Nada é Definitivo!

"Como o nome do Blog diz, não existe uma única verdade, portanto, sempre temos que investigar tudo o que nos dizem sobre a história, para que possamos chegar mais próximos de uma verdade. Este blog é apenas um dos vários caminhos que existem, sejam bem vindos."

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Simon Bolívar "El Libertador"

O Pai da Independência Sul-Americana:

Simon Bolívar é frequentemente chamado de "o George Washington" da América Latina. Ele é considerado o responsável pela libertação de cinco países sul-americanos do domínio espanhol: Venezuela, Colômbia, Bolívia, Peru e Equador.
Simon Bolívar nasceu no dia 24 de julho de 1783 em Caracas, na Venezuela. De família aristocrata, descendente de espanhóis, ele tornou-se órfão aos 9 anos. Ainda muito jovem, visitou diversos países europeus, e foi enviado em 1799 a Madri, na Espanha, para completar sua educação. Aos 18 anos, Bolívar casou-se com Maria Teresa de Toro e, em 1802, o casal foi a Caracas, aonde, após seis meses de matrimônio, a jovem veio a falecer.



Em 1804, Bolívar retornou à Europa, visitando a França e a Itália. Ele ficou extremamente impressionado com Napoleão Bonaparte, que havia se coroado imperador, e o jovem Bolívar então passou a sonhar em ter a glória semelhante. Quando Bolívar foi a Roma, fez seu famoso juramento, no Monte Sacro, de libertar a América do Sul.
Em 1808, Napoleão Bonaparte invadiu a Espanha, depôs a dinastia Bourbon e nomeou seu irmão José como rei espanhol. Todas as colônias espanholas recusaram-se a reconhecer a autoridade de Bonaparte. Alguns continuaram aderindo à família real espanhola, enquanto outros decidiram perseguir a independência.
A revolução contra o domínio espanhol teve início na Venezuela, em 1810, com a deposição do governante espanhol. Uma declaração formal de independência foi feita em 1811, e no mesmo ano, Bolívar tornou-se oficial do exército revolucionário. Porém, em 1812, tropas espanholas retomaram o poder na Venezuela. O líder da revolução venezuelana, Francisco Miranda, foi preso e Bolívar deixou o país.


Nos anos seguintes ocorreram diversas guerras. As vitórias venezuelanas eram seguidas por derrotas esmagadoras, mas Bolívar nunca desistiu. Finalmente, em 1819, Bolívar liderou seu pequeno exército ao longo de rios e vales, e nas altas trilhas dos Andes, para atacar as tropas espanholas na Colômbia. Ele venceu a importante Batalha de Boyaca, em 7 de agosto de 1819, e a República da Colômbia foi proclamada em dezembro do mesmo ano. Em 1821, Bolívar finalmente libertou a Venezuela na Batalha de Carbobo e um de seus mais talentosos oficiais, Antonio José de Sucre, libertou o Equador na Batalha de Pichincha, em maio de 1822.
Enquanto isso, o patriota argentino José de San Martin libertava a Argentina e o Chile, e iniciava a libertação do Peru. Simon Bolívar e José de San Martin se reuniram na cidade de Guayaquil, no Equador, no verão de 1822, mas não chegaram a um acordo sobre unir suas forças para combater os espanhóis. San Martin não queria se envolver numa luta por poder com Bolívar, pois isso beneficiaria a Espanha. Portanto, ele renunciou à sua posição como Protetor do Peru, deixando o poder para Bolívar e emigrou da América do Sul. Bolívar chegou ao Peru em 1823 e prevaleceu sobre o governo real espanhol na Batalha de Junin, em agosto de 1824. Mas foi Sucre que assegurou uma vitória total, ao esmagar as tropas espanholas em Ayacucho, em dezembro de 1824. A guerra pela independência estava vencida!


Após as vitórias militares, Simon Bolívar encontrava-se em uma posição extraordinária. Ele era presidente da Colômbia, ditador do Peru e presidente da recém-formada Bolívia, região que havia sido chamada de Alto Peru nos tempos coloniais. O novo país foi nomeado em sua homenagem.    
Após realizar seu sonho de libertar seu país e outras nações sul-americanas do controle espanhol, o objetivo seguinte de Simon Bolívar foi de o de se tornar um líder e estadista sul-americano. Bastante impressionado com os Estados Unidos da América, onde diversos estados haviam se unido para formar um único país, Bolívar planejou realizar uma federação das nações da América do Sul. De fato, Venezuela, Colômbia e Equador já constituíam a República da Grande Colômbia, sob a presidência de Bolívar. Mas diferentemente dos Estados Unidos, as tendências de independência nacional no continente não podiam ser ignoradas. Quando Bolívar convocou o Congresso das Nações da América Hispânica, em 1826, apenas quatro países compareceram.

Simon Bolívar e José de San Martin

No entanto, ao invés de mais países se unirem à Grande Colômbia, o oposto ocorreu: a república começou a se repartir. Para agravar a situação, uma guerra civil irrompeu na Colômbia em 1826. Bolívar tentou evitar uma separação definitiva das regiões em conflito. Ele conseguiu que ocorresse uma reconciliação temporária e convocou uma nova assembléia constituinte em 1828, mas não concordou com as deliberações do corpo legislativo e assumiu poderes ditatoriais temporariamente. A oposição a Bolívar começou a crescer repentinamente e em 25 de setembro de 1828, ele escapou por pouco de uma tentativa de assassinato.

