Também
chamada de Santo Ofício, essa instituição era formada pelos tribunais da Igreja
Católica que perseguiam, julgavam e puniam pessoas acusadas de se desviar de
suas normas de conduta. Ela teve duas versões: a medieval, nos séculos XIII e
XIV, e a feroz Inquisição moderna, concentrada em Portugal e Espanha, que durou
do século XV ao XIX. Tudo começou em 1231, quando o papa Gregório IX -
preocupado com o crescimento de seitas religiosas - criou um órgão especial
para investigar os suspeitos de heresia. "Qualquer um que professasse
práticas diferentes daquelas reconhecidas como cristãs era considerado
herege", afirma o historiador Rogério Luiz de Souza, da Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC). Atuando na Itália, na França, na Alemanha e
em Portugal, a Inquisição medieval tinha penas mais brandas - a mais comum era
a excomunhão -, embora a tortura já fosse autorizada pelo papa para arrancar
confissões desde 1252. Já sua segunda encarnação surgiu com toda força na
Espanha de 1478.
Arranca Seios
Dessa
vez, o alvo principal eram os judeus e os cristãos-novos, como eram chamados os
recém-convertidos ao Catolicismo, acusados de continuarem praticando o Judaísmo
secretamente. "A justificativa desse retorno da Inquisição era a
necessidade de fiscalizar a fidelidade desses conversos", diz outro
historiador, Nachman Falbel, da Universidade de São Paulo (USP). A verdade é
que esses grupos já formavam uma poderosa burguesia urbana que atrapalhava os
interesses da nobreza e do alto clero. O apoio dos reis logo aumentou o poder do
Santo Ofício, que, para piorar, passou a considerar como heresia qualquer
ofensa "à fé e aos costumes". Por exemplo, quem usasse toalhas limpas
no começo do sábado ou não comesse carne de porco era acusado de Judaísmo. A
lista de perseguidos também foi ampliada para incluir protestantes e
iluministas, homossexuais e bígamos.
A Serra
As
punições tornaram-se bem mais pesadas com a instituição da morte na fogueira,
da prisão perpétua e do confisco de bens - que transformou a Inquisição numa
atividade altamente rentável para os cofres da Igreja. A crueldade dos
inquisidores era tamanha que o próprio papa chegou a pedir aos espanhóis que
contivessem o banho de sangue. A migração de judeus expulsos da Espanha para
Portugal, em 1492, fez com que a perseguição se repetisse com a criação do
Santo Ofício lusitano, em 1536. O Brasil nunca chegou a ter um tribunal desses,
mas emissários da Inquisição aportaram por aqui entre 1591 e 1767. Calcula-se
que 400 brasileiros foram condenados e 21 queimados em Lisboa, para onde eram mandados
os casos mais graves. Os inquisidores portugueses fizeram 40 mil vítimas, das
quais 2 mil foram mortas na fogueira. Na Espanha, até a extinção do Santo
Ofício, em 1834, estima-se que quase 300 mil pessoas tenham sido condenadas e
30 mil executadas.
O Berço de Judas
A caminho da fogueiraNa
Espanha e em Portugal, a Inquisição abusava da crueldade para punir quem se
desviasse da fé católica
1. O JULGAMENTO
A. A CHEGADA DA INQUISIÇÃO
Um
grupo de monges do Santo Ofício chegava à aldeia e reunia toda a população na
igreja. No chamado Período de Graça, que durava um mês, convidavam os pecadores
a admitirem suas heresias. Quem se confessasse, em geral se livrava das penas
mais severas
B. AS INVESTIGAÇÕES
Quem
não aproveitasse o Período de Graça poderia ser denunciado. Como a Inquisição
incentivava a delação, o pânico era generalizado: todos eram suspeitos em
potencial. O acusado era convocado a se defender no tribunal
C. A SENTENÇA
O
suspeito era interrogado por três inquisidores. Um deles, o inquisidor-mor,
dava a sentença final. A defesa era difícil: raramente o réu tinha direito a um
advogado. Para arrancar confissões, o Santo Ofício colocava espiões no encalço
do suspeito e recorria a tenebrosas práticas de tortura
2. AS TORTURAS
A. ESCALA DE PUNIÇÕES
O
inquisidor-mor variava a crueldade dos castigos conforme a heresia. Os mais
leves incluíam deixar o acusado acorrentado, sem comer nem dormir por vários
dias. Mas os relatos históricos registram outros bem mais dolorosos, como os
aparelhos chamados potro e extensão. Para amedrontar os acusados, os carrascos
faziam uma demonstração de como funcionavam esses dispositivos. Para abafar os
gritos, era comum colocarem colchões nas portas
B. O POTRO
O
livro Prisioneiros da Inquisição traz a história de Jean Coustos, mestre da
loja maçônica de Lisboa, condenado pelo tribunal. Coustos passou pelos horrores
