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sábado, 9 de abril de 2011

Religião

PÓS GRADUAÇÃO – LATO SENSU CURSO: HISTÓRIA, EDUCAÇÃO, RELAÇÕES SOCIAIS E CULTURA DISCIPLINA: HISTÓRIA SOCIAL ATRAVÉS DAS PRÁTICAS E INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS

David Pereira


Tema: Religião

SÃO PAULO 2010

Este ensaio dividi em 3 partes, assim, na primeira parte discuti sobre a diferença de religião com seita, o que é mitologia e o significado de heresia.

Na segunda parte abordei o tema das reformar religiosas e o surgimento do protestantismo.

Na terceira parte fiz um pequeno resumo das idéias de Max Weber do capítulo I, Confissão religiosa e estratificação social, de seu livro A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo.

Primeira Parte:


Iniciarei o ensaio tentando explicar sobre a diferença de religião com seita, o que é mitologia e o significado de heresia. A religião deriva do termo latino “Re-Ligare”, que significa “religação” com o divino. Portanto, engloba necessariamente qualquer forma de aspecto místico e religioso, abrangendo seitas, mitologias e quaisquer outras doutrinas ou formas de pensamento que tenham como característica fundamental um conteúdo metafísico, ou seja, de além do mundo físico.

Assim, quando grupos religiosos procuram difamar outro grupo religioso rival como seita, não têm apoio na definição do termo. Seita, deriva da palavra latina “secta”, que significa um segmento minoritário ao contrário das crenças majoritárias, porém também é religião.

Heresia por sua vez, é um termo que foi muito usado principalmente pela Igreja Católica durante a Idade Média e Moderna, como algo de traição aos princípios da Igreja, porém, nada mais é do que um grupo de pessoas que vão contra a estrutura teórica de uma religião dominante, ou seja, na época era a Igreja Católica.

A mitologia por sua vez é a coleção de contos e lendas com uma concepção mística em comum, integra a maioria das religiões. Não há religiões sem mitos, porém podem existir mitos que não participem de uma religião. Já a mística pode ser entendida como qualquer coisa que liga respeito a um plano sobre material. Um “mistério”.

Agora irei comentar um pouco sobre os tipos de religiões. Devo esclarecer que há várias formas de religião. Porém existem características comuns às religiões. Uma das características é a cronológica, pois as formas religiosas predominantes evolvem através dos tempos nos sucessivos estágios culturais de qualquer sociedade. Alguns ainda, divide as religiões em 4 grupos distintos, sendo eles: Panteístas, Monoteístas, Politeístas e Ateístas.

Seguindo uma ordem cronológica. As Religiões Panteístas são as mais antigas, eram as religiões de sociedades menores e mais “primitivas”. Destaque nos primórdios da civilização mesopotâmica, européia e asiática, bem como nas culturas das Américas, África e Oceania.

Por serem as mais antigas, não têm Livros Sagrados, seguiam a tradição oral. As religiões Politeístas, surgem depois, portanto, seria um estágio posterior do desenvolvimento de uma cultura. Seria a transformação do Panteísmo para o Politeísmo, na medida em que uma sociedade se torna mais complexa.

Já as Politeístas muitas vezes possuem registros de suas lendas e mitos em versão escrita, porém nenhuma possui uma revelação propriamente dita. O que a difere das religiões Monoteístas. As religiões Monoteístas são mais recentes, e atualmente as mais disseminadas. Em número de seguidores, podemos dizer que domina mais de metade da humanidade. Todas religiões Monoteístas possuem sua revelação divina em forma de Livro Sagrado.

Os ateístas são aqueles que negam a existência de um ser supremo central, embora possam admitir a existência de entidades espirituais diversas. Também não possuem livros guias, mas por não acreditarem num Deus pessoal, não tem o peso dogmático de uma revelação divina, sendo vistas geralmente como tratados filosóficos.

Alguns exemplos dessas religiões que foi destacado acima: Panteístas: Religiões Célticas, Druidismo, Amazônicas, Indígenas Norte Americanas, Africanas e etc. Politeístas: Religião Grega, Egípcia, Roma Antiga, Nórdica, Religião Azteca, Maia etc. Monoteístas: Bhramanismo, Zoroastrismo, Judaísmo, Cristianismo, Islamismo e Sikhismo. Ateístas: Orientais – Taoísmo, Confucionismo, Budismo, Jainismo. Ocidentais – Filosofias NeoPlantônicas, Ateísmo.

De forma mais simplista podemos dizer que para a religião Panteísta o Deus é Todo; no Politeísmo, Deus é Plural; no Monoteísmo, Deus é um; e no Ateísmo, Deus é Nada. Como vimos até aqui, a religião é um dos assuntos mais polêmicos, é uma das atividades mais universais conhecidas pela humanidade, sendo praticada por todas as culturas desde o início dos tempos. Conseqüentemente, não há uma definição de religião universalmente aceita, até hoje. Ela parece ter surgido do desejo de encontrar um significado e propósito definitivos para a vida, geralmente centrada na crença de um ritual à um ser (ou seres) sobrenatural.