Bolívar não conseguiu manter a confederação dos países da América do Sul. Por volta de 1830, Venezuela e Equador já haviam deixado a união, e Bolívar, percebendo que suas ambições políticas eram uma ameaça à paz regional, renunciou em abril do mesmo ano. Quando faleceu, em 17 de dezembro de 1830, ele estava deprimido, pobre, e havia sido exilado de seu país de origem, a Venezuela. Ele morreu de tuberculose em Santa Marta, na Colômbia.
Simon Bolívar morreu odiado por seus inimigos e exilado de seu próprio país. Todavia, após sua morte, sua reputação foi restaurada e ele obteve fama de proporções quase mitológicas. Foi, sem dúvida, um líder marcante. Um homem ambicioso, às vezes assumia posturas de ditador; porém, ele esteve sempre mais preocupado em preservar a democracia e assegurar o bem-estar de seu povo do que com suas ambições pessoais. O trono lhe foi oferecido, mas ele o recusou. Presume-se que ele considerava seu título de "El Libertador" maior que qualquer título real.

Não há dúvidas de que Bolívar foi o principal líder na libertação das colônias espanholas na América do Sul. Mesmo antes de iniciar sua campanha militar, ele já havia escrito cartas, publicações em jornais e feito discursos a favor da independência. Posteriormente, ele arrecadou fundos para financiar as guerras, e foi o principal líder das forças revolucionárias.
Não obstante, ele não pode ser considerado um grande general. Os exércitos que ele derrotou não eram poderosos. Bolívar não foi um estrategista militar, porém possuía algo extremamente valioso: sua firme determinação a despeito de qualquer obstáculo. Mesmo após sofrer tantas derrotas contra os espanhóis, ele re-agrupou suas tropas e continuou a lutar. Outros provavelmente teriam desistido.

Em algumas maneiras, Simon Bolívar foi ainda mais notável que o pai da independência norte-americana, George Washington. Diferente de Washington, Bolívar libertou qualquer escravo que encontrava durante suas batalhas e tentou abolir a escravidão em todo território que ele libertou. Não obstante, mesmo após sua morte, a escravidão continuou existindo nas ex-colônias espanholas na América Latina. 
Simon Bolívar era um romântico e um idealista, com grandes ambições políticas. Mas ele não dava muita importância ao dinheiro; entrou na política como um homem rico e faleceu muito pobre. Ainda hoje, Bolívar continua sendo um dos maiores heróis na história da América do Sul.

Fonte: www.10emtudo.com.br

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Prefeito de São Paulo anuncia mudanças significativas na rede municipal de ensino.

Entendo que já estava na hora de ocorrer mudanças, pois não dar para admitir alunos completamente desinteressados com o ensino, desrespeitando professores e no final ainda são agraciados com avanço para próxima série sem muitas vezes fazer por merecer.
A família também tem que participar, assim, com a medida de enviar os boletins para casa quem sabe alguns pais possam participar mais da vida escolar de seus filhos e exigir mais.
O que o Prefeito não pode esquecer é do investimento no professor, pois este é a peça chave da engrenagem.
Contratar mais professores, salário digno, valorização aos bons profissionais e exigir a diminuição de faltas daqueles que não estão compromissados com a educação.
Vamos acreditar!
Segue abaixo as propostas do prefeito.

Entre novidades anunciadas por Haddad para a rede municipal estão o retorno de exigências antigas, como provas bimestrais e mais possibilidades de repetência
Os alunos da rede municipal de ensino fundamental de São Paulo passarão a ter provas bimestrais obrigatórias, pelas quais receberão notas de zero a 10, e seus pais vão receber boletins em casa com o seu desempenho a partir do próximo ano. Além disso, aqueles que não obtiverem resultado satisfatório nas avaliações terão que passar por recuperação no contraturno e até nas férias. Essas exigências, tradicionais nas escolas no passado, fazem parte de uma série de medidas integrantes do plano Mais Educação, apresentadas como novas pelo prefeito Fernando Haddad para melhorar a qualidade da rede escolar da cidade.
“O objetivo é aumentar a exposição de toda a cidade à educação”, afirmou o prefeito a jornalistas na quarta-feira.
Na reorganização do ensino fundamental que Haddad anuncia nesta quinta-feira, a prefeitura vai alterar os ciclos e aumentar a possibilidade de repetência. Atualmente, os alunos podem ficar retidos apenas no 5º ano e no 9º ano. Na nova configuração, haverá três ciclos: de alfabetização (1º ao 3º ano), interdisciplinar (4º ao 6º ano) e autoral (7º ao 9º ano). Ao final do primeiro, segundo e na 7ª, 8ª e 9ª série do terceiro ciclo, aqueles que não aprenderam o mínimo que deveriam podem ser obrigados a repetir de ano.
“Com isso, você resgata alguns marcos para dar referências para o professor e o aluno daquilo que precisa ser compreendido e assimilado até aquele momento. E referências são importantes”, explica Haddad.
Mas o prefeito promete que várias ações serão implantadas para evitar que os alunos cheguem ao final dos ciclos sem terem aprendido o necessário. No primeiro deles, o objetivo é garantir que todas as crianças estejam alfabetizadas até os 8 anos de idade, meta estabelecida também pelo Ministério da Educação através do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa.
No segundo, o aluno passa a ter mais disciplinas, com um professor âncora até o sexto ano, não mais só até o quinto, e outros docentes que orientarão o desenvolvimento de projetos. Segundo Haddad, isso deve diluir o choque da mudança entre o universo do “único professor para o universo de vários professores”, que normalmente ocorre no quinto ano.
E finalmente, no último, o autoral, o aluno passa ater docentes especialistas para todas as disciplinas e terá a possibilidade de fazer dependência de algumas delas, sem precisar passar pela repetência.
Embora o número de anos em que pode haver retenção tenha sido ampliado de dois para cinco, a prefeitura acredita que as novas exigências, como provas bimestrais com nota, lição de casa obrigatória e recuperação, tanto no contraturno como nas férias, farão com que menos alunos deixem de seguir o fluxo escolar.
Além de mudanças na organização curricular e de avaliação, o plano Mais Educação inclui promessas de construção de creches , escolas de ensino infantil e 20 novos CEUs (Centro de Educação Unificado), que também se transformarão em pólos da Universidade Aberta do Brasil (UAB) para oferecer cursos de graduação, especialização e mestrado a distância para professores.
Fonte: Último Segundo.


sábado, 10 de agosto de 2013

PONTOS CARDEAIS.

