Segue
abaixo alguns textos sobre a Guerra dos Cem Anos que na realidade durou 116
anos.
(1337-1453)
Tempo da Guerra.
Texto elaborado por Rainer Sousa
– Mestre em História
Do ponto de vista histórico, podemos ver que a Guerra dos Cem
Anos foi um evento que marcou o processo de formação das monarquias nacionais
inglesa e francesa. Não por acaso, vemos que esse conflito girou em torno dos
territórios e impostos que eram tão necessários ao fortalecimento de qualquer
monarquia daquela época. Sendo assim, vemos que tal evento manifesta
significativamente a centralização política que se desenvolveu nos fins da
Idade Média.
Iniciada em 1337, a Guerra dos Cem Anos foi deflagrada quando o
trono francês esteve carente de um herdeiro direto. Aproveitando da situação, o
rei britânico Eduardo III, neto do monarca francês Felipe, O Belo (1285 –
1314), reivindicou o direito de unificar as coroas inglesa e francesa. Dessa
forma, a Inglaterra incrementaria seus domínios e colocaria um conjunto de
prósperas cidades comerciais sob o seu domínio político, principalmente da
região de Flandres.
Nessa época, os comerciantes de Flandres apoiaram a ação britânica por terem laços comerciais francamente estabelecidos com a Inglaterra. Por conta desse apoio, os ingleses venceram as primeiras batalhas e conseguiram o controle de alguns territórios do Norte da França. Até aquele instante, observando a superioridade numérica e bélica dos ingleses, era possível apostar na queda da monarquia francesa. Contudo, a decorrência da Peste Negra impôs uma pausa aos dois lados da guerra.
Nessa época, os comerciantes de Flandres apoiaram a ação britânica por terem laços comerciais francamente estabelecidos com a Inglaterra. Por conta desse apoio, os ingleses venceram as primeiras batalhas e conseguiram o controle de alguns territórios do Norte da França. Até aquele instante, observando a superioridade numérica e bélica dos ingleses, era possível apostar na queda da monarquia francesa. Contudo, a decorrência da Peste Negra impôs uma pausa aos dois lados da guerra.
As batalhas só foram retomadas em 1356, quando a Inglaterra
conquistou novas regiões e contou com apoio de alguns nobres franceses. No ano
de 1360, a França se viu obrigada a assinar o Tratado de Brétigny. Pelo
documento, a Inglaterra oficializava o seu domínio sobre parte da França e
recuperava alguns territórios inicialmente tomados pelos franceses.
A ruína causada pela guerra provocou grandes problemas aos
camponeses franceses. A falta de recursos, os pesados tributos e as fracas
colheitas motivaram as chamadas jacqueries. Nesse instante, apesar dos
episódios de violência contra a nobreza, os exércitos da França reorganizaram
suas forças militares. Realizando a utilização de exércitos mercenários, o rei
Carlos V conseguiu reaver uma parcela dos territórios perdidos para a
Inglaterra.
Nas últimas décadas do século XIV, os conflitos tiveram uma pausa em virtude de uma série de revoltas internas que tomaram conta da Inglaterra. Apesar da falta de guerra, uma paz definitiva não havia sido protocolada entre os ingleses e franceses. No ano de 1415, o rei britânico Henrique V retomou a guerra promovendo a recuperação da porção norte da França. Mais do que isso, através do Tratado de Troyes, ele garantiu para si o direito de suceder a linhagem da monarquia francesa.
Nas últimas décadas do século XIV, os conflitos tiveram uma pausa em virtude de uma série de revoltas internas que tomaram conta da Inglaterra. Apesar da falta de guerra, uma paz definitiva não havia sido protocolada entre os ingleses e franceses. No ano de 1415, o rei britânico Henrique V retomou a guerra promovendo a recuperação da porção norte da França. Mais do que isso, através do Tratado de Troyes, ele garantiu para si o direito de suceder a linhagem da monarquia francesa.
