim Netto, era privilegiar a indústria dedicada à produção de bens de consumo duráveis (como eletrodomésticos e automóveis), considerado o setor industrial mais avançado e o mais adequado ao investimento e controle multinacionais. Partia-se do princípio de que o desenvolvimento só seria possível com uma ampla introdução de capital estrangeiro no país, fosse pela entrada de empresas multinacionais, fosse através de empréstimos, opção que iniciou um processo de aumento drástico da dívida externa brasileira.

Delfim Netto.

Para atrair tais investimentos estrangeiros, o governo oferecia todo o tipo de incentivo, como a ampliação da rede rodoviária para aumentar o consumo de automóveis, independentemente do fato de ela ser ou não a alternativa mais adequada para o transporte. Também houve a preocupação em criar um mercado interno capaz de consumir os produtos das novas indústrias, o que foi possível graças à criação de um amplo sistema de crédito, acessível a parte da classe média.

Aumentando a rede rodoviária.


A outra face desse modelo econômico era a exclusão da maioria da população, que não se beneficiava do crescimento da economia. Em nome do desenvolvimento econômico, desconsiderou-se a preocupação imediata com uma melhor distribuição de renda. Ocorreu, ao contrário, uma maior concentração da renda nacional, e os trabalhadores tiveram o poder aquisitivo de seus salários diminuído. Graças à intervenção direta do governo na determinação dos índices de aumento salarial, estava garantida mão-de-obra barata para as multinacionais. Além disso, as condições de vida da população pioraram devido aos reduzidos gastos governamentais em áreas como saúde e educação pública. Segundo uma afirmação da época atribuída ao próprio ministro Delfim Netto, “o Brasil vai bem, os brasileiros é que vão mal”.
Fonte: História do Brasil de Flavio de Campos e Miriam Dolhnikoff.

domingo, 20 de abril de 2014

O período entre-guerras: política.


O período entre-guerras: política

Quando o silêncio se impôs nas trincheiras, poucos vislumbraram entre os escombros e a fumaça o fim da imortalidade europeia. Muitos, ao contrário, acreditavam-se capazes de elaborar os caminhos de sua reconstrução, assentados em verdades cuja relatividade pouco se considerou. O resultado foi a elaboração de uma paz viciada, humilhantes para os derrotados e até mesmo para alguns vencedores como a Itália, por exemplo. A Inglaterra permaneceu agarrada à ideia do equilíbrio europeu; a França, interessada em anular qualquer possibilidade de agressão por parte da Alemanha. Pouco versado nos individualismos europeus, Wilson, o presidente norte-americano, idealizou 14 pontos para reger a paz e a política internacional. Alheia a essas questões, a Rússia buscava a construção da sociedade socialista.

Woodrow Wilson ofereceu um acordo interessado em evitar outras grandes guerras.

O revanchismo deu o tom do Tratado de Versalhes. A Alemanha, considerada culpada, recebeu a conta da guerra: perdia suas colônias, cedia territórios na Europa, perdia seu agressivo potencial militar. Outros tratados desmembraram os impérios Austro-Húngaro e Turco-Otomano. A criação da Liga das Nações (1920) apostava numa solução diplomática e conjunta para enfrentar os problemas futuros. Ela concretizava um dos 14 pontos do presidente Wilson. Mas o próprio congresso norte-americano vetou a participação dos Estados Unidos na Liga. A União Soviética e a Alemanha foram tardiamente convidadas. Os novos países e as novas fronteiras criadas eram na maioria inadequados étnica e estrategicamente. Tal era a paz que deveria durar todo o século XX...

Assinatura do Tratado de Versalhes.

No fundo, os complexos problemas que geraram a Primeira Guerra Mundial receberam apenas uma reforma externa. A grande mudança estrutural ficava por conta da tentativa de construção do socialismo na União Soviética. No mais, prosseguia a selvageria da concorrência internacional. Ainda uma vez, os ideários dos nacionalismos se sobrepuseram, fortalecidos pelos efeitos da guerra. Eles eram visíveis nos princípios de autodeterminação nacional aplicados nos acordos. Tal fervor fortalecia o Estado, visto como responsável pelo bem-estar social e nacional. Mesmo o capitalismo deixou sua tendência à internacionalização para volta a se dobrar sobre o nacionalismo, com alto grau de controle e direção por parte dos governos.