Não podemos esquecer que também existe a exploração comercial, tendo como símbolo o nome de religião, que nos dias de hoje é comum.

Segunda Parte:


Nessa segunda parte vou escrever sobre as reformas religiosas e o surgimento do protestantismo. Dando um pulo na história, passarei ao século XVI, período das reformas religiosas, onde embora cristãs, ocorreu diversos movimentos de ruptura que fez com que surgissem novas religiões, um exemplo foi a constituição do Protestantismo. Inclusive podemos dizer que foi uma fratura religiosa, social e política.

Essas novas religiões fugiam aos dogmas e ao poder imposto por Roma, foram chamadas de religiões protestantes. (Luteranismo, Pietismo, Calvinismo e Anabatista). Para muitos historiadores essas reformas religiosas não iniciaram no século XVI, pois já vinha se manifestando na Europa desde o início da Baixa Idade Média.

Para isso podemos destacar a inadequação da Igreja à nova realidade, marcada pelo declínio do mundo feudal, pelo crescimento do comércio e da vida urbana, corrupção do clero, ou seja, cadê o voto de pobreza? Agora, estavam preocupados com a materialidade. Outro fator, era a centralização do poder político nas mãos dos reis com o advento dos Estados em afirmar suas diferenças, não esquecendo ainda a nova camada social, a burguesia.

Também devemos lembrar da influência do Renascimento Cultural, no sentido de romper com o monopólio cultural até então exercido pela Igreja Católica. Passaram a existir contestações ao poder e aos dogmas da igreja, pois ela era a principal possuidora de terras na Europa, bem como a instituição mais poderosa politicamente, ao colocar-se ao lado da nobreza como beneficiária na estrutura feudal, passou a ser contestada pela nova classe social, a burguesia.

O pensamento humanista, absorvido pela Igreja através das universidades, criou uma nova visão teológica, podem ser vistos como uma abertura da Igreja ao racionalismo e a uma visão de mundo mais humanística, se comparada ao forte teocentrismo que prevalecera até ali.

A aproximação da Igreja com a nobreza foi muito atacada, uma vez que as nomeações para cargos na alta hierarquia da Igreja, ou seja, a investidura, não mais obedeciam a critérios de vocação ou formação religiosa do postulante. Elas eram feitas levando-se em consideração o grau de riqueza, e os benefícios de aliança que determinada família traria para Igreja. Portanto, surgiram problemas políticos, decorrentes de disputa com os poderes temporais para a ocupação de cargos e terras.

Outro fato relevante para contestar o clero e justificar uma reforma foi a tentativa de práticas realizadas pela Igreja para manter o luxo em que vivia o clero, como a venda de relíquias sagradas ou de cargos eclesiásticos (simonia) e a venda de indulgências (absolvição dos pecados cometidos).

Assim, surgiram diversos intelectuais como Erasmo de Roterdã e Thomas Morus que propunham uma reforma interna na Igreja. Nesse momento a questão política ganha um peso significativo a partir do início do processo de centralização do poder com a criação dos Estados Nacionais.

Os reis buscam se fortalecer politicamente, inicia-se um choque com o pode da Igreja. Um bom exemplo foi o rompimento de Henrique VIII da Inglaterra, que rompeu com a Igreja Católica e criou sua própria Igreja, a Anglicana. Com isso libertou-se do poder político do papado.

Por fim, a Igreja também foi um forte obstáculo para a burguesia , devido a ascensão do comércio, os dogmas da Igreja, ou seja, a condenação à usura e ao lucro excessivo iria de encontro com o pensamento burguês.

Nesse momento essa burguesia vai ter interesse em romper com os entraves impostos pelo catolicismo e adotar uma nova religião, onde suas práticas não se constituíssem em pecados e fossem consideradas como dignificantes do homem.

Terceira Parte:


Para tentar explicar algumas diferenças no entender de Max Weber, do que foi essa luta contra o catolicismo e a ascensão do protestantismo, faço um breve resumo do capítulo I – A Confissão religiosa e estratificação social, do seu livro - A Ética Protestante e o espírito do capitalismo.

A idéia central do texto é abordar a relação das religiões protestantes e católica com o capitalismo, onde é feito a comparação do caráter predominantemente protestante dos proprietários do capital e empresários, as camadas superiores da mão-de-obra qualificada, e os postos de mais alta qualificação técnica ou comercial das empresas modernas.

No decorrer do texto, Weber procura identificar a razão desse domínio dos protestantes em comparação aos católicos. O autor começa dizendo que parte desse quadro se deve a razões históricas, porém aborda a educação dispensada pelos familiares como outro fator relevante. Para demonstrar essa idéia o Weber lembra que a maioria das cidades ricas, haviam-se convertido ao protestantismo já no século XVI, e os efeitos disso ainda hoje trazem vantagens aos protestantes na luta econômica pela existência.