Você sabe o que são os Pontos Cardeias e a Rosa dos Ventos?

Pontos cardeais são os pontos básicos para determinar as direções e são concebidos a partir da posição na qual o Sol se encontra durante o dia.
Os quatro pontos são: Norte (sigla N), denominado também de setentrional ou boreal; Sul (S), chamado igualmente de meridional ou austral; Oeste (O ou W), conhecido também como ocidente; e Leste (E), intitulado de oriente.
Os pontos que se encontram no meio dos pontos cardeais. Esses pontos intermediários são denominados de pontos colaterais: Sudeste (entre sul e leste e sigla - SE), Nordeste (entre norte e leste - NE), Noroeste (entre norte e oeste - NO) e Sudoeste (entre sul e oeste - SO).
Existem ainda maneiras mais precisas de orientação, oriundas dos pontos cardeais e colaterais. Esses são conhecidos por pontos subcolaterais que se encontram no intervalo de um ponto cardeal e um colateral, que totalizam oito pontos. São eles: norte-nordeste (sigla NNE), norte-noroeste (NNO), este-nordeste (ENE), este-sudeste (ESE), sul-sudeste (SSE), sul-sudoeste (SSO), oeste-sudoeste (OSO) e oeste-noroeste (ONO).

Uma forma iconográfica de mostrar os pontos é a rosa dos ventos, chamada também de rosa dos rumos e rosa-náutica.
Rosa dos Ventos

Guerra do Paraguai.

O Que foi a Guerra do Paraguai

A Guerra do Paraguai foi um conflito militar que ocorreu na América do Sul, entre os anos de 1864 e 1870. Nesta guerra o Paraguai lutou conta a Tríplice Aliança formada por Brasil, Argentina e Uruguai.

Causa principal:

- Pretensões do ditador paraguaio Francisco Solano Lopes de conquistar terras na região da Bacia do Prata. O objetivo do Paraguai era obter uma saída para o Oceano Atlântico.

Início e desenvolvimento do conflito:

- A guerra teve início em novembro de 1864, quando um navio brasileiro foi aprisionado pelos paraguaios no rio Paraguai.

- Em dezembro de 1864, o Paraguai invadiu o Mato Grosso.

- No começo de 1865, as tropas paraguaias invadiram Corrientes (Argentina) e logo em seguida o Rio Grande do Sul.

- Em 1 de maio de 1865, Brasil, Argentina e Uruguai selam um acordo para enfrentar o Paraguai. Contam com a ajuda da Inglaterra.

- Em 11 de junho de 1865 ocorreu um dos principais enfrentamentos da guerra, a Batalha de Riachuelo. A vitória brasileira neste enfrentamento naval foi determinante para a derrota do Paraguai.

- Em abril de 1866 ocorreu a invasão do Paraguai.

- Em 1869, sob a liderança de Duque de Caxias, os militares brasileiros chegam a Assunção.

- A guerra terminou em 1870 com a morte de Francisco Solano Lopes em Cerro Cora.


Saldo e consequências da Guerra:

- Nesta guerra morreram cerca de 300 mil pessoas (civis e militares);

- Cerca de 20% da população paraguaia morreu na guerra;

- A indústria paraguaia foi destruída e a economia ficou totalmente comprometida;

- O prejuízo financeiro para o Brasil, com os gastos de guerra, foi extremamente elevado e acabou por prejudicar a economia brasileira.

- A Inglaterra, que apoiou a Tríplice Aliança, aumentou sua influência na região. 
Fonte: www.historiadobrasil.net


Texto 2: Guerra do Paraguai - elaborado por Cristiana Gomes: 

A Guerra do Paraguai foi o mais longo e sangrento conflito ocorrido na América do Sul.
Durante 5 anos, o Brasil, a Argentina e o Paraguai, apoiados financeiramente pela Inglaterra, travaram esta batalha que traria sérias conseqüências.
O Paraguai – juntamente com a Argentina e o Uruguai – estavam sob o domínio espanhol e faziam parte do vice-reino do Prata. Não tinha acesso direto ao mar, o rio da Prata era seu principal meio de contato com o mundo exterior e dependia de Buenos Aires, que controlava o estuário.
Para não ser dependente do exterior, o Paraguai desenvolveu uma política interna iniciada pelo ditador Francia e aprimorada pelos seus sucessores – Carlos Antônio López e seu filho Francisco Solano López.

Francia transformou latifúndios em fazendas do Estado, diversificou a economia, monopolizou o comércio exterior e confiscou as propriedades dos grandes empresários rurais. Seus sucessores mantiveram e ampliaram essa política que trouxe como conseqüência uma economia sólida e uma força militar considerável.
O Paraguai era um dos países mais desenvolvidos da América do Sul, se equiparava aos Estados Unidos do mundo atual. Todo esse avanço amedrontava os ingleses que estavam à procura de novos mercados consumidores.
Brasil e Argentina estavam integrados à nova ordem mundial dominada pela Inglaterra; mas o Paraguai não estava.
Em 1º de maio de 1865, Brasil, Argentina e Uruguai formaram a Tríplice Aliança apoiados pelos ingleses.

Por causa das péssimas condições do exército brasileiro (mal-organizado e pequeno) o Brasil recorreu à Guarda Nacional e aos Voluntários da Pátria para enfrentar o Paraguai.
Nas batalhas que se seguiram os aliados saíram vencedores.
Em 1866, um desentendimento entre Uruguai e Argentina fez com que esses dois países se retirassem da Guerra e deixassem o Brasil lutando sozinho no conflito.
No final desse mesmo ano, as tropas brasileiras foram entregues a Duque de Caxias que reorganizou o exército facilitando mais vitórias, dentre elas a queda da resistência paraguaia em Humaitá (seu principal ponto de defesa) e várias outras vitórias.
Em 1869, Caxias chegou a Assunção; porém, Solano López resistiu e em 1º de março de 1870 foi derrotado e morto.

