A matéria foi publicada pelo IG Educação Publica, durante uma semana do mês de Maio de 2012.
Professores não são preparados para
ensinar
Na
faculdade, futuro professor gasta maior parte do tempo com "fundamentos
teóricos". Acompanhe série especial com outros problemas
Cinthia Rodrigues, iG São Paulo | 23/04/2012
07:00:04
Texto:
Um professor com poucas oportunidades de aprender a dar aula
é como um médico que não sabe tratar do paciente ou um advogado que não conhece
os caminhos para defender o réu. Mas o que parece tão contraditório é uma
realidade no caso dos educadores. O problema é comprovado por pesquisas,
práticas e maus resultados que são tema de série que o iG Educação publica.
Em todas as etapas de formação, os docentes enfrentam
restrições ao aprendizado do próprio ofício. A universidade reserva a menor
parcela do curso a lições de como ensinar, a bibliografia sobre o assunto é
desproporcional à demanda e o tempo de aprendizado dentro da escola – apesar de
previsto em lei – é desviado para assuntos burocráticos.
Para piorar, o
modelo pelo qual os próprios professores aprenderam e que muitos replicam há
décadas empaca diante de uma geração moldada pela facilidade e rapidez de
resposta da internet. “A sociedade não precisa mais de alguém que traga a
informação. Isso o computador pode fazer. No entanto, a sociedade precisa cada
vez mais de um mestre que ensine a pensar, a resolver problemas, a produzir
conhecimento. Só que dificilmente o educador sabe como fazer isso”, resume o
professor emérito em Educação na Universidade de Paris 8 e visitante na
Universidade Federal de Sergipe, Bernard Charlot.
Na opinião
dele, os problemas de formação são potencializados pela tecnologia a que os
alunos têm acesso, mas continuam sendo os mesmos. “A questão não é se o
professor sabe promover o aprendizado naquele ambiente, mas se ele tem
repertório para ensinar em vez de reproduzir informação”, diz.
Pesquisas
mostram que o problema começa enquanto o futuro mestre ainda é o aluno. A
Fundação Carlos Chagas analisou detalhadamente os currículos de 94 faculdades
de Letras, Matemática e Ciências Biológicas em todas as regiões do País por
dois anos e concluiu que o “como ensinar” está longe de ser o foco dos cursos.
O currículo dos cursos de professor
Veja como é
dividido o tempo das licenciaturas nas faculdades (em porcentagem)
Fundação Carlos Chagas - exemplo de
Letras
Em
Letras, apenas 5,7% das aulas focavam em “didáticas, métodos e práticas de
ensino”, em Matemática, 8% e, em Biológicas, 10%. Todo o restante do curso
forma especialistas em cada área, explica o sistema educacional, expõe
fundamentos teóricos ou mesmo apresenta “outros saberes”. A introdução de temas
tecnológicos apareceu em apenas 0,2% dos currículos.
Os dados da
pesquisa, publicada em 2008, até agora não geraram mudanças sistemáticas.
Dentro de limites genéricos como “fundamentos teóricos” e “conhecimentos
específicos”, as universidades têm autonomia sobre os conteúdos dos cursos e,
como simples orientador, os governos que tomam iniciativas têm resultado tímido
na mudança dos currículos de faculdades para professores.
No Espírito
Santo, a gerente de formação do magistério da Secretaria de Educação, Tania
Paz, chamou 33 faculdades para debater os resultados e propor mudanças. Só 23
aceitaram. Ao longo de um ano foram nove encontros em que a Fundação Carlos
Chagas participou, mas ao final não é possível dizer se haverá alteração
prática. “Mostramos para eles nossas necessidades em sala, mas dentro das
instituições a decisão é dos coordenadores de curso”, afirma a gerente.
Para ela, a
dificuldade na formação é a base da crise educacional que o País enfrenta.
“Fizemos uma avaliação diagnóstica do que era preciso melhorar no sistema a
partir das dificuldades dos alunos e a conclusão é sempre a mesma: o
professor”, afirma, ponderando que o profissional é, ao mesmo tempo, vítima e
reprodutor do problema. "Muitos já escolhem a profissão por não conseguir
aprovação nas carreiras mais concorridas por conta de uma educação ruim que
tiveram e vão perpetuar enquanto não conseguirmos buscar formas de
compensação."