Em 1422, a morte de Carlos VI da França e de Henrique V da
Inglaterra fizeram com que o trono francês ficasse sob a regência da irmã de
Carlos VI, então casada com o rei Henrique V da Inglaterra. Nesse meio tempo,
os camponeses da França se mostraram extremamente insatisfeitos com a dominação
estrangeira promovida pela Inglaterra. Foi nesse contexto de mobilização
popular que a emblemática figura de Joana D’Arc apareceu.
Alegando ter sido designada por Deus para dar fim ao controle inglês, a camponesa Joana D'Arc mobilizou as tropas e populações locais. Aproveitando do momento, o rei Carlos VII mobilizou tropas e passou a engrossar e liderar os exércitos que mais uma vez se digladiaram contra a Inglaterra. Nesse instante, temendo o fortalecimento de uma liderança popular, os nobres franceses arquitetam a entrega de Joana D'Arc para os britânicos.
No ano de 1430, Joana D'Arc foi morta na fogueira sob a acusação
de bruxaria. Mesmo com a entrega da heroína, os franceses conseguiram varrer a
presença britânica na porção norte do país. Em 1453, um tratado de paz que
encerrava a Guerra dos Cem Anos foi assinado.
Por um lado, a guerra foi importante para se firmar o ideal de
nação entre os franceses. Por outro, abriu caminho para que novas disputas
alterassem a situação da monarquia inglesa.
Fonte:www.brasilescola.com
Outro texto:
Foi um dos maiores conflitos da Idade Média, entre duas das
principais potências européias: França e Inglaterra. Apesar do nome, durou mais
de um século - segundo a definição dos historiadores, tudo começou em 1337,
para terminar só em 1453. "Não foi um confronto ininterrupto, mas uma
série de disputas que incluíram várias batalhas", diz a historiadora Yone
de Carvalho, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Para
entender a origem de tanta briga é preciso recuar no tempo. Em 1066, um duque
da Normandia (território francês) chamado Guilherme conquistara a Inglaterra,
tornando-se seu rei. Tanto Guilherme quanto seus sucessores eram, ao mesmo
tempo, donos do trono inglês e também súditos do rei da França, já que tinham
herdado terras naquele país. Séculos depois isso criaria muita encrenca.
Em 1328, o rei francês Carlos IV morreu sem deixar um herdeiro. O
então rei da Inglaterra, Eduardo III, considerou-se um pretendente legítimo ao
trono vago, pois, além de súdito, era sobrinho de Carlos IV. O problema era que
outros nobres franceses reivindicavam o mesmo trono e uma assembléia acabou
escolhendo um conde chamado Felipe - que ganhou o título de Felipe VI. A
relação de desconfiança entre os monarcas dos dois reinos e a disputa entre
eles por territórios franceses - Eduardo III tinha herdado os direitos sobre as
regiões da Gasconha, da Guiana e de Ponthieu - resultou na guerra. A França
tinha uma população quase quatro vezes maior que a da Inglaterra e também era
mais rica, mas não se encontrava tão unida e organizada enquanto nação. A
Inglaterra, por sua vez, possuía uma monarquia mais forte e se deu melhor no
início da guerra.
Não houve uma grande expansão, mas, ao final da primeira fase do
conflito, em 1360, tratados asseguraram aos ingleses a total soberania sobre as
terras que possuíam na França. Nas décadas seguintes, conflitos internos
levaram os dois países a se concentrarem mais nos problemas domésticos e a
guerra entrou numa fase de paz não-declarada, rompida de quando em quando. Por
volta de 1420, um novo rei inglês, Henrique V, decidiu aproveitar uma crise
entre o monarca francês e alguns nobres para reivindicar novamente o trono da
França, dando início a mais um período turbulento. Essa fase final do conflito,
porém, foi favorável aos franceses. Comandados por um novo rei, Carlos VII, e
com exércitos mais organizados, eles expulsaram os ingleses da Normandia, da
Guiana e da Gasconha. A famosa batalha na cidade francesa de Castillon, em
1453, é hoje considerada pelos historiadores o fim da longa guerra, embora
nenhum acordo tenha sido assinado e eventuais conflitos tenham continuado a
ocorrer.