Mesmo com o fim da guerra, a paz só foi estabelecida em 1876 na Conferência de Buenos Aires.
Ao final do conflito, o Paraguai estava destruído. As terras pertencentes aos pequenos produtores foram vendidas a estrangeiros, que passavam a cobrar para que os antigos donos pudessem trabalhar nelas.

A guerra também trouxe conseqüências para o Brasil: a popularidade de D. Pedro II caiu e a oposição aumentou com os movimentos abolicionistas e republicanos ganhando as ruas.
Estava preparado o terreno para o fim da monarquia.
Durante a Guerra do Paraguai, o Brasil viveu uma política de Conciliação (entre 1853 e 1868), que consistiu numa alternância entre liberais e conservadores no poder. Porém vários fatores, dentre eles, a própria Guerra contribuíram para o término dessa política.

Fonte: http://www.infoescola.com

Navegações Portuguesas.

Alguns textos para analisarmos e compararmos sobre as Navegações Portuguesas.


Navegações Portuguesas: texto 1
Introdução
Durante os séculos XV e XVI, os europeus, principalmente portugueses e espanhóis, lançaram-se nos oceanos Pacífico, Índico e Atlântico com dois objetivos principais : descobrir uma nova rota marítima para as Índias e encontrar novas terras. Este período ficou conhecido como a Era das Grandes Navegações e Descobrimentos Marítimos.
Os objetivos
No século XV, os países europeus que quisessem comprar especiarias (pimenta, açafrão, gengibre, canela e outros temperos), tinham que recorrer aos comerciantes de Veneza ou Gênova, que possuíam o monopólio destes produtos. Com acesso aos mercados orientais - Índia era o principal - os burgueses italianos cobravam preços exorbitantes pelas especiarias do oriente. O canal de comunicação e transporte de mercadorias vindas do oriente era o Mar Mediterrâneo, dominado pelos italianos. Encontrar um novo caminho para as Índias era uma tarefa difícil, porém muito desejada. Portugal e Espanha desejavam muito ter acesso direto às fontes orientais, para poderem também lucrar com este interessante comércio.
Um outro fator importante, que estimulou as navegações nesta época, era a necessidade dos europeus de conquistarem novas terras. Eles queriam isso para poder obter matérias-primas, metais preciosos e produtos não encontrados na Europa. Até mesmo a Igreja Católica estava interessada neste empreendimento, pois, significaria novos fiéis.
Os reis também estavam interessados, tanto que financiaram grande parte dos empreendimentos marítimos, pois com o aumento do comércio, poderiam também aumentar a arrecadação de impostos para os seus reinos. Mais dinheiro significaria mais poder para os reis absolutistas da época (saiba mais em absolutismo e mercantilismo).

Pioneirismo português
Portugal foi o pioneiro nas navegações dos séculos XV e XVI devido a uma série de condições encontradas neste país ibérico. A grande experiência em navegações, principalmente da pesca de bacalhau, ajudou muito Portugal. As caravelas, principal meio de transporte marítimo e comercial do período, eram desenvolvidas com qualidade superior à de outras nações. Portugal contou com uma quantidade significativa de investimentos de capital vindos da burguesia e também da nobreza, interessadas nos lucros que este negócio poderia gerar. Neste país também houve a preocupação com os estudos náuticos, pois os portugueses chegaram a criar até mesmo uma centro de estudos : A Escola de Sagres.
Planejamento das Navegações
Navegar nos séculos XV e XVI era uma tarefa muito arriscada, principalmente quando se tratava de mares desconhecidos. Era muito comum o medo gerado pela falta de conhecimento e pela imaginação da época. Muitos acreditavam que o mar pudesse ser habitado por monstros, enquanto outros tinham uma visão da terra como algo plano e , portanto, ao navegar para o "fim" a caravela poderia cair num grande abismo.
Dentro deste contexto, planejar a viagem era de extrema importância. Os europeus contavam com alguns instrumentos de navegação como, por exemplo: a bússola, o astrolábio e a balestilha. Estes dois últimos utilizavam a localização dos astros como pontos de referência.
Também era necessário utilizar um meio de transporte rápido e resistente. As caravelas cumpriam tais objetivos, embora ocorressem naufrágios e acidentes. As caravelas eram capazes de transportar grandes quantidades de mercadorias e homens. Numa navegação participavam marinheiros, soldados, padres, ajudantes, médicos e até mesmo um escrivão para anotar tudo o que acontecia durantes as viagens.
Navegações portuguesas e os descobrimentos
No ano de 1498, Portugal realiza uma das mais importantes navegações: é a chegada das caravelas, comandadas por Vasco da Gama às Índias. Navegando ao redor do continente africano, Vasco da Gama chegou à Calicute e pôde desfrutar de todos os benefícios do comércio direto com o oriente. Ao retornar para Portugal, as caravelas portuguesas, carregadas de especiarias, renderam lucros fabulosos aos lusitanos.
Outro importante feito foi a chegada das caravelas de Cabral ao litoral brasileiro, em abril de 1500. Após fazer um reconhecimento da terra "descoberta", Cabral continuou o percurso em direção às Índias.
Em função destes acontecimentos, Portugal tornou-se a principal potência econômica da época.
Navegações Espanholas
A Espanha também se destacou nas conquistas marítimas deste período, tornando-se, ao lado de Portugal, uma grande potência. Enquanto os portugueses navegaram para as Índias contornando a África, os espanhóis optaram por um outro caminho. O genovês Cristovão Colombo, financiado pela Espanha, pretendia chegar às Índias, navegando na direção oeste. Em 1492, as caravelas espanholas partiram rumo ao oriente navegando pelo Oceano Atlântico. Colombo tinha o conhecimento de que nosso planeta era redondo, porém desconhecia a existência do continente americano. Chegou em 12 de outubro de 1492 nas ilhas da América Central, sem saber que tinha atingido um novo continente. Foi somente anos mais tarde que o navegador Américo Vespúcio identificou aquelas terras como sendo um continente ainda não conhecido dos europeus. Em contato com os índios da América ( maias, incas e astecas ), os espanhóis começaram um processo de exploração destes povos, interessados na grande quantidade de ouro. Além de retirar as riquezas dos indígenas americanos, os espanhóis destruíram suas culturas.


Texto 2 – elaborado por Antonio Gasparetto Junior

As Navegações Portuguesas foram pioneiras na era das Grandes Navegações.

Portugal foi um país pioneiro em várias medidas entre a Idade Média e a Idade Moderna. Ainda no século XIII, tornou-se o primeiro Estado formalizado na Europa, o que lhe favoreceu em vários aspectos. Com uma unificação política garantida, a condição de primeiro país incentivou novos investimentos dentro do panorama que se tinha no Velho Mundo. Naquela época, o comércio era muito fundamentado nas negociações de produtos feitas no Mar Mediterrâneo. Entretanto, com a conquista dos turcos nessa rota, houve a necessidade de se buscar novos caminhos para se obter as especiarias oriundas do Oriente, que tanto agradava ao mercado europeu. Portugal reunia condições favoráveis para os negócios que marcavam o momento, era um país já unificado, dispunha de uma condição geográfica favorável para se lançar ao mar e contava com um grupo de investidores interessados nos negócios marítimos.
As Navegações Portuguesas  para o comércio começaram muito cedo em relação aos outros países. Buscando quebrar o domínio que havia sido estabelecido sobre o comércio de especiarias no Mar Mediterrâneo, Portugal traçou uma nova e arriscada que consistia em contornar o continente africano para se chegar ao Oriente. Uma viagem que ninguém havia feito antes ou mesmo conhecia suas possibilidades. Esse trajeto que se seguiria ganharia o nome de Périplo Africano. Naturalmente, esse contorno do continente não aconteceu em uma única viagem, pois tudo ainda era muito inovador e misterioso. A estratégia dos portugueses foi contornar o continente africano fazendo entrepostos ao longo da costa da África. Desta forma, Portugal evoluiu gradativamente pelo entorno do continente e conquistou diversos territórios, tomando posse das terras todas as vezes que fazia paradas e estabelecendo novas regiões para usufruir de seus produtos e negócios. Embora isso tenha retardado a chegada dos portugueses ao Oriente, foi importante para estabelecer suas colônias. Uma das grandes conquistas de todas essas viagens foi cruzar pela primeira vez o chamado Cabo das Tormentas, nomeado posteriormente de Cabo da Boa Esperança, região ao sul do continente africano que estabelece a entrada no Oceano Índico.


Essas navegações pelos mares permitiram uma série de descobrimentos entre 1415 e 1543. O resultado foi a grande expansão do império marítimo português e uma remodelação da real dimensão do mundo. Buscando uma nova rota para comércio que superasse o monopólio estabelecido no Mar Mediterrâneo, os portugueses foram responsáveis por grandes avanços tecnológicos para encarar as condições de navegação no Oceano Atlântico e grandes avanços culturais. Após muito tempo de investimento, os portugueses finalmente chegaram às Índias em 1498, firmando uma nova rota para comércio de especiarias e conquistando uma grande remessa de lucros sobre os produtos que seriam comercializados. Dois anos depois, após indicações da existência de terras também a Oeste do continente africano, a expedição de Pedro Álvares Cabral estendeu sua rota no Atlântico para alcançar e tomar posse dessas terras. É o que se chama de descobrimento do Brasil, em 1500. Com o passar dos anos, esse novo território no novo continente, que seria chamado de América, tornar-se-ia a mais importante colônia portuguesa. Entretanto, mais dois marcos importantes ainda seriam estabelecidos, a chegada na China, em 1513, e ao Japão, em 1543. Este último é considerado, inclusive, como o marco final desse período de Navegações Portuguesas e suas descobertas e colonização.


Texto 3: elaborado por Rainer Sousa  

Usualmente, para compreendermos o advento das grandes navegações, fazemos uma associação entre o reavivamento comercial da Baixa Idade Média, a formação dos Estados Nacionais e a ascensão da burguesia para compreendermos tal experiência histórica. A primeira nação a reunir esse conjunto de características específicas foi Portugal, logo depois da Revolução de Avis.

Com essa revolução, ocorrida em 1385, Portugal promoveu uma associação entre sua nascente burguesia mercantil e o novo Estado Nacional ali consolidado. Desde o reino de Dom João I, Portugal sofreu uma uniformização tributária e monetária capaz de ampliar os negócios da burguesia e fortalecer economicamente a Coroa. Nessa época, as especiarias orientais eram de grande valia e procura no mercado Europeu. Desde o século XII, a entrada dos produtos orientais se dava pelo monopólio exercido pelos comerciantes italianos e árabes.


Visando superar a dependência para com esse dois atravessadores, Portugal promoveu esforços para criar uma rota que ligasse diretamente os comerciantes portugueses aos povos do Oriente. Dom Henrique (1394 – 1460), príncipe português, reuniu na cidade de Sagres vários navegantes, cartógrafos, marinheiros e cosmógrafos dispostos a desenvolver conhecimentos no campo marítimo. Objetivando contornar o continente africano, o século XV assistiu ao desenvolvimento da expansão marítima de Portugal. No ano de 1435, um grupo de 2500 desembarcou nas Ilhas Canárias dando início à formação das primeiras colônias portuguesas.