O papel e a tinta dos acordos se mostraram ineficazes quando desacompanhados de atitudes coerentes. Ou enquanto se desejasse apenas fazer um ditado para que outros o copiassem...Os individualismos acabaram transformando a Liga das Nações numa sociedade de debates entre cegos, surdos e mudos, prevalecendo as soluções individuais. Ao lado da ascensão dos fascismos, a União Soviética e os Estados Unidos emergiam, apresentando já os sintomas de uma nova época. O “adeus às armas” foi apenas uma ilusão: havia inúmeras novidades no front...
Fonte: História Geral de Hilário Franco Jr. e Ruy de O. Andrade Filho.

Cultura republicana do Brasil ao longo da década de 30.


Cultura republicana após a Revolução de 1930

Ao longo da década de 30, a cultura caracterizou-se pela incorporação das questões levantadas pelo movimento modernista. Buscando entender o processo constitutivo da sociedade brasileira, vieram à luz nesse período três estudos fundamentais: Casa-grande e senzala (Gilberto Freyre), Raízes do Brasil (Sérgio Buarque de Holanda) e Evolução política do Brasil (Caio Prado Jr.). Participam desse esforço de compreensão e atualização a proliferação de romances regionalistas e a criação da Universidade de São Paulo. Nas artes plásticas, o submundo do trabalho e da vida urbana e rural foi mantido à tona pelo “primeiros modernos” e pelas gerações posteriores.

Gilberto de Mello Freyre (1900 - 1987) Sociólogo, antropólogo, historiador, escritor e pintor.

Sérgio Buarque de Holanda - autor de Raízes do Brasil

Caio Prado Júnior - autor de Evolução política do Brasil.

A partir de então, a busca pela modernidade começou a tingir-se dos matizes ideológicos que sacudiam o mundo após a Revolução Socialista na Rússia e a ascensão de Hitler na Alemanha. A ditadura de Vargas e a explosão da Segunda Guerra Mundial levaram os intelectuais e artistas brasileiros a assumirem abertamente posição à direita e à esquerda. Muitos foram cooptados pelo Estado Novo, passando a ocupar postos-chaves na administração pública. Outros organizaram-se na luta contra o regime autoritário. Vale destacar aqui o I Congresso Brasileiro de Escritores, dirigido por Aníbal Machado e Sérgio Milliet.

Aníbal Machado
Sérgio Milliet


A década de 50, impulsionada pela democratização e plo desenvolvimentismo, revestiu-se de uma atmosfera otimista. Ainda que os contrastes da sociedade brasileira marcassem as representações culturais, a renovação musical produzida pela bossa-nova e a renovação poética do Concretismo traduziam a expectativa do crescimento e da superação dos problemas da nação. O cinema, após a fracassada tentativa da Companhia Vera Cruz, buscava caminhos alternativos aos moldes “hollywoodianos”. Com poucos recursos mas muitas ideias de vanguarda, começava a estabelecer-se o Cinema Novo, trazendo para as telas os impasses da realidade social do país. Ao final da década, a construção de Brasília, projetada por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, consolidava uma linguagem arquitetônica moderna ao sul do Equador.

Oscar Niemeyer

No engajado ambiente dos anos 60, a cultura brasileira conhece um de seus momentos mais profícuos. Jovens intelectuais de esquerda procuravam linguagens artísticas, na música e na dramaturgia, para divulgar seus sonhos libertários e suas utopias socialistas. Tempos dos festivais e do Centro Popular de Cultura. As artes assumiam ainda mais um discurso ideológico, procuravam denunciar a pobreza, o imperialismo, a sociedade de consumo. Entre a herança cultural e social do país e as conquistas tecnológicas do mundo moderno, entre a modernização tão almejada e os problemas da modernidade, o Tropicalismo (de Caetano Veloso, Gilberto Gil e tantos outros) conseguia expressar a ambiguidade da sociedade brasileira. 
Fonte: História do Brasil de Flavio de Campos e Miriam Dolhnikoff.

sábado, 19 de abril de 2014

As relações entre os Estados Unidos e a América Latina.