“A questão não é se o professor sabe promover o aprendizado
naquele ambiente, mas se ele tem repertório para ensinar em vez de reproduzir
informação", professor
Bernard Charlot
Bernard Charlot
O Ministério da
Educação também encontrou um problema ainda anterior aos currículos das
faculdades: a falta de livros sobre didática. Um edital para compra de material
aberto de 2008 a 2011 resultou em apenas 100 obras aprovadas, segundo o então
ministro da Educação, Fernando Haddad. “Mundo afora, você vai ver que chega a
centenas de milhares de títulos. No Brasil, se uma pessoa iluminada quiser
fazer mudanças num curso de licenciatura, vai ter de forjar o próprio
material”, comentou às vésperas de deixar o cargo, em janeiro.
Na época, ele
dizia que a colaboração do governo federal seria montar uma prova para
professor que seria baseada em didática e acabaria incentivando a mudança nos
cursos. "Hoje, 70% dos concursos públicos para admitir educadores são feito
de questões jurídicas. Está mais para teste da OAB do que docência",
comentava. Até o momento, no entanto, não há anúncio oficial da avaliação
anunciada há dois anos.
Professor não pode concorrer com a
internet
Para
especialistas, o apresentador de informações vai desaparecer, mas o educador
que vai além delas é cada vez mais necessário
Cinthia
Rodrigues, iG São Paulo | 24/04/2012 07:00:37
Texto:
Imagine, em um mundo sem internet, o dia em que professores
são avisados que dali para frente uma ferramenta de pesquisa permitirá aos seus
alunos ler, assistir, ouvir e discutir sobre qualquer assunto. Qual seria a
reação dos educadores? Para especialistas, há muito motivo para comemorar: a
chance de obter êxito no aprendizado aumenta. Na vida real, a recepção não foi
bem assim. A falta de adaptação do professor às novas tecnologias e ao aluno
influenciado por elas são tema do segundo dia da série especial do iG sobre os problemas
na formação do docente.
Incluída ou não
na aula, presente ou não na escola, a internet faz parte da rotina dos alunos.
Em 2008, quando apenas 23% dos lares estavam conectados segundo o Ibope, o
instituto já apontava que 60% dos estudantes tinham acesso à rede de algum
modo. Em pesquisa realizada nas escolas estaduais do Rio de Janeiro em 2011,
92% disseram estar online ao menos uma vez ao dia.
“O professor
pode escolher como tratar a internet, mas não pode ignorá-la”, diz o
pesquisador emérito de Ciências da Educação da Universidade de Paris 8 e
visitante na Universidade Federal do Sergipe, Bernard Charlot. Ele vê duas
possibilidades para o educador: fazer o que a máquina não sabe ou ser
substituído.
“Ninguém pode concorrer com o Google em
termos de informação. O professor que ia à frente da sala apresentar um
catálogo vai desaparecer em 20 anos e ser substituído por um monitor”, afirma
sem titubear, emendando um alento: “Por outro lado, o professor que ensina a
pesquisar, organizar, validar, resolver problemas, questionar e entender o
sentido do mundo é cada vez mais necessário.”
O pesquisador
defende que o aparente problema de falta de entrosamento com a tecnologia na
verdade é a lente de aumento que a internet colocou sobre a falta de formação
para a docência. “Não é que o professor não sabe ensinar a pesquisar na
internet, é que ele não sabe ensinar a pesquisar. Muitas vezes é mais simples
ainda: o professor não sabe como ensinar.”
Para ele, a
culpa não é do profissional, mas do sistema engessado que além de não formá-lo
não o deixa fazer diferente. “Não faz sentido começar um trabalho na internet
e, depois de 50 minutos, dizer: a gente continua semana que vem. Assim como
cada professor cuidar de uma disciplina, como se os assuntos não fossem
relacionados, ou tratar de temas sem mostrar na prática para que servem na
sociedade tornam a escola sem sentido.”
A doutora em
linguística e especialista no impacto da tecnologia na aprendizagem Betina von
Staa também culpa principalmente o sistema de ensino pela falta de aceitação da
tecnologia. “Muitos professores não aceitam trabalhos digitados apenas para
evitar cópias. A preocupação é maior com o controle de notas do que com as
possibilidades de aprendizado”, lamenta.
