O RENASCIMENTO E O HUMANISMO
Texto elaborado por Alessandro Lyra Braga
Humanismo
O Humanismo foi uma ruptura taxativa
com o teocentrismo medieval, ou seja, uma nova visão do Homem no Mundo,
passando assim a prevalecer, dentre os intelectuais, a visão antropocêntrica,
com o Homem como o centro das indagações e preocupações, onde se procurava
entendê-lo como indivíduo.
O Humanismo também deve ser entendido
como uma retomada dos valores da antiguidade clássica, greco-latina,
valorizando as obras da Antiguidade Clássica. Os humanistas esforçaram-se em
reencontrar e reunir as obras dos antigos pensadores, quase todas dispersas nos
mosteiros e conventos, conservadas e copiadas por monges ao longo de toda a
Idade Média. No entanto, não devemos acreditar que tenha sido o Humanismo um
fenômeno intelectual que pregasse o retorno ao modo clássico de pensar, apenas
usava este modo como ponto de partida para uma nova maneira de entender o mundo
e o indivíduo, de glorificar o Homem. Assim, pela nova concepção de pensamento
do Humanismo, o centro dos olhares intelectuais passava a ser o Homem, valorizando-se
as ciências e as artes, e deixando mais de lado, mas sem abandonar, a religião
e a Teologia Cristã, base doutrinária da Igreja Católica Apostólica Romana.
Que, só por se considerar, se auto-nomear católica, a Igreja já se considerava
universal (católica = universal).
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Como fenômeno, o Humanismo foi
possível graças a uma série de importantes acontecimentos, como o
aperfeiçoamento da imprensa, já que livros poderiam ser editados em maior
número e seu acesso passou a ser mais fácil e barato. Também o contato mais
freqüente com outros povos, possibilitado pelas grandes navegações, e até a
miscigenação cultural, mesmo que contida, oriunda da queda de Constantinopla,
quando intelectuais bizantinos imigraram, principalmente para a Itália,
trazendo consigo toda uma gama de informações e materiais de alto valor
erudito. Além disso, o Humanismo despertou toda uma nova forma de ensinar,
influenciando ainda o desencadeamento e evolução do Renascimento. Também, como
fator que contribuiu para a difusão do Humanismo, está o mecenato, prática
comum entre burgueses ricos, príncipes e até Papas, que, no interesse em dar
projeção às suas cortes, financiavam as atividades artísticas, humanísticas.
O Humanismo também provocou
modificações nos métodos de ensino, pois valorizou o aprendizado de línguas
clássicas, como o grego e o latim, possibilitando um novo estudo da Natureza e
desenvolvendo a análise e a crítica na investigação científica, gerando uma
renovação cultural, influindo diretamente no desencadeamento e na evolução do
Renascimento.
Renascimento
Já o Renascimento, como fenômeno
histórico, nada mais foi do que a própria expressão, personificação, do
movimento humanista nas artes, letras, ciências, filosofia e até na música.
Durante praticamente toda a Idade
Média, no que se refere às artes e saberes, a Europa também se encontrava
atrelada à Igreja Católica Apostólica Romana. Desta forma, praticamente apenas
arte que simbolizasse aspectos religiosos, a chamada arte sacra, era produzida.
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No entanto, com o desenvolvimento de
toda uma burguesia, que pretendia se firmar como uma classe dominante ou bem
próxima do poder, surgiu a figura dos mecenas, verdadeiros financiadores de
obras colossais, tanto em tamanho, como em conteúdo artístico, que as
financiava por uma questão de status, para mostrar o quanto de poder financeiro
possuíam. Também isto passou a ser comum dentre aqueles monarcas absolutistas
que queriam se perpetuar na História pelos grandes feitos. Alguns faziam até
mesmo alusão às pirâmides do Egito, como imponência e prova de reconhecimento
eterno.
O principal berço do Humanismo e do
Renascimento foi a Itália, que também fora no passado o centro da Civilização
Romana, que serviram em grande parte para influenciar os humanistas e os
renascentistas, servindo para posteriormente espalhar o movimento renascentista
por toda a Europa.
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Os renascentistas consideravam a Idade
Média como um período de trevas, a “noite de mil anos”. No entanto, as bases do
renascimento foram lançadas em plena Idade Média. Muitos consideram que o
Humanismo e o Renascimento tenham sido a ruptura com os valores medievais, e
não uma continuidade evolutiva. De fato, o Renascimento representou uma reação
aos padrões culturais medievais. Conceitos como teocentrismo foram preteridos
em favor do antropocentrismo, a razão contrapôs a fé, o paganismo (não ateísmo)
se opôs à religiosidade.