As relações entre os Estados Unidos e a América Latina

Durante o século XIX, o proverbial isolacionismo norte-americano era apenas uma figura de retórica. Contatando a China, abrindo os portos japoneses e anexando as ilhas havaianas, os Estados Unidos contrapunham a prática à retórica. Seu extraordinário crescimento industrial impeliu-o para a corrida colonialista. Nesse momento, o que todos tinham suposto ser apenas oratória, mostrou-se de extrema serventia prática: a Doutrina Monroe.

Charge sobre a Doutrina Monroe.


                                                           Charge sobre a Doutrina Monroe.

Resumida na célebre frase “a América para os americanos”, a Doutrina Monroe deu o tom para consolidar o “Destino Manifesto” dos Estados Unidos. Idealizada para evitar ingerências europeias em assuntos americanos, serviu de pretexto para os Estados Unidos efetuarem intervenções no continente. No final do século XIX, ela justificava a tentativa de contrabalançar a influência de outros países sobre a América Latina. Logo se criaram os protetorados de Cuba e Porto Rico, herança da Guerra Hispano-americana (1898). Uma ação mais efetiva dos estados Unidos foi inaugurada com Big Stick (grande porrete), no início do século XX. 

Big Stick (grande porrete)

Acionado pelo então presidente Theodore Roosevelt (Corolário Roosevelt), o Big Stick se caracterizava por sucessivas intervenções sempre que houvesse problemas e desordens nas nações latino-americanas. Dessa política, um clássico exemplo é a questão do canal do Panamá.

Canal do Panamá.

A recomposição mundial após a Primeira Guerra tornou inadequado o intervencionismo do Big Stick. A diplomacia e o controle indireto pareciam melhores para a segurança dos Estados Unidos. Daí o Corolário Roosevelt ser substituído pela Política da Boa Vizinhança. A influência europeia recuou e abriu maiores espaços para os norte-americanos, panorama que se consolidou também durante a Segunda Guerra Mundial. O início da Guerra Fria, todavia, recuperou os mecanismos intervencionistas. O temor da expansão socialista, especialmente após a revolução cubana, justificou o recrudescimento do “Estado policialesco” , papel que os Estados Unidos desempenharam sob o pretexto da defesa do “mundo livre”.

Considerações estratégicas e econômicas mantiveram, às vezes à custa de golpes de estado, a hegemonia norte-americana. O desenvolvimento da Coexistência Pacífica e a abertura da União Soviética, contudo, criam novas expectativas. À queda dos ditadores sobrepõe-se um caminho ainda obscuro aos países latino-americanos. As questões da liberdade e do subdesenvolvimento se somam aos vícios e ao nepotismo dos governos. É o início de uma luta surda para escapar à herança de colonizadores tão pouco “corteses”.
Fonte: História Geral de Hilário Fanco Jr. e Ruy de O. Andrade Filho.

Oposição política e luta armada na ditadura militar no Brasil.


Oposição política e luta armada durante a Ditadura Militar.

As restrições políticas impostas pelo governo militar desencadearam uma imensa onda de protestos no país. Antigos aliados, descontentes com o endurecimento do regime, juntavam-se à oposição. O ex-governador do estado da Guanabara, Carlos Lacerda, inimigo histórico dos líderes trabalhistas e um dos principais articuladores do golpe de 64, rompia com o governo militar e coordenava uma Frente Ampla pela redemocratização, juntamente com o presidente deposto João Goulart e o ex-presidente Juscelino Kubitschek.

Carlos Lacerda
João Goulart



Grandes manifestações estudantis exigiam o fim da ditadura militar, tornando os confrontes com a polícia cada vez mais frequentes. O movimento operário ressurgia nas greves de Contagem e Osasco, ambas prontamente reprimidas. O governo não cedeu às pressões populares, intensificando ainda mais a repressão política.

