Novas linhas de rumo – lutas entre capitalismo e socialismo.
O
término da Segunda Grande Guerra não trouxe a paz. A bipolarização que a ela se
seguiu encerrou definitivamente o eurocentrismo, passando as rédeas para as
mãos dos Estados Unidos e da União Soviética através da Guerra Fria. Em Berlim,
na Coréia e em Cuba, o mundo se aproximou perigosamente do conflito nuclear. O
capitalismo caçou bruxas e o socialismo levou o inverno às primaveras do Leste
europeu. A Europa ocidental não se submetia facilmente aos desejos de
Washington; Moscou se atritava com Pequim. Existiam outras trilhas que não eram
as americanas ou soviéticas: os países não alinhados ganhavam terreno. A
verdade retomou sua ambiguidade e dialética.
EUA X URSS
A
igualdade destrutiva dos blocos força um triunfo da razão: é melhor coexistir
pacificamente. O capitalismo faz reformas sociais e o socialismo começa a se
abrir. O Vietnã e o Afeganistão agradecem o interesse, mas dispensam opiniões
externas. Os países do Leste europeu retomam seus caminhos. Todavia, há quem
ache melhor manter a liberdade na gaiola dourada da Paz Celestial. O mundo
percebe que os inimigos não eram tão irreconciliáveis. Moscou superlota
lanchonetes e Washington teme que o saquê supere o uísque. O medo do retrocesso
é neutralizado pela população nas ruas de Moscou sob a bandeira da Rússia. O
Leste se aproxima do Oeste. O medieval São Bernardo já preconizava: “a
perfeição está na unidade”.
Para
tanto também é necessário unir o Norte ao Sul. A grandeza de alguns não pode
ser paga com o subdesenvolvimento de muitos. A descolonização desvenda miséria,
aviltamente cultural, apartheid, conflitos religiosos, raciais, fronteiriços.
Tal é a herança do Terceiro Mundo deixada pela missão civilizadora do homem
branco... Mas a liberdade, mesmo que apenas política em muitos casos, vai
chegando por meio de revoluções, acordos, desobediência civil, não-violência...
Intervenções ainda ocorrem. Concedem-se territórios a alguns povos desabrigando
outros. A desigualdade tratamento acentua radicalismos, intolerâncias.
A
desculpa da segurança ainda se mostra um bom pretexto para anexar territórios,
mas apenas para alguns. O desespero de outros chega ao terrorismo, tirando a
razão de quem, porventura, a tivesse. As potências cuidam para que os conflitos
se mantenham locais e convencionais, mesmo que à custa de armas “inteligentes”.
Muitas revoluções ainda são religiosas: a fé continua catalisando
descontentamentos. Cecil Rhodes desejava anexar os planetas; a corrida espacial
parece consegui-lo. No entanto, parece que nem isso basta para alguns.
Cecil John Rhodes foi um colonizador e homem de negócios britânico.
Mas
a chance ainda é do ser humano. O ano de 1990 mostrou que um muro não pode
efetivamente separar os homens.
A Queda do Muro de Berlim.
Chinês parando tanques.
A imagem de um solitário chinês paralisando uma
coluna de blindados mostra ao mundo que não existe o melhor, quando imposto: é
preferível o pior, desde que por opção. O ditado imprime a palavra, mas não
impede a interpretação. Errar não é apenas humano, mas um direito humano...
Fonte: História Geral de Hilário Franco Jr. e Ruy de O. Andrade Filho.
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