Porém, não foi apenas no campo das
artes que o Renascimento tantas mudanças proporcionou. No campo das Ciências
(Renascimento Científico) as mudanças foram ímpares, sendo que muitos
cientistas daquela época, principalmente aqueles que se dedicaram ao estudo da
Física, ainda hoje são glorificados e laureados, como é o caso de Nicolau
Copérnico, Galileu Galilei e Johann Kepler. No campo literário (Renascimento
Literário), Luís de Camões, Nicolau Maquiavel, Dante Alighieri e William
Shakespeare foram alguns dos grandes expoentes do Renascimento, certamente com
grande destaque. No campo das artes plásticas (Renascimento Artístico),
destacaram-se, entre outros, pintores como Rubens, El Greco e mesmo o grande
mestre Michelangelo, autor das pinturas que decoram a Capela Sistina. No
entanto, talvez o nome que mais personifique o espírito do Renascimento e sua
base humanista seja a figura de Leonardo da Vinci que se destacou em praticamente
todas as áreas do pensamento humano, sendo ainda hoje bastante contemporâneo.
A relação do movimento renascentista
com a burguesia é percebida no interior das grandes cidades comerciais
italianas do período. Gênova, Veneza, Milão, Florença e Roma eram grandes
centros de comércio onde a intensa circulação de riquezas e idéias promoveram a
ascensão da nova classe artística italiana e de um novo modo de perceber o
mundo. O período renascentista, para seu melhor entendimento, pode ser dividido
em três períodos: o Trecento (século XIV), o Quattrocento (século XV) e o
Cinquecento (século XVI). Cada período abrangendo, respectivamente, uma parte
do período que vai do século XIV ao XVI.
O Trecento, também
chamado de pré-renascimento foi o período que representa a fase inicial de
elaboração da nova cultura renascentista, quando terão início alguns dos
princípios mais importantes da nova forma artística e de pensamento Humanista,
embora ainda estejam presentes uma grande quantidade de aspectos medievais.
Abrangia quase que exclusivamente aos artistas italianos, em especial os da
cidade de Florença.
O Quattrocento é a época das grandes realizações do
Renascimento, quando ocorreu o florescimento das cidades-estado italianas
independentes, como Florença, Veneza e Milão. Neste período, Florença tem um
papel de destaque na cultura italiana e européia, principalmente pela ascensão
da família Médici, que terão controle sobre a cidade por mais de meio século,
tornando-a o centro de irradiação do Renascimento clássico cenário das suas
manifestações mais importantes.
É um período de grandes realizações,
da consagração do Humanismo, quando o estudo da língua grega se torna possível
na Universidade de Florença, por exemplo.
No Quattrocento, as classes dominantes
florentinas, por exemplo, passa a patrocinar grandes artistas, sob a forma de
mecenato, financiando algumas das mais importantes obras do Renascimento. Com o
acúmulo de riquezas e as expansões econômicas advindas desse acúmulo, Florença
passa a “exportar” artistas para outras regiões da Itália e da Europa,
difundindo assim o renascimento a outras regiões. Nas artes plásticas,
principalmente na pintura, o Quattrocento florentino redescobriu a técnica
perdida de criar a ilusão de volume, aprimorando o uso da perspectiva linear,
com os correspondes efeitos de luz.
Na fase final do Renascimento, chamado
de Cinquecento, o
movimento renascentista ganhou grandes proporções, dominando várias regiões do
continente europeu. Neste momento, as cidades-estado italianas começam a enfrentar
graves problemas econômicos, principalmente devido às grandes navegações
portuguesas e espanholas, o que acaba por gerar problemas sociais, tirando da
Itália o eixo dos principais acontecimentos, e passando a Inglaterra a ter uma
grande expansão de seu poder na Europa, além da independência da Holanda, após
uma longa guerra de libertação contra os espanhóis, tendo, mais tarde,
importante papel no movimento da Reforma. Também é neste período que surgem os
movimentos da Reforma e da Contra-Reforma. Os precursores e disseminadores da
Reforma foram fortemente influenciados pelos humanistas e defendiam o retorno
do homem às suas origens cristãs, mas com outra concepção de sua relação com
Deus, assim, o homem poderia estar próximo de Deus, que não seria mais um deus
punitivo e sim um deus benevolente.
Leonardo da Vinci
No aspecto artísticos, os grandes
destaques para este período são Leonardo da Vinci, Michelangelo e Rafael.
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