A
Revolta de ontem e as manifestações de hoje:
Impressionante
como a história se repete constantemente ao longo dos anos, pode mudar alguns
personagens, ocorrem outras demandas, mais o contexto geral acaba sendo o
mesmo.
Talvez
por isso preocupam muitas pessoas o estudo da história em nossas escolas, inclusive
a quem defende a diminuição de aulas de história e geografia. Particularmente
acho um absurdo!
Estava
eu relendo a grande obra “Os Bestializados” de José Murilo de Carvalho quando
deparo com sua conclusão da Revolta da Vacina ocorrida a mais de um século em
nosso país.
Vamos
acompanhar alguns trechos que selecionei.
José
Murilo diz: “Independente
da intenção real de seus promotores, a revolta começou em nome da legítima
defesa dos direitos civis. Despertou
simpatia geral, permitindo a abertura de espaço momentâneo de livre e ampla
manifestação política, não mais limitada à estrita luta contra a vacina. Desabrocharam,
então, várias revoltas dentro da revolta.”
Ou
seja, não foi o que acabamos de ver nas nossas manifestações sobre redução da tarifa
de ônibus? Começaram a surgir várias reclamações contra os governantes e
políticos, várias reivindicações ao mesmo tempo. Várias foram as classes
sociais envolvidas, profissionais de diversas categorias, estudantes oriundos
de escolas públicas e privadas.
Murilo
continua: “A Revolta da Vacina permanece
como exemplo quase único na história do país de movimento popular de êxito
baseado na defesa do direito dos cidadãos de não serem arbitrariamente tratados
pelo governo. Mesmo que a vitória não tenha sido traduzida em mudanças
políticas imediatas além da interrupção da vacinação, ela certamente deixou
entre os que dela participaram um sentimento profundo de orgulho e de autoestima,
passo importante na formação da cidadania.”
Novamente
neste ponto comparamos com nossas manifestações atuais, a princípio houve apenas
a redução da tarifa dos ônibus em várias cidades, mas também ficou para cada
pessoa que participou direta ou indiretamente do movimento o sentimento de orgulho,
de estar lutando para mudanças melhores, enfim, de alguma maneira participando
da vida do país.
Na
época da Revolta da Vacina, Murilo cita que um repórter do jornal a Tribuna,
falando a indivíduos do povo sobre a revolta:
“ouviu
de um preto acapoeirado frases que bem expressavam a natureza da revolta e este
sentimento de orgulho. Chamando o repórter de “cidadão”, o preto justificava a
revolta: era para ‘não andarem dizendo que o povo é carneiro. De vez em quando
é bom a negrada mostrar que sabe morrer como homem!’. Para ele, a vacinação em
si não era importante – embora não admitisse de modo algum deixar os homens da
higiene meter o tal ferro em suas virilhas. O mais importante era ‘mostrar ao
governo que ele não põe o pé no pescoço do povo’.(pg. 139 “Os Bestializados”)
Assim, fazendo uma analogia com o século
passado notamos que existe por demais semelhança nos episódios, pois não foi
esse o recado que o povo atual deixou, ou seja, estamos de saco cheio de tanta
corrupção, roubalheira, humilhação, PODE PARAR, BASTA, O POVO ACORDOU E NÃO VAI
MAIS ACEITAR CALADO.
Espero
que nossas autoridades tenham entendido o recado e que o povo não volte a
adormecer.
E
aos especialistas de plantão que querem acabar ou diminuir as aulas das disciplinas
de História e Geografia revejam suas ideias.
Muito bom o texto, parabéns. Comparação excelente :)
ResponderExcluirObrigado, fico feliz por ter gostado.
ExcluirAbraços.