Na opinião
dela, o aluno precisa de orientação para procurar informações confiáveis e
questionar dados encontrados na internet. “Todas as pesquisas apontam que a
tecnologia traz benefícios, porém desde que venha com formação dos professores
para dar apoio.”
O Colégio Ari de Sá, em Fortaleza, é um exemplo de excessão
na introdução da tecnologia na sala de aula. Além de equipamentos - lousas
digitais, computadores e até tablets para os alunos que preferirem o
equipamento aos livros - a escola tem formação para os professores diariamente
e no contexto das aulas. O coordenador de informática educativa, Alex Jacó
França, passa em cada sala tirando dúvidas dos professores e dá dicas de como
incluir ferramentas online em cada tópico.
"Muitos
temas que passariam sem grande interesse aos alunos acabam ganhando vídeos e
experimentos que os marcam. Quanto mais o professor conhece, maior a liberdade
que dá ao aluno no formato de suas pesquisas e melhor o aprendizado",
garante o especialista. Para ele, mesmo nos casos em que as escolas não têm
equipamento, o conhecimento do professor para incentivar o uso de tecnologias e
a abertura para deixar os alunos irem além dos livros faz a diferença.
Durante fórum
sobre tecnologia e educação promovido pela Blackboard no último dia 12, em São
Paulo, educadores estrangeiros sustentaram opinião parecida. A diretora de
avaliação da Universidad Cooperativa de Colômbia, Maritza Randon Rangel, afirma
que a democratização do acesso à rede dá oportunidade para que mesmo escolas
rurais e afastadas tenham desempenho equivalente às que estão mais próximas de
recursos culturais e financeiros. “Tivemos êxito com isso na Colômbia, mas além
das máquinas é preciso uma equipe com objetivos claros.”
“Muitos temas que passariam sem grande interesse aos alunos
acabam ganhando vídeos e experimentos que os marcam. Quanto mais o professor
conhece, maior liberdade dá ao aluno e melhor o aprendizado",
Alex Jacó, coordenador de informática educativa
Alex Jacó, coordenador de informática educativa
Já a pedagoga
Patrícia Patrício, mestre em Formação de Professores pela Universidade Federal
de Minas Gerais (UFMG) e autora do livro “São Deuses os Professores?”, defende
que os educadores de sucesso conseguem êxito com ou sem ajuda da escola. “Em
geral profissionais que se destacam fazem isso, apesar da escola”, conta.
É o caso de professores premiados em todas as edições das
Olímpiadas Brasileiras de Matemática, como Antonio Cardoso do Amaral, de Cocal dos Alves, no Piauí, e Maria Botelho, de Uberlândia, em Minas Gerais. Ambos não têm formação ou estrutura
tecnológica acima da média da rede pública nas escolas, mas incentivam os
alunos a usá-la em casa e valorizam dúvidas e exercícios trazidos dentro ou
fora do contexto da aula. “Às vezes chego em casa e um aluno me deixou uma
dúvida no Facebook, eu adoro, significa que eles estão indo além da aula”, diz
Botelho.
Direito do professor, formação dentro
da escola falha
Por
lei, um terço da carga horária do educador deveria ser para atualização, mas na
prática tempo não existe ou é mal usado
Cinthia
Rodrigues, iG São Paulo | 25/04/2012 07:00:17
“Estou há 23 anos
em sala de aula. Durante todo esse tempo não presenciei HTPC (Hora de Trabalho
Pedagógico Coletivo) que faça justiça ao nome”. O desabafo feito pela
professora Vilma Nardes Silva Rodrigues expõe uma das principais dificuldades
que o educador enfrenta para realizar um bom trabalho: a formação interna na
escola, que deveria ser rotineira, ora não existe, ora se deturpa. A questão é
tema da terceira reportagem da série do iG sobre como o
professor tem pouca chance de aprender a ensinar.
Em tese, a carreira
dos mestres é estruturada para que ele se recicle e estude como ajudar seus
alunos durante todo o tempo em que estiver na ativa. A necessidade de aprender
constantemente é tão clara – ao menos na teoria – que existe legislação para
garanti-la.