do potro em 1743: "Me prenderam com uma argola no pescoço, um anel de
ferro em cada pé e oito cordas que passavam por furos no cadafalso. Ao sinal
dos inquisidores, elas foram puxadas e apertadas pelos carrascos. As cordas
entravam na carne até os ossos e faziam jorrar sangue. Repetiram a tortura por
quatro vezes. Perdi a consciência e fui levado de volta à minha cela sem
perceber"
C. A EXTENSÃO
Seis
semanas depois, o maçom foi submetido a outra tortura: a extensão. "As
cordas, puxadas por um torniquete, faziam com que os punhos se aproximassem um
do outro, por trás. Puxaram tanto que as minhas mãos se tocaram. Desloquei os
dois ombros e perdi muito sangue pela boca. Repetiram três vezes o mesmo
tormento antes de me devolverem à cela". Nos meses seguintes, Coustos
ainda sofreu mais uma série de torturas até confessar. Foi condenado a quatro
anos de trabalhos forçados em 1744
3. AS SENTENÇAS
A. O AUTO-DE-FÉ
Assim
era chamada a cerimônia pública em que se liam as sentenças do tribunal. Os
autos-de-fé geralmente ocorriam na praça central da cidade e eram grandes
acontecimentos. Quase sempre o rei estava presente. As punições iam das mais
brandas (como a excomunhão) às mais severas (como a prisão perpétua e a morte
na fogueira)
B. QUEIMADOS VIVOS... OU MORTOS
A
execução na fogueira ficava a cargo do poder secular. Se o condenado
renunciasse às heresias ao pé do fogo, era devolvido aos inquisidores. Se sua
conversão à fé católica fosse verdadeira, ele podia trocar a morte pela prisão
perpétua. Quando descobria-se que um defunto havia sido herético, seu cadáver
era desenterrado e queimado
C. MARCAS DA HUMILHAÇÃO
Para
serem vistos pelo público, os prisioneiros subiam em um palco. Os que eram
obrigados a vestir as chamadas marcas de infâmia, como a cruz de Santo André,
chegavam a ser agredidos pela multidão. Outros levavam velas e vergastas nas
mãos para serem chicoteados pelo padre durante a missa
O MAIS DESUMANO INQUISIDOR
Fanático.
Cruel. Intolerante. Nos registros históricos, não faltam adjetivos
depreciativos para definir o frei dominicano Tomás de Torquemada (1420-1498), o
mais duro inquisidor de todos os tempos. Organizador do Santo Ofício espanhol,
ele era confessor e conselheiro dos reis Fernando e Isabel. Em 1483, essa
influência rendeu-lhe a nomeação de inquisidor-geral, responsável pelos 14
tribunais na Espanha e suas colônias. Logo de cara, autorizou a tortura para
obter confissões, ampliou a lista de heresias e pressionou os reis a substituir
a tolerância religiosa pela perseguição aos judeus e aos conversos. Resultado:
ao final de sua gestão, mais de 170 mil judeus foram expulsos da Espanha e 2
mil pessoas viraram cinza nas fogueiras.
Fonte:
Revista Mundo Novo – Editora Abril.
Outro
texto sobre a Inquisição:
A Inquisição
foi criada na Idade Média (século XIII) e era
dirigida pela Igreja Católica Romana. Ela era
composta por tribunais que julgavam todos aqueles considerados uma ameaça às
doutrinas (conjunto de leis) desta instituição. Todos os suspeitos eram
perseguidos e julgados, e aqueles que eram condenados, cumpriam as penas que
podiam variar desde prisão temporária ou perpétua até a morte na fogueira, onde
os condenados eram queimados vivos em plena praça pública.
O Rack
História
e atuação
Aos
perseguidos, não lhes era dado o direito de saberem quem os denunciara, mas em
contrapartida, estes podiam dizer os nomes de todos seus inimigos para
averiguação deste tribunal medieval. Com o passar do tempo, esta forma de
julgamento foi ganhando cada vez mais força e tomando conta de países europeus
como: Portugal, França, Itália e Espanha.
Contudo, na Inglaterra, não houve o firmamento destes
tribunais.
Muitos
cientistas também foram perseguidos, censurados e até condenados por defenderem
idéias contrárias à doutrina cristã. Um dos casos mais conhecidos foi do
astrônomo italiano Galileu Galilei, que escapou por pouco da
fogueira por afirmar que o planeta Terra girava ao redor do Sol (heliocentrismo). A mesma sorte não teve o
cientista italiano Giordano Bruno que foi julgado e condenado a morte pelo
tribunal.
As mulheres
também sofreram nesta época e foram alvos constantes. Os inquisidores
consideravam bruxaria todas as práticas que envolviam a cura através de chás ou
remédios feitos de ervas ou outras substâncias. As "bruxas medievais"
que nada mais eram do que conhecedoras do poder de cura das plantas também
receberam um tratamento violento e cruel.
