Nada é Definitivo!

"Como o nome do Blog diz, não existe uma única verdade, portanto, sempre temos que investigar tudo o que nos dizem sobre a história, para que possamos chegar mais próximos de uma verdade. Este blog é apenas um dos vários caminhos que existem, sejam bem vindos."

sexta-feira, 23 de maio de 2014

A transição democrática no Brasil.


A transição democrática no Brasil

Mesmo com a vitória do PMDB no Colégio Eleitoral, o fim da ditadura deu-se de maneira “lenta e gradual”, como havia sido concebido por alguns militares. A aliança com dissidentes do PDS, integrados à nova equipe de governo, permitiu que antigos colaboradores do regime militar permanecessem ainda no poder. A morte súbita de Tancredo Neves levou o então vice-presidente José Sarney à Presidência do país em 1985. Ex-dirigente da Arena e do PDS, seu nome revelava que o governo civil, chamado de “Nova República”, não era assim tão novo.

Tancredo Neves.
José Sarney


A tentativa de estabelecimento de uma ordem democrática impunha a elaboração de uma nova Constituição para remover a legislação do governo militar. Assim, nas eleições estaduais de 1986 foram atribuídos poderes constituintes aos deputados federais e senadores também eleitos. Apoiado no prestígio popular de um plano econômico que se pretendia capaz de resolver os problemas do país a curto prazo, o PMDB elegeu quase a totalidade dos governadores. No Congresso Constituinte, ainda que sua bancada estivesse extremamente dividida em termos ideológicos, obteve a maioria absoluta dos parlamentares. Inchado pelo ingresso de políticos recém-saídos do PDS (que se enfraquecia enquanto terminava o governo militar do qual era apoio), o PMDB, maior partido brasileiro, estava agora dominado por conservadores, ex-aliados e simpatizantes do antigo regime. A Constituição refletiria essa composição.

As primeira eleições diretas para a Presidência da República só seriam marcadas para 1989, e seu resultado demonstrou o desgaste do PMDB junto ao eleitorado. Co-responsável por um governo instável e pela grave crise econômica do país, o candidato do partido, Ulysses Guimarães, um dos principais líderes da oposição durante a ditadura, amargou uma votação inexpressiva. Suplantando os candidatos considerados favoritos e habilitando-se para disputar o segundo turno das eleições, no primeiro turno surpreenderam o país Fernando Collor de Mello, ex-prefeito de Maceió (nomeado durante o governo militar) e ex-governador de Alagoas (eleito pelo PMDB), e o metalúrgico Luís Inácio Lula da Silva, um dos fundadores do PT.
Ulysses Guimarães
Fernando Collor de Mello
Luís Inácio Lula da Silva

Povo nas ruas pedindo o Impeachment do Collor.



A Sociedade brasileira esperava por mudanças reais, e os dois candidatos foram os que melhor souberam canalizar essa expectativa. Depois de uma disputa acirrada e tensa, em que o eleitorado brasileiro praticamente dividiu-se ao meio, Fernando Collor conseguiria eleger-se presidente do Brasil. Essas eleições, as primeiras depois de vinte e nove anos, marcaram uma nova tentativa de consolidação do regime democrático representativo numa formação histórica enraizadamente autoritária. O principal teste da democracia brasileira, entretanto, viria quase três anos depois. Diante das evidências de corrupção no governo, o Congresso, obedecendo as regras constitucionais, afastou Collor da presidência. Impeachment.
Fonte: História do Brasil de Flavio de Campos e Miriam Dolhnikoff.

Nenhum comentário:

Postar um comentário