Em seguida, os portugueses partiram ao Cabo do Bojador, no litoral africano, até então definido como um dos limites máximos do mundo conhecido. Em 1434, o navegador Gil Eanes ultrapassou o cabo abrindo portas para a conquista lusitana sob o litoral africano. Depois de formar novos entrepostos pela Costa Africana, um novo limite viria a ser superado. Em 1488, Bartolomeu Dias chegou ao Cabo da Boa Esperança definindo mais nitidamente a possibilidade de uma rota para o Oriente. Dez anos mais tarde, o navegador Vasco da Gama chegou à cidade indiana de Calicute e voltou a Portugal com uma embarcação cheia de especiarias.


No meio tempo em que Portugal despontou em sua expansão marítima, a Espanha se envolveu no processo de expulsão dos mouros da Península Ibérica. O fim da chamada Guerra de Reconquista possibilitou a inserção dos espanhóis na corrida de expansão marítima. Atraídos pelo projeto do navegador genovês Cristóvão Colombo, a Espanha decidiu financiar a expedição do explorador italiano, em 1492. De acordo com o plano de Colombo, seria possível alcançar o Oriente navegando pelo Ocidente. COm essa aventura marítima, a Coroa Espanhola descobriu o continente americano. A partir de então, a Espanha inaugurou uma nova área de exploração econômica.

Abrindo a rivalidade entre Portugal e Espanha, ambos os reinos buscaram assinar tratados definidores das regiões a serem dominadas por cada um deles. Em 1493, a Bula Intercoetera estabeleceu as terras a 100 léguas de Cabo Verde como região de posse portuguesa. No ano seguinte, Portugal solicitou o alargamento das fronteiras para 370 léguas de Cabo Verde. Essa revisão abriu uma discussão sobre a possibilidade de navegadores portugueses já conhecerem terras ao sul do continente americano.

No ano de 1500, o navegante português Pedro Álvares Cabral anunciou a descoberta do Brasil. Com isso, os processos de exploração da América e a transferência do eixo econômico mundial iniciaram um novo período na economia mercantil europeia. Ao longo do século XVI, outras nações, como Holanda, França e Inglaterra questionaram o monopólio ibérico realizando invasões ao continente americano e praticando a pirataria.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Judeu Ultraortodoxo


Você sabe somo vivem os Judeus Ultraortodoxo?
Acompanhe abaixo matéria publicada no NYT.
Apenas quatro em cada dez homens da minoria haredi trabalham, o que pode provocar desequilíbrio na economia
NYT

Ao procurar emprego, um judeu ultraortodoxo incluiu em seu currículo como “habilidades técnicas” ter construído uma cabana na varanda de sua casa para o  festival anual da colheita, o Sucot, e preparar a cozinha para a Páscoa. Outro levou um currículo escrito à mão, em papel de fax, dobrado no bolso. Quando o conselheiro de emprego Benjamin Yazdi pergunta a clientes ultraortodoxos qual é o endereço e-email deles, muitos respondem “O que é isso?”.
NYT


Israel vem enfrentando nos últimos meses o desafio de integrar à sociedade uma minoria ultraortodoxa isolada, chamada de haredi. Na última campanha eleitoral no país, o tema mais discutido foi o de “dividir o fardo” da cidadania com eles, mais especificamente, fazer com que cumpram o serviço militar. Há dois meses, uma comissão parlamentar aprovou um projeto de lei que prevê o fim de uma série de exceções para estudantes dessa comunidade.
Mas se a proposta parlamentar causou comoção, levando milhares a protestar nas ruas, o baixo número de homens ultraortodoxos empregados é um problema muito mais importante, com um terrível efeito sobre a economia em termos de produtividade e impostos, além de drenar verbas para o pagamento de programas sociais.
Como os ultraortodoxos se comprometem com o estudo da Torah em tempo integral, apenas 4 em cada 10 deles trabalham, menos da metade da taxa de outros homens judeus em Israel. O salário médio que recebem equivale a 57% do rendimento dos outros homens judeus no país. Quase 60% das famílias haredi vivem na pobreza e, em 2050, eles devem ser mais de um quarto da população de Israel.
“Está claro que a situação não pode continuar”, declarou recentemente Stanley Fischer, diretor do Banco de Israel. Sem uma mudança radical, “a economia israelense vai entrar em colapso em duas décadas”, diz Yedidia Stern, do Instituto de Democracia de Israel. Após anos de poucos esforços oficiais, o governo de Israel decidiu destinar US$ 132 milhões nos próximos cinco anos para treinar e buscar emprego para os ultraortodoxos.
Há muitas barreiras a serem transpostas. As escolas dos haredis ensinam muito pouco de matemática, ciência ou inglês. A comunidade evita a internet. Muitos homens querem empregos de apenas quatro horas por dia, e outros se recusam a trabalhar ao lado de mulheres.
“Tenho um telefone kosher (referindo-se a um celular sem acesso a internet), ainda visto as mesmas roupas, falo da mesma forma”, disse Yisrael Shlomi, 23 anos, um estudante haredi que faz um curso preparatório para entrar na faculdade; ele quer trabalhar com computadores. A primeira vez que viu um jornal não-haredi foi na cafeteria do campus, no primeiro dia de aula.
Avner Shacham, chefe-executivo da Beit Shemesh Engines, disse ter enfrentado dificuldades com os haredi que contratou para sua fábrica de peças para motores de avião. Eles não sabem ler os manuais em inglês, recusam-se a fazer hora extra, e reclamam da cozinha da fábrica, que não segue um padrão kosher mais radical, o glatt. “Temos algumas regras, e são as mesmas regras para todos”, diz Shacham.
Embora a cultura haredi em qualquer lugar priorize o estudo da Torah, é apenas em Israel que eles conseguem dedicar-se em tempo integral. E nem sempre foi assim: em 1979, 84% dos homens ultraortodoxos trabalhava, número mais próximo dos 92% dos demais homens judeus, segundo o Centro Taub de Estudos em Política Social em Israel. As taxas de desemprego subiram em grande parte porque quem se recusa a prestar serviço militar, como no caso de muitos haredi, pois dizem que sua vocação é a Torah, é impedido de ser empregado.
NYT
Homens ultraortodoxos aguardam para ser empossados como soldados em Jerusalém
O novo projeto de lei – que ainda precisa ser aprovado pelo governo e pelo Parlamento – vai acabar com esse obstáculo. Ao mesmo tempo, o novo orçamento deve cortar drasticamente os subsídios a famílias numerosas de que eles dependem, dando mais um incentivo para que passem a trabalhar.
Entre as mulheres haradi, 61% trabalham, em parte para sustentar o estudo da Torah de seus maridos. Embora maior do que entre os homens haredi, a taxa ainda é menor do que entre as demais mulheres judias, que chega a 82%. E as mulheres haredi tendem a ter empregos com baixa remuneração. 
Por Jodi Rudoren