Por lei, um terço da
carga horária remunerada do professor deve ser destinado a atividades
extra-classe. Cabe neste tempo a correção de provas e trabalhos e o
planejamento pedagógico, mas a recomendação do Conselho Nacional de Educação é
de que os profissionais se reúnam para discutir dificuldades e soluções
pedagógicas.
A maioria
das redes públicas sequer cumpre a lei. Em vez de reservar 33% do tempo para
que os docentes se preparem e dêem boas aulas nos outros 66%, prefeituras e
Estados esperam que os profissionais já cheguem preparados. “As pessoas acham
que o professor é um ser que nasce pronto. Longe disso, todos os dias há um
duro trabalho de buscar novas formas de ensinar a partir do diagnóstico dos
alunos, que também é trabalhoso”, diz Norman Atkins, presidente da Escola de
Educação Relay, nos Estados Unidos, e um dos principais críticos ao ensino apenas
teórico que os professores recebem.
Mesmo no tempo
destinado à formação, poucas escolas se dedicam a encarar as dificuldades
pedagógicas que os professores estão enfrentando. “Por mais que estas reuniões
sejam marcadas, o conteúdo é sempre de informes sobre datas, procedimentos e
burocracias”, lamenta Vilma que dá aulas em escola estadual, municipal e
particular em Carapicuíba, na Grande São Paulo.
Ela conta que o tempo
previsto fora de sala nas redes públicas - que não chega a um terço das aulas,
mas existe – sempre tem um roteiro definido por governo ou direção. “Quando,
muito esporadicamente, o tempo é para formação, a equipe se reúne sem saber o
que está ocorrendo com as turmas e o tema acaba sendo um texto, uma apostila
genérica, assuntos distantes do contexto da aula.”
Em uma das melhores escolas municipais de São Paulo, a
Desembargador Amorim Lima, muitos professores estão prontos para admitir que
não têm tempo suficiente para formação. O iGacompanhou
um dia de reunião na unidade durante a semana de organização escolar, que
antecede o início das aulas.
Os professores foram
agrupados por módulos e passaram a maior parte do tempo ajustando horários,
turmas e como funcionaria a recuperação paralela. À tarde, houve um exercício
em grupo com a leitura de um texto sobre portfólio, proposto pela consultora
voluntária, Fátima Pacheco, uma das fundadoras da Escola da Ponte (instituição
em Portugal que conquistou alunos ao substituir a divisão tradicional em turmas
e disciplinas por projetos).
Todos estavam
acostumados com a palavra portfolio no sentido burocrático, ou seja, sabiam que
se tratava de um documento sobre o desenvolvimento da aula que deviam
apresentar. Já o sentido pedagógico, de identificar o avanço e as dificuldades
de cada aluno, pegou de surpresa vários professores. Ao final, os porta-vozes
dos grupos admitiram que preenchiam o documento, mas não exploravam sua função.
“É algo que deveria ser trabalhado toda semana para que os educadores pudessem
se ajudar, mas a maioria das escolas que visito no Brasil não usa bem”, comenta
a consultora.
A diretora da
unidade, Ana Elisa de Siqueira, reconhece as dificuldades de formação. “O que
posso lhe garantir é que nesta escola todos estão interessados em fazer o
melhor. A Fátima é benvinda e ajuda muito, mas são tantos problemas para resolver,
de toda ordem, que não conseguimos focar sempre no ensino-aprendizagem.”
Apostilas expõem carência
A educadora Paula
Lozano, autora de uma pesquisa para a Fundação Lemann sobre o impacto da adoção
de sistemas apostilados – que dão roteiros prontos para as aulas – acha que o
resultado é mais uma prova da falta de formação dos professores. Segundo sua
investigação, os municípios que usavam material padronizado conseguiram
melhores resultados que os demais, apesar da qualidade questionável das
apostilas e do impossível nivelamento que elas pressupõem.
“Alguns sistemas eram bem ruins e, mesmo assim, tiveram
resultado melhor do que as aulas preparadas pelos docentes. Isso significa que
muitos educadores não conseguem organizar exercícios e atividades para dar
conta do conteúdo”, lamenta a educadora. Para ela, o Brasil devia admitir a
carência na formação do professor e ampará-lo mais enfaticamente. “NaFinlândia, autonomia do
professor é ótima, todos sabem como dar aulas maravilhosas. Aqui, nem tanto.”