"A Guerra dos Cem Anos foi a última guerra feudal e também a
primeira moderna. Ela foi dirigida por membros da aristocracia feudal no início
do conflito e terminou como uma disputa entre Estados que já tinham exércitos
nacionais", diz Yone. Por isso, ela foi um grande marco no desenvolvimento
europeu (principalmente na França) da idéia de nação, que unificou países antes
divididos em territórios controlados por nobres.
Ponto estratégico
Apesar de a guerra ser travada em território francês, havia
cidades estratégicas também na Inglaterra. Os navios que faziam a ligação entre
a ilha e o continente partiam de Southampton, um dos principais portos ingleses
na Idade Média
Arma poderosa
A besta, arma medieval para lançar setas, foi um dos destaques do
arsenal militar usado na guerra. Sob certas condições, o arco se mostrou
superior, disparando mais flechas por minuto, com maior alcance e precisão. Mas
a besta possuía suas vantagens: exigia menor esforço, era mais fácil de
transportar e de ser disparada por um homem a cavalo
Batalha shakespeariana
Pano de fundo das cenas mais emocionantes da peça Henrique V, de
Shakespeare, a batalha de Agincourt, em 1415, foi a última grande vitória
inglesa na guerra. Cerca de 9 mil soldados do rei inglês Henrique V conseguiram
derrotar 25 mil cavaleiros franceses
Momentos DecisivosOs grandes cercos e batalhas se deram em
território francês
1. No início do século XIV, o rei da Inglaterra, Eduardo III,
controlava os ducados da Gasconha e da Guiana e o condado de Ponthieu,
territórios que herdou dentro das atuais fronteiras da França. Mas, em 1337, o
rei francês Felipe VI ordenou o confisco das duas primeiras regiões - foi o
estopim da guerra
2. Outra causa importante do início do conflito foi a disputa pela
região de Flandres, que enriquecera com a produção de tecidos, importando lã da
Inglaterra. Apesar de estar economicamente vinculada aos ingleses, Flandres era
um domínio francês. Quando começaram as hostilidades na Gasconha, o rei inglês
desembarcou um exército em Flandres
3. A primeira grande batalha foi travada na cidade de Crécy em
1346 e acabou vencida pelos ingleses. Nela morreram o irmão do rei Felipe VI e
cerca de 1 500 soldados franceses
4. Nas guerras medievais, grandes batalhas só aconteciam de vez em
quando. Eram mais comuns os cercos a cidades e fortificações, que ficavam na
mira de catapultas. A cidade portuária de Calais enfrentou um dos primeiros
grandes cercos da guerra e resistiu por quase um ano diante dos ingleses, até a
população se render em 1347, abalada pela fome
5. Em 1356, numa batalha em Poitiers, os ingleses tiveram outra
importante vitória. Caçados por um exército comandado pelo próprio rei francês
João II (sucessor de Felipe VI), eles se protegeram numa área pantanosa. Ao
atacar, os cavaleiros franceses atolaram e foram dizimados por arqueiros. O rei
João II foi feito prisioneiro e só libertado após aceitar tratados que
garantiam à Inglaterra o controle de territórios na França
6. A virada na guerra viria após o cerco a Orleans, que durou sete
meses, entre 1428 e 1429. Os franceses, encurralados, já estavam prontos para
se render quando Joana D’Arc, camponesa
transformada em grande guerreira, convenceu o rei francês a mandar tropas para
a região. Os ingleses não resistiram e abandonaram o cerco. O episódio serviu
para colocar na história o nome de Joana D’Arc e unir ainda mais os franceses
7. Em julho de 1453, tropas inglesas tentaram atacar uma
fortificação francesa perto de Castillon. Elas foram derrotadas ao serem
recebidas pela recém-introduzida artilharia de campanha - canhões que podiam
ser transportados. Embates continuaram ocorrendo, mas essa batalha é
considerada o marco histórico que encerra a Guerra dos Cem Anos
Fonte: Revista Mundo Estranho – Editora Abril
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