Israel enfrenta crise sobre papel dos ultraortodoxos na sociedade

Episódios envolvendo a comunidade ultraortodoxa, incluindo segregação das mulheres, provoca debate sobre sua posição

The New York Times 

NYT
Traditional roupa usado por ultraortodoxos dispostas perto de uma sinagoga em Jerusalém

Na cerimônia, Maayan usou uma blusa de manga comprida e uma saia longa, em respeito ao ministro interino de Saúde, Yakov Litzman, que é ultraortodoxo, e outros religiosos presentes. Mas isso não foi suficiente.
Além de Maayan e seu marido terem de se sentar separadamente, porque homens e mulheres foram segregados no evento, ela foi instruída que um colega do sexo masculino teria de aceitar o prêmio em seu lugar, porque as mulheres não poderiam subir ao palco.
Apesar de chocada de isso ter acontecido em uma cerimônia do governo, Maayan não falou nada. Mas outros não ficaram quietos e sua história está entrando na lista de muitas outras que vêm provocando raiva entre os seculares e que estão dando início a uma batalha pelo controle do espaço público de Israel, travada entre os ultra religiosos e todos os demais.
Em uma época em que não há progresso na questão da palestina, os israelenses estão se voltando para questões de seu próprio país e têm descoberto que um assunto que até então tinham negligenciado – a posição dos judeus ultraortodoxos – aos poucos tem dado sinais de uma crise.
Seu principal foco é as mulheres.
"Assim como o nacionalismo e o socialismo secular apresentaram desafios para a instituição religiosa de um século atrás, hoje a questão é o feminismo", disse Moshe Halbertal, professor de filosofia judaica da Universidade Hebraica. "Esse é um imenso desafio ideológico e moral que toca na essência da vida e, da mesma maneira que está afetando o mundo islâmico, é a principal questão que tira o sono dos rabinos."
A lista de controvérsias cresce semanalmente: os organizadores de uma conferência sobre a saúde das mulheres e a lei judaica na semana passada impediram as mulheres de subir ao palco para falar, fazendo com que pelo menos oito palestrantes cancelassem sua participação no evento; homens ultra-ortodoxos cuspiram em uma menina de 8 anos de idade, pois consideravam que ela estava vestida sem recato; o rabino-chefe da força aérea renunciou a seu posto porque o Exército se recusou a liberar soldados ultraortodoxos de participar de eventos onde cantoras fossem aparecer em público; manifestantes representaram o comandante da polícia de Jerusalém como Hitler em cartazes porque ele instruiu as linhas de transporte público de uso unissex a passar por bairros ultraortodoxos; vândalos apagaram os rostos das mulheres que apareciam em propagandas de outdoor em Jerusalém.
O discurso público em Israel está dominado por uma nova frase em hebraico: "hadarat nashim" ou “exclusão das mulheres”. A frase está em toda a parte nas últimas semanas, da mesma maneira que a frase "chauvinismo masculino" esteve quando surgiu há décadas nos Estados Unidos.
Tudo isso parece anômalo para a maioria das pessoas em um país onde cinco jovens mulheres foram recentemente formadas com prestígio no curso de pilotos da Força Aérea e uma mulher preside o Supremo Tribunal Federal. Mas cada lado nessa disputa está travando uma vigorosa campanha pública.
O Fundo Nova Israel, que defende a igualdade e a democracia, tem organizado eventos e concertos com mulheres de Jerusalém e chegou a colocar cartazes dos rostos das mulheres com o lema: "As mulheres devem ser vistas e ouvidas." A Associação Médica de Israel afirmou na semana passada que seus membros irão boicotar eventos que excluam as mulheres de falar no seu palco principal.
Autoridades religiosas disseram que grupos liberais estão tentando iniciar uma guerra de ódio contra os devotos que querem apenas viver em paz.


NYT
Rabbi Dror Moshe Cassouto, ultraortodoxo que defende seu modo de vida, com seus filhos em Jerusalém

Esses religiosos, os ultraortodoxos que se vestem de preto, são conhecidos em Israel como Haredim, ou seja, aqueles que tremem diante de Deus. Entre os Haredim, há vários grupos distintos, com abordagens diferentes da liturgia, bem como da maneira de cumprir as regras de vestimenta, o estilo de seus chapéus, barba e a cobertura do cabelo das mulheres. Entre eles estão o Hasidim, de origem europeia, assim como os que vem de países do Oriente Médio que são representados pelo partido político Shas.
Como grupo, os ultraortodoxos são, na melhor das hipóteses, ambivalentes sobre o Estado de Israel, que consideram insuficientemente religioso e prematuro em sua fundação, pois o Messias ainda não chegou. Ao longo das décadas, os Haredins têm se manifestado contra práticas estatais como permitir que ônibus operem aos sábados - a maioria acredita que o Estado não sobreviverá.
O sentimento era mútuo. As comunidades originais dos Haredim na Europa foram dizimadas no Holocausto e quando o primeiro-ministro que fundou Israel, David Ben-Gurion, ofereceu subsídios e isenções do Exército aos poucos que habitavam em Israel na época, ele pensou que estava oferencendo ao grupo um funeral digno.
"A maioria dos israelenses na época, achava que os Haredim iriam acabar na próxima geração", 