Acompanhe
o encerramento da série:
Nesta quinta-feira, o iG reúne as dicas práticas dos
especialistas que criticam a falta de formação dos professores para didáticas e
práticas de ensino. Leia, opine e sugira novas abordagens.
Exemplos de práticas didáticas não
ensinadas aos professores
Após
mostrar como as faculdades são teóricas e a formação dentro da escola falha, iG
reúne técnicas pontuais úteis aos docentes
Cinthia
Rodrigues, iG São Paulo | 26/04/2012 09:53:39
Durante esta semana, o iG mostrou como o professor tem pouca
chance de aprender a ensinar. As faculdades têm apenas 5% a 10% de todo o
conteúdo voltado a métodos e práticas docentes e a formação dentro da escola,
prevista em lei, não ocorre ou se perde em questões burocráticas.
O problema se agrava com a velocidade das mudanças tecnológicas e a dificuldade dos docentes de aproveitar o potencial das ferramentas digitais. Na reportagem desta quinta-feira, estão reunidos os exemplos práticos de técnicas pedagógicas dados pelos especialistas que criticam o abandono da formação do professor.
O problema se agrava com a velocidade das mudanças tecnológicas e a dificuldade dos docentes de aproveitar o potencial das ferramentas digitais. Na reportagem desta quinta-feira, estão reunidos os exemplos práticos de técnicas pedagógicas dados pelos especialistas que criticam o abandono da formação do professor.
1) Porta aberta para visitas
“A maneira mais simples e eficiente de trazer a vida real para a escola”, assim a diretora de avaliação da Universidad Cooperativa de Colômbia, Maritza Randon Rangel, descreve a abertura das salas de aula para pais, vizinhos e profissionais convidados, seja para assistir a aula ou participar. “Não é para fazer isso em uma festa, mas em aulas normais, tornar isso comum”, diz. “Alguém sentado no fundo da sala inspira mais respeito ao ambiente de aprendizado, parece que os estudantes pensam ‘vieram ouvir porque isso é importante’. Se alguém vai falar ao lado do professor a mensagem é ‘estão tão interessados em que eu aprenda que trouxeram reforço’” .
“A maneira mais simples e eficiente de trazer a vida real para a escola”, assim a diretora de avaliação da Universidad Cooperativa de Colômbia, Maritza Randon Rangel, descreve a abertura das salas de aula para pais, vizinhos e profissionais convidados, seja para assistir a aula ou participar. “Não é para fazer isso em uma festa, mas em aulas normais, tornar isso comum”, diz. “Alguém sentado no fundo da sala inspira mais respeito ao ambiente de aprendizado, parece que os estudantes pensam ‘vieram ouvir porque isso é importante’. Se alguém vai falar ao lado do professor a mensagem é ‘estão tão interessados em que eu aprenda que trouxeram reforço’” .
2) Checar os objetivos
O que os estudantes devem aprender ao final desta aula? E para a vida? Como uma coisa levará a outra? A educadora e autora Lea Desprebiteris, especialista em avaliações educacionais, lamenta que a maioria dos professores sigam um roteiro sem ter em mente o exato objetivo de cada atividade no plano de aprendizado. “O planejamento, que costuma ser entregue logo no começo do ano, só deveria ser feito a partir de uma reflexão sobre os objetivos a atingir com aquela turma e até com cada aluno. Ainda assim, ele precisa ser maleável, pois o resultado de uma aula é que vai levar ao realinhamento da próxima para chegar ao ponto desejado.”
O que os estudantes devem aprender ao final desta aula? E para a vida? Como uma coisa levará a outra? A educadora e autora Lea Desprebiteris, especialista em avaliações educacionais, lamenta que a maioria dos professores sigam um roteiro sem ter em mente o exato objetivo de cada atividade no plano de aprendizado. “O planejamento, que costuma ser entregue logo no começo do ano, só deveria ser feito a partir de uma reflexão sobre os objetivos a atingir com aquela turma e até com cada aluno. Ainda assim, ele precisa ser maleável, pois o resultado de uma aula é que vai levar ao realinhamento da próxima para chegar ao ponto desejado.”