Este movimento
se tornava cada vez mais poderoso, e este fato, atraía os interesses políticos.
Durante o século XV, o rei e a rainha da Espanha se aproveitaram desta força
para perseguirem os nobres e principalmente os judeus. No primeiro caso, eles
reduziram o poder da nobreza, já no segundo, eles se aproveitaram deste poder
para torturar e matar os judeus, tomando-lhes seus bens.
Durante a esta
triste época da história, milhares de pessoas foram torturadas ou queimadas
vivas por acusações que, muitas vezes, eram injustas e infundadas. Com um poder
cada vez maior nas mãos, o Grande Inquisidor chegou a desafiar reis, nobres,
burgueses e outras importantes personalidades da sociedade da época. Por fim,
esta perseguição aos hereges e protestantes foi
finalizada somente no início do século XIX.
O Corta Joelhos
Inquisição
no Brasil
No Brasil, os
tribunais chegaram a ser instalados no período colonial, porém não apresentaram
muita força como na Europa. Foram julgados, principalmente no Nordeste, alguns
casos de heresias relacionadas ao comportamento dos brasileiros, além de
perseguir alguns judeus que aqui moravam.
Curiosidade:
- Um dos
inquisidores que mais castigou hereges no século XV foi o espanhol Tomás de
Torquemada. Ele ficou conhecido como o "Grande Inquisidor" e atuou na
perseguição e punição de muçulmanos e judeus convertidos que moravam na Espanha.
O Triturador de Cabeças
Fonte: site
suapesquisa.com
Outro
texto sobre inquisição
Elaborado
por Caroline Faria
A Inquisição, ou Santa Inquisição foi
uma espécie de tribunal religioso criado na Idade Média para condenar todos
aqueles que eram contra os dogmas pregados pela Igreja Católica.
Fundado pelo Papa Gregório IX, o Tribunal do Santo Ofício da
Inquisição mandou para a fogueira milhares de pessoas que eram consideradas
hereges (praticante de heresias; doutrinas ou práticas contrárias ao que é
definido pela Igreja Católica) por praticarem atos considerados bruxaria,
heresia ou simplesmente por serem praticantes de outra religião que não o
catolicismo.
O Empalamento
A verdade é que embora o apogeu da Inquisição tenha se dado
no século XVIII, as perseguições aos hereges pelos católicos, têm registros bem
mais antigos. No século XII os “albigenses” foram massacrados a mando do Papa
Inocêncio III que liderou uma cruzada contra aqueles que eram considerados os
“hereges do sul da França” por pregarem a volta da Igreja às suas origens e a
rejeição a opulência da Igreja da época.
Em 1252, a situação que já era ruim, piora. O Papa Inocêncio
IV publica um documento, o “Ad Exstirpanda”, onde autoriza o uso da tortura como forma de conseguir a
conversão. O documento é renovado pelos papas seguintes reforçando o poder da
Igreja e a perseguição.
Dama de Ferro
A Inquisição tomou tamanha força que mesmo os soberanos e os
nobres temiam a perseguição pelo Tribunal e, por isso, eram obrigados a ser
condizentes. Até porque, naquela época, o poder da Igreja estava intimamente
ligado ao do estado.
Mais terrível que qualquer episódio da história humana até
então, a Inquisição enterrou a Europa sob um milênio de trevas deixando um
saldo de incontáveis vítimas de torturas e perseguições que eram condenadas
pelos chamados “autos de fé” – ocasião em que é lida a sentença em praça
pública.
Galileu Galilei foi
um exemplo bastante famoso da insanidade cristã na Idade Média: ele foi
perseguido por afirmar através de suas teorias que a terra girava em torno do
sol e não o contrário. Mas, para ele o episódio não teve mais implicações. Já
outros como Giordano Bruno, o pai da filosofia moderna, e Joana D’Arc, que
afirmava ser uma enviada de Deus para libertar a França e utilizava roupas masculinas,
foram mortos pelo Tribunal do Santo Ofício.
Mesa de Envisceração
Uma lista de livros proibidos foi publicada, o ”Index
Librorum Prohibitorum” através da qual diversos livros foram queimados ou
proibidos pela Igreja.
O Tribunal era bastante rigoroso quanto à condenação. O réu
não tinha direito à saber o porquê e nem por quem havia sido condenado, não
tinha direito a defesa e bastavam apenas duas testemunhas como prova.
O pior período da Inquisição foi durante a chamada
Inquisição Espanhola (Século XV ao Século XIX). De caráter político, alguns
historiadores afirmam que a Inquisição Espanhola foi uma forma que Fernando de
Aragão encontrou de perseguir seus opositores, conseguir o poder total sobre os
reinos de Castela e Aragão (Espanha) e ainda expulsar os judeus e muçulmanos.
Fonte: site infoescola.com
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