Movimento operário.

No final de 1968, o Congresso Nacional é fechado, e novamente parlamentares e cidadãos têm seus direitos políticos cassados, a censura à imprensa é institucionalizada e intensifica-se a perseguição aos oposicionistas. A partir daí, a luta política seria profundamente alterada. Como em outros países do mundo, na mesma época, a juventude brasileira sonhava em tomar o poder. Muitos grupos de esquerda, compostos em sua maioria por estudantes, trocaram a resistência civil pela luta armada contra o regime. Guerrilhas urbanas e rurais foram organizadas com a expectativa de tentar derrubar o governo militar e estabelecer uma república socialista no Brasil. Sequestros foram realizados para libertar militantes aprisionados.


Um grande aparato repressivo, ligado ao poder executivo federal, foi montado para combater as forças de oposição. O Brasil vive a sua “guerra suja”: centenas de militantes de esquerda são torturados nas prisões e muitos passam a integrar as listas de “desaparecidos”. Devido à grande inferioridade militar, ao isolamento do restante da sociedade, às suas divisões frequentes e à eficácia dos órgãos repressores, a tentativa guerrilheira é derrotada.
Vitoriosos, os militares inundam o país com uma intensa guerra de propaganda. 


O tricampeonato mundial de futebol de 1970 ajuda na elaboração de slogans ufanistas: “Este é um país que vai para frente”, “Ninguém segura este país”, “Brasil: ame-o ou deixe-o”. Era o regime militar tentando tornar-se sinônimo da própria nação.
Fonte: História do Brasil de Flavio de Campos e Miriam Dolhnikoff.


sexta-feira, 18 de abril de 2014

A Primeira Guerra Mundial.


A primeira Guerra Mundial

No final do século XIX, o centro do mundo ainda se encontrava na Europa. Controlando os mares e o maior império colonial do mundo, a Inglaterra despontava dominante. A França poderia fazer-lhe sombra, mas se embaraçava com questões de política interna e continental. As unificações da Itália (1870) e da Alemanha (1871) não pareciam, à primeira vista, poder abalar o reinado britânico. Tampouco se acreditava em ameaças partindo do multinacional Império Austro-Húngaro ou do anacrônico absolutismo russo. No Mediterrâneo oriental e Oriente Médio, desagregava-se o outrora ameaçador e poderoso Império Turco-Otomano, agora chamado “o enfermo do Levante”. Fora da Europa, apenas os Estados Unidos e o Japão apareciam como potências.

Inglaterra seguida da França eram dominantes.

Mas a Belle Époque caminhava para seu fim. Entre 1873 e 1875, uma crise de superprodução começou a abalar o frágil equilíbrio europeu. A crise expôs problemas: o capital acumulado necessitava de constante expansão, fosse ela técnica ou territorial. As pressões demográficas também marcaram presença, tornando mais forte o contraste entre a riqueza de poucos e a miséria de muitos.

Belle Époque

Soma-se a essas questões a busca de mercados empreendida pelas recém-formadas Itália e Alemanha. Tardiamente unificados, pouco restou da Ásia e da África para esses países. Inaugurada por Bismarck com o intuito de isolar a França, a Política de Alianças, no início do século XX, passou a congregar os interesses nacionalistas e imperialistas. A Alemanha, a Itália e o Império Austro-Húngaro compuseram a Tríplice Aliança. Em contrapartida, a Tríplice Entente congregou a Inglaterra, a França e a Rússia.


Sem elos que pudessem aproximar essas alianças, a desenfreada competição entre os países criou um clima de suspeita e insegurança entre as nações. Nasceu a crença de que a paz e os interesses nacionais só seriam respeitados á medida que se pudesse fazê-los valer pela força. Uma corrida armamentista acentuou, então, o processo de crises: era a Paz Armada, a vizinhança da guerra.

Ilustração feita em 1914 mostra o atentado em Sarajevo conta o herdeiro austríaco Francisco Ferdinando.