3) Assistir colegas exemplares
Durante 10 anos, o educador norte-americano Doug Lemov observou e filmou professores com bons resultados em diferentes contextos. O material inspirou o livro “Teach Like a Champion”, traduzido no Brasil como “Aula Nota 10” e é base da Escola de Educação Relay. Em visita ao Brasil a convite da Fundação Lemann para o seminário Líderes em Gestão Escolar, o diretor da escola, Norman Atkins, defendeu a observação destes colegas. “Todos temos exemplos, a intenção não é copiar este professor, mas analisar a técnica dos bons educadores e verificar o que é aproveitável”. A palestra completa está disponível no site da Fudanção. Assista abaixo uma das professoras filmadas:
Durante 10 anos, o educador norte-americano Doug Lemov observou e filmou professores com bons resultados em diferentes contextos. O material inspirou o livro “Teach Like a Champion”, traduzido no Brasil como “Aula Nota 10” e é base da Escola de Educação Relay. Em visita ao Brasil a convite da Fundação Lemann para o seminário Líderes em Gestão Escolar, o diretor da escola, Norman Atkins, defendeu a observação destes colegas. “Todos temos exemplos, a intenção não é copiar este professor, mas analisar a técnica dos bons educadores e verificar o que é aproveitável”. A palestra completa está disponível no site da Fudanção. Assista abaixo uma das professoras filmadas:
4) Circular pela sala
Entre as técnicas que estão no vídeo e que foram tabuladas pela Relay como ponto em comum dos professores de sucesso está a circulação dos educadores. Eles não ocupam só a frente da sala, mas passeiam para ganhar mais atenção da turma e ter certeza de quem realmente está participando. Com isso, aproximam-se dos alunos e inspiram neles a sensação de que estão sendo cuidados.
Entre as técnicas que estão no vídeo e que foram tabuladas pela Relay como ponto em comum dos professores de sucesso está a circulação dos educadores. Eles não ocupam só a frente da sala, mas passeiam para ganhar mais atenção da turma e ter certeza de quem realmente está participando. Com isso, aproximam-se dos alunos e inspiram neles a sensação de que estão sendo cuidados.
5) Equilíbrio na participação dos alunos
De acordo com estudos da mesma instituição, os professores que falam 99% do tempo não têm bons resultados de aprendizado. Da mesma forma, em uma sala em que só os alunos falam, por estarem trabalhando com pouca supervisão ou porque o professor não consegue a atenção, não há boa aprendizagem. “Nossas pesquisas apontam que o melhor ponto é 43% para o professor e o restante para os alunos falarem ou pensarem nos exercícios”, diz Atkins.
De acordo com estudos da mesma instituição, os professores que falam 99% do tempo não têm bons resultados de aprendizado. Da mesma forma, em uma sala em que só os alunos falam, por estarem trabalhando com pouca supervisão ou porque o professor não consegue a atenção, não há boa aprendizagem. “Nossas pesquisas apontam que o melhor ponto é 43% para o professor e o restante para os alunos falarem ou pensarem nos exercícios”, diz Atkins.
6) Tempo para as respostas
Uma das principais práticas que diferenciam os professores filmados é a forma de elaborar questões. De acordo com o estudo, os melhores professores fazem as questões mais rigorosas e desafiadoras para manter os alunos constantemente pensando. Em outro vídeo, Lemov explica como o simples controle do tempo para resposta pode gerar aprendizado. “É um paradoxo, quanto mais tempo o professor perde esperando que os alunos estejam prontos, mais tempo de aprendizado ele ganha”. Assista:
Uma das principais práticas que diferenciam os professores filmados é a forma de elaborar questões. De acordo com o estudo, os melhores professores fazem as questões mais rigorosas e desafiadoras para manter os alunos constantemente pensando. Em outro vídeo, Lemov explica como o simples controle do tempo para resposta pode gerar aprendizado. “É um paradoxo, quanto mais tempo o professor perde esperando que os alunos estejam prontos, mais tempo de aprendizado ele ganha”. Assista:
7) Incentivar a pesquisa e evitar cópias
Trabalhos feitos com ajuda do computador podem conter pesquisas mais elaboradas e aumentar o envolvimento dos estudantes com os temