Conflito entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte?
É
uma combinação de fatores étnicos, políticos, econômicos, religiosos e sociais
que surgiram ainda na Idade Média. A história começa no século XII, quando o
monarca inglês Henrique II tentou anexar a ilha da Irlanda ao seu reinado. Os
irlandeses resistiram até o século XVII, mas, a partir daí, milhares de
britânicos passaram a se transferir para lá. "O processo foi organizado
para atrair colonos da Inglaterra, da Escócia e do País de Gales através de
generosas ofertas de terras, com o objetivo de transplantar toda uma sociedade
para a Irlanda", diz o antropólogo John Darby, da Universidade de Notre
Dame, nos Estados Unidos.
Os
recém-chegados eram, em sua maioria, protestantes - enquanto os irlandeses
seguiam a religião católica. Assim, o mesmo território passou a ser ocupado por
dois grupos hostis, um acreditando que suas terras haviam sido usurpadas e o
outro temendo rebeliões. Entre as várias províncias da ilha, a de nome Ulster,
ao norte, concentrou a maior parte dos imigrantes britânicos.
A
partir do século XIX, essa região se industrializou e se urbanizou mais rápido,
aumentando as diferenças econômicas em relação ao sul do país, ainda dependente
da agricultura. Como as tensões continuavam, em 1920 o parlamento inglês criou
duas regiões com autogoverno limitado na ilha: a de Ulster, ou Irlanda do
Norte, com predomínio de protestantes, e a dos condados restantes, a Irlanda,
com maioria católica.
Dois
anos depois, a soberania da Irlanda aumentou, abrindo caminho para que a parte
sul da ilha se tornasse um país totalmente independente da Inglaterra. Mas os
católicos que viviam na Irlanda do Norte - hoje 40% da população - continuaram
insatisfeitos. E foi lá que se acirraram os conflitos entre grupos armados dos
dois lados, como o Exército Republicano Irlandês (o IRA, católico e
pró-independência) e os movimentos unionistas (protestantes e pró-Inglaterra).
O
mais famoso episódio desse histórico conflito ocorreu em 30 de janeiro de 1972,
quando soldados britânicos mataram 14 católicos que faziam parte de uma
manifestação na cidade de Derry, na Irlanda do Norte, incidente conhecido como
Domingo Sangrento (o Sunday Bloody Sunday cantado pelo U2). Essa violência caiu
a partir dos anos 90 - mas, até 2000, a lista de vítimas do conflito
apresentava um total de mais de 3 600 mortos.
Fonte:
Revista Mundo Estranho
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