Por algum tempo a diplomacia conseguiu adiá-la. Mas tinha sido a diplomacia mesmo quem criara o sistema de alianças, inviabilizando as neutralidades. O nacionalismo sustentava os interesses imperialistas, e o incêndio se iniciou a partir do nacionalismo sérvio e da questão balcânica. Dos Balcãs a guerra logo se propaga para toda a Europa e controlável. No entanto, a festa que acompanhava as partidas das tropas em 1914 foi rapidamente substituída pelos horrores da guerra moderna. O rasgar das trincheiras marcou profundamente o solo e a alma dos europeus. Perplexidade, ceticismo, desilusão e morte encerram a Belle Époque.
Fonte: História Geral de Hilário Franco Jr. e Ruy de O. Andrade Filho.

Ditadura Militar no Brasil.


A consolidação da República Militar no Brasil

Com poucas experiências democráticas, diversas vezes interrompidas por golpes civis e militares, a história da América Latina caracteriza-se por uma constantes instabilidade política. Uma onda de levantes autoritários varreu o continente a partir de 1953. As gritantes diferenças sociais entre ricos e pobres nesses países levaram vários líderes políticos a ensaiarem reformas nas estruturas socioeconômicas. Qualquer tentativa reformista, a curto prazo, sempre contrária aos interesses dominantes, era invariavelmente impedida, em geral com ajuda norte-americana.
Presidente Castelo Branco 

No Brasil, o golpe militar começou a ser planejado na Escola Superior de Guerra (ESG) a partir da década de 50. Criada em 1948, subordinada às Forças Armadas e intimamente ligada aos órgãos de defesa dos Estados Unidos, a ESG teve um papel decisivo na formação política e intelectual dos principais líderes militares brasileiros, insatisfeitos e inquietos com a democracia do período populista. De seu ponto de vista, a defesa interna do país articulava-se à defesa externa. Assim, do mesmo modo  que se deveriam eliminar da vida pública os representantes da esquerda política (os chamados inimigos internos), o Brasil deveria aliar-se aos países que combatiam o bloco soviético (os chamados inimigos externos). A democracia tinha de ser tutelada pelo poder militar.


Ditadura Militar.

Presidente Artur Costa e Silva.

Depois de uma série de cassações políticas que alteraram sua composição, o Congresso Nacional escolheu o General Castelo Branco para ocupar a Presidência da República. As eleições presidenciais, inicialmente marcadas para 1965, foram adiadas devido ao resultado conseguido pela oposição nos pleitos estaduais. Os antigos partidos foram então extintos, e em 1966 instituiu-se o bipartidarismo. Os cidadãos perderam o direito de eleger diretamente o presidente e os governadores. Os setores mais radicais do movimento de 64 ganhavam força, e, em 1967, o Congresso Nacional escolhia o General Artur Costa e Silva como sucessor de Castelo Branco. A chamada linha dura consolidava-se no poder.
Fonte: História do Brasil de Flavio de Campos e Miriam Dolhnikoff.



O imperialismo.


O imperialismo

No final do século XVIII e durante o século XIX, foram muitos os avanços técnicos e científicos, mas foram poucos os capitalistas que tiveram acesso a esse conjunto de inovações. A maior produtividade reduzia o preço de custo, tornando inviável a sobrevivência de pequenos e médios empresários industriais. A oferta de mercadorias se avolumava e a formação de um mercado mundial gerava uma guerra surda entre as nações tecnologicamente avançadas. Paralelamente à concorrência internacional, crescia a necessidade de matérias-primas, de mercados consumidores. Pressionados pelos grandes conglomerados industriais, os governos retomavam as práticas protecionistas. Mas a insuficiência do mercado interno e as barreiras da concorrência internacional não conferiam eficácia a essas atitudes. Era necessário tentar monopolizar novos mercados.

Partilha da África e da Ásia

Desde o início do século XIX, a Inglaterra, primeiro país a sentir as pressões da Revolução Industrial, conseguiu vincular a independência política da América Ibérica a seu domínio econômico. Tratava-se de um domínio indireto, mas não menos eficaz. Era o início do chamado imperialismo informal, que, logo outras nações da Europa também poriam em prática. Indireta sobre a América Latina, essa política ganhou contornos colonialistas sobre a Ásia e a África, onde se estabeleceu o imperialismo formal.


