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terça-feira, 16 de julho de 2013

A Revolta da Vacina há um século atrás e as manifestações de hoje.

A Revolta de ontem e as manifestações de hoje:

Impressionante como a história se repete constantemente ao longo dos anos, pode mudar alguns personagens, ocorrem outras demandas, mais o contexto geral acaba sendo o mesmo.

Talvez por isso preocupam muitas pessoas o estudo da história em nossas escolas, inclusive a quem defende a diminuição de aulas de história e geografia. Particularmente acho um absurdo!

Estava eu relendo a grande obra “Os Bestializados” de José Murilo de Carvalho quando deparo com sua conclusão da Revolta da Vacina ocorrida a mais de um século em nosso país.

Vamos acompanhar alguns trechos que selecionei.

José Murilo diz: “Independente da intenção real de seus promotores, a revolta começou em nome da legítima defesa dos direitos civis.  Despertou simpatia geral, permitindo a abertura de espaço momentâneo de livre e ampla manifestação política, não mais limitada à estrita luta contra a vacina. Desabrocharam, então, várias revoltas dentro da revolta.”

Ou seja, não foi o que acabamos de ver nas nossas manifestações sobre redução da tarifa de ônibus? Começaram a surgir várias reclamações contra os governantes e políticos, várias reivindicações ao mesmo tempo. Várias foram as classes sociais envolvidas, profissionais de diversas categorias, estudantes oriundos de escolas públicas e privadas.

Murilo continua: “A Revolta da Vacina permanece como exemplo quase único na história do país de movimento popular de êxito baseado na defesa do direito dos cidadãos de não serem arbitrariamente tratados pelo governo. Mesmo que a vitória não tenha sido traduzida em mudanças políticas imediatas além da interrupção da vacinação, ela certamente deixou entre os que dela participaram um sentimento profundo de orgulho e de autoestima, passo importante na formação da cidadania.”

Novamente neste ponto comparamos com nossas manifestações atuais, a princípio houve apenas a redução da tarifa dos ônibus em várias cidades, mas também ficou para cada pessoa que participou direta ou indiretamente do movimento o sentimento de orgulho, de estar lutando para mudanças melhores, enfim, de alguma maneira participando da vida do país.

Na época da Revolta da Vacina, Murilo cita que um repórter do jornal a Tribuna, falando a indivíduos do povo sobre a revolta:

“ouviu de um preto acapoeirado frases que bem expressavam a natureza da revolta e este sentimento de orgulho. Chamando o repórter de “cidadão”, o preto justificava a revolta: era para ‘não andarem dizendo que o povo é carneiro. De vez em quando é bom a negrada mostrar que sabe morrer como homem!’. Para ele, a vacinação em si não era importante – embora não admitisse de modo algum deixar os homens da higiene meter o tal ferro em suas virilhas. O mais importante era ‘mostrar ao governo que ele não põe o pé no pescoço do povo’.(pg. 139 “Os Bestializados”)

 Assim, fazendo uma analogia com o século passado notamos que existe por demais semelhança nos episódios, pois não foi esse o recado que o povo atual deixou, ou seja, estamos de saco cheio de tanta corrupção, roubalheira, humilhação, PODE PARAR, BASTA, O POVO ACORDOU E NÃO VAI MAIS ACEITAR CALADO.

Espero que nossas autoridades tenham entendido o recado e que o povo não volte a adormecer.

E aos especialistas de plantão que querem acabar ou diminuir as aulas das disciplinas de História e Geografia revejam suas ideias.

Fonte: Os Bestializados – José Murilo de Carvalho, Ed. Companhia das Letras, 1987.

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