Ele cita que a dominação da Igreja católica – “que pune os hereges, mas é indulgente com os pecadores”, nunca foi aceita pelas regiões mais ricas. Ele lembra que os calvinistas criticavam a dominação eclesiástico-religiosa da vida. Nesse momento Weber vislumbra que não foi só o patrimônio histórico herdado, e destaca a flagrante diferença entre pais católicos e pais protestantes quanto à espécie de ensino superior que costumam proporcionar a seus filhos.

Para isso ele se serve de exemplos, como:

• Os protestantes bacharelados eram em números maior que os católicos;

• Os estudos técnicos e as profissões comerciais e industriais, que era a base para a vida burguesa de negócios, eram mais procurados pelos protestantes.

• Os protestantes artesãos procuravam uma formação, qualidade exigida pelas indústrias.

• Os protestantes se deslocavam para as fábricas e, assim, posteriormente ocupavam os escalões superiores do operariado qualificado e dos postos administrativos.

• Ele destaca que os protestantes, seja como camada dominante ou dominada, seja como maioria ou minoria, mostraram uma inclinação específica para o racionalismo econômico.

• Por outro lado ele verifica que os católicos procuravam uma formação oferecida pelos Gymnasien humanísticos.

• Os artesãos católicos mostravam uma tendência mais acentuada a permanecer no artesanato, tornando-se portanto mestres artesãos com freqüência relativamente maior.

Com esses argumentos Weber mostra que não é somente na situação exterior histórico-político, advêm esse predomínio dos protestantes, mas destaca a confissão religiosa, bem como a peculiaridade espiritual inculcada pela educação, atmosfera religiosa da região de origem e da casa paterna. Ele também lembra que o “estranhamento do mundo” próprio do catolicismo, os traços ascéticos que os seus mais elevados ideais apresentam, deveriam educar os seus fiéis a uma indiferença maior pelos bens deste mundo, inclusive cita que os católicos acusam os protestantes de serem materialistas.

O autor diz no texto que o católico prefere um traçado de vida o mais possível seguro, mesmo que com rendimentos menores, por outro vê a motivação por parte dos protestantes.

Porém ele alerta que se quisermos chamar de “estranhamento do mundo” essa seriedade e o forte predomínio de interesse religioso na conduta de vida, os calvinistas franceses foram então, e são, pelo menos tão estranhos ao mundo quanto, por exemplo, os católicos do Norte da Alemanha.

Em conseqüência disso o autor chega a conclusão que poucas coisas mostram tão claramente quanto esses paralelos que com noções tão vagas como o “estranhamento do mundo” do catolicismo, a “alegria com o mundo” de cunho materialista do protestantismo e tantas outras noções desse gênero, não se vai muito longe, por quando nessa generalidade elas estão longe de exatas, quer para a atualidade, quer ao menos para o passado.

O autor encerra com a seguinte conclusão: É inesgotável multiplicidade que se aloja em cada fenômeno histórico, portanto para chegar a uma resposta, deve-se penetrar a peculiaridade característica e as diferenças desses vastos mundos de pensamento religioso que se oferecem a nós, historicamente, nas diversas manifestações da religião cristã.

Deve-se verificar à peculiaridade do objeto que se trata de explicar historicamente; e depois, quanto ao sentido em que semelhante explicação é possível no quadro desta pesquisa. Enfim, tudo que um historiador deve refletir para tentar chegar mais próximo do real.

Conclusão:

Após as leituras do textos indicados e outras pesquisas realizadas, chego a conclusão de como a religião foi e ainda é importante para o ser humano, embora sabemos que ocorreram ao longo da história e ainda ocorrem muitas batalhas entorno desse assunto, devido a períodos de imposição por parte de uma cultura dominante que seguia determinada religião em determinado tempo e espaço, fica claro que as diferentes religiões acabam por assimilar características semelhantes entre elas.

Ou seja, mesmo as religiões que são intituladas como Monoteístas, podemos observar um certo politeísmo em seu nascedouro. Não é diferente o que acontece com as religiões Politeístas, Panteístas e até mesmo Ateísta, que sentem a necessidade de homenagear um ser supremo que seja central, ou não, quer através de oferendas, quer através de justificar os acontecimentos da natureza, principalmente relacionando com os elementos Terra, Ar, Água e Fogo.

Entendo que devemos respeitar todas as religiões, não fazendo discriminações de crenças, pois a humanidade caminha buscando sempre se apegar a um ser supremo, ou ser sobrenatural, ou melhor, admitindo a existência de entidades espirituais diversas. Ou seja, acreditando na existência de um Deus ou deuses para justificar a vida. Sempre foi assim e sempre será!!!

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

WEBER, Marx. A Ética Protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo. Companhia das Letras, 2006, p. 29-37. Disponível em: http://educacao.uol.com.br/historia/reformas-religiosas-5.jhtm, acesso em 26/11/2010, às 21:00h. Disponível em: www.paijulioesteio.kit.net/o_que_e_religiao_4.htm, acesso em 27/11/2010, às 14:00h. Disponível em: http://www.xr.pro.br/religiao.html, acesso em 28/11/2010, à 19:00h.

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