Na prática, a política imperialista e colonialista das potências industrializadas diferiu bastante daquela aplicada durante a Idade Moderna. Nesse primeiro período, buscavam-se metais preciosos e especiarias, agindo-se principalmente sobre a América, através da política mercantilista. No século XIX, o colonialismo é regido pelo capital industrial e financeiro, visando obter matérias-primas, mercados consumidores, alocar o excedente populacional das metrópoles, encontrar mão-de-obra barata, controlar pontos estratégicos e aplicar as sobras de capitais.




Diversas posturas tentaram justificar a ação do imperialismo formal: uma delas se revestia de um caráter evangelizador, outra, fundamentada na concepção de ciência (como sendo aquilo que se pode demonstrar), criou o mito da superioridade da civilização europeia. Esta última entendia o colonialismo do século XIX como uma difusão da civilização europeia ocidental, que arrancaria da barbárie os demais povos. Para seus seguidores, era uma atitude filantrópica, uma missão civilizadora. Todos os barbarismos, aviltamentos e violências cometidas pelos colonizadores europeus na Ásia e na África, sob o prisma da tarefa civilizatória, eram para os colonialistas “o fardo do homem branco”.
Fonte: História Geral de Hilário Franco Jr. e Ruy de O. Andrade Filho.

O fim da República Populista no Brasil.


O fim da República Populista no Brasil

No início dos anos 60, a polarização ideológica no Brasil atingiu seu ponto máximo. Nas Forças Armadas, na Igreja Católica, no meio estudantil, conservadores confrontavam-se com reformistas e radicais. Empresários e proprietários rurais, reunidos  em suas respectivas instituições de classe, tentavam fazer frente às organizações de operários e camponeses. No Congresso, blocos suprapartidários também expressavam essa radicalização. Assim, à direita surgia a Aliança Democrática Parlamentar e à esquerda a Frente Parlamentar Nacionalista. Manifestações públicas, revoltas, comícios e greves incorporavam-se ao dia-a-dia da sociedade brasileira.

Forças Armadas
Igreja Católica
Manifestação de Estudantes na década de 60.

Ligas Camponesas

O desenvolvimento econômico havia sido impulsionado por um arranjo político extremamente instável: ao mesmo tempo que crescia o capital empresarial, mantinha-se uma brutal concentração de renda. As classes trabalhadores, por sua vez, recebiam benefícios que representavam uma pequena melhoria em suas condições sociais, o que foi possível por meio de práticas populistas. Através de sua mobilização, o operariado obteve alguma inserção nas decisões nacionais, sem que, entretanto, ocorressem mudanças significativas, como no caso da estrutura fundiária. Essa situação, porém, se tornaria mais instável numa conjuntura econômica menos favorável. Com a alta crescente no custo de vida das camadas mais pobres, intensificaram-se as reivindicações populares, enquanto a posição das elites tornava-se mais rígida. O governo João Goulart, que a princípio tentara equilibrar-se sobre as pressões políticas, atendendo às reivindicações populares, acabou por anunciar reformas sociais. Diante disso, os grupos dominantes intensificaram a desestabilização do regime.

Jango defende as reformas de base na Central do Brasil no dia 13 de março de 1964 (Arquivo Nacional / Correio da Manhã)


Em 31 de março de 1964 foi afinal desencadeado o golpe militar que encerraria a curta experiência democrática brasileira. Tropas legalistas enviadas para combater os militares rebelados acabaram por aderir ao levante. O movimento popular permaneceu inerte, surpreso com a derrubada de Goulart, que tomou o caminho do exílio rumo ao Uruguai. Desta vez não haveria a mesma resistência democrática de 1961. Nos dias seguintes milhares de manifestantes saudavam os revoltosos. A UDN chegava enfim ao poder. 
Fonte: História do Brasil de Flavio de Campos e Miriam Dolhnikoff.