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Crianças ultraortodoxas brincam em Jerusalém

"A maioria dos israelenses na época, achava que os Haredim iriam acabar na próxima geração", disse Jonathan Rosenblum, um escritor Haredim.
Em vez disso, eles se multiplicaram, juntaram-se a coalizões governamentais e ganharam subsídios e isenções para crianças, moradia e estudo do Torá.
Eles chegam a quase 1 milhão, uma comunidade em sua maioria pobre mesmo em um país com uma boa condição financeira e com a população de 7,8 milhões de habitantes. Eles geralmente têm se mantido fora da política israelense, muitas vezes mantendo-se neutros em relação até mesmo daquestão da Palestina e concentrando suas negociações mais nas necessidades materiais e espirituais dos seus colegas. Nos últimos anos, eles têm estado mais inclinados a adotar uma política de direita.
Em outras palavras, ao mesmo tempo que rejeitam o Estado, os ultraortodoxos sobrevivem fazendo acordos com ele. Por outro lado, ao mesmo tempo que rejeitam o grupo, os governos israelenses – sejam eles geridos pela esquerda ou pela direita - têm sobrevivido por meio da negociação de subsídios a ele para conquistar seus votos. Agora cada um tem de conviver com o outro, e o atrito resultante disso é difícil de ser contido.
"A coexistência entre os dois está por um fio", disse Arye Carmon, presidente do Instituto Democrático de Israel, uma organização de pesquisa de Jerusalém. "Isso é muito perigoso".
Carmon comparou os judeus ultra-religiosos de Israel aos islâmicos do mundo árabe, dizendo que há uma dinâmica similar em jogo no Egito, com crescentes tensões entre as forças seculares que lideraram a revolução e os partidos islâmicos que estão agora cada vez mais poderosos.
"Hoje não existe uma cidade sem uma comunidade Haredim", disse o rabino Abraham Israel Gellis, um Haredim de Jerusalém da 10ª geração sentado diante de sua casa que tem vista para uma yeshiva enorme. "Tenho 38 netos e eles vivem em diferentes partes do país."
Mas enquanto a comunidade ganhou maior poder econômico - há um crescente mercado que atende as suas necessidades - o que está faltando é produtividade econômica. A comunidade coloca o estudo do Torá acima de todos os outros valores e tem trabalhado arduamente para tornar possível que os homens se dediquem apenas a isso em vez de trabalhar. Embora as mulheres trabalhem, há uma taxa de 60% de desemprego entre os homens, que geralmente também não servem o Exército.
Essa combinação – de aceitar subsídios do governo, recusar o serviço militar, não manter um emprego e ao mesmo tempo ter de 6 a 8 filhos por família - que é inquietante para muitos israelenses, especialmente quando os cidadãos se sentem inseguros economicamente e maltratados pelo governo.
"A questão Haredim é algo que está ganhando força, como lava, e que poderá eventualmente explodir", disse Shelly Yacimovich, membro do Parlamento israelense e líder do Partido Trabalhista. "É por isso que ela deve ser tratada com sabedoria, ajudando-os a participar da sociedade moderna através do trabalho."
Embora a mudança já tenha começado - milhares de homens Haredim estão aprendendo profissões, conseguindo mais empregos e um pequeno número se juntou ao Exército de Israel - a comunidade está em crise.
Muitos líderes ultraortodoxos se sentem ameaçados pela integração de alguns de seus seguidores à sociedade secular e eles estão desesperadamente tentando se manter no poder.
"Temos que ganhar a vida", disse o rabino Shmuel Pappenheim, um líder reformista Haredim da cidade de Beit Shemesh. “Somos um milhão de pessoas com um milhão de problemas. Os rabinos podem gritar mil vezes contra isso, mas isso não vai ajudá-los. E assim temos os extremistas - de ambos os lados".
Dan Ben-David, diretor executivo do Centro de Estudos Sociais Taub, em Israel, disse que as taxas de fertilidade na comunidade Haredim tornaram-se uma questão especialmente grave - esses judeus formam o único grupo em Israel que gera mais filhos hoje do que há 30 anos. "Eles representam mais de 20% de todas as crianças nas escolas primárias", disse. "Em 20 anos, existe um risco de termos uma população de terceiro mundo que não conseguirá sustentar uma economia e um Exército de primeiro mundo.”
Ben-David acrescentou que o que as crianças aprendem no sistema escolar ultra-ortodoxo - em grande parte não regulamentado pelo Estado, como resultado de acordos políticos - é inadequado para o século 21, por isso mesmo aqueles que desejam trabalhar estão encontrando dificuldades para encontrar empregos.
"Suas escolas não lhes forma para trabalhar em uma economia moderna, tampouco oferece alguma formação em direitos civis ou humanos ou entendimento da democracia", disse Ben-David. "Eles nem sabem do que estamos falando – ou o que nós esperamos deles - quando falamos de descriminação contra as mulheres".
A comunidade Haredim acha que isso é um mal entendido a respeito de seus pontos de vista.
O rabino Moshe Cassouto Dror, um Hasid de 33 anos de idade, vive com sua esposa e quatro filhos no bairro de Mea Shearim, em Jerusalém, um dos centros da vida Haredim em Israel. Ele nunca olha diretamente para uma mulher que não seja sua esposa e acredita que homens e mulheres têm papéis na natureza que na sociedade moderna foram revertidos "porque vivemos na escuridão".
Seu objetivo é espalhar a luz. "Deus vela sobre a nação judaica desde que ela continue estudando a Torá", disse.
Ainda assim, cuspir em uma criança e chamar alguém de nazista são coisas que o deixam horrorizado. Ele diz que esses radicais têm prejudicado a imagem dos Haredim.
Quando questionado sobre os problemas recentes, ele sacudiu a cabeça e disse: "Um tolo joga uma pedra em um poço e mil sábios não conseguem removê-la."
Por Ethan Bronner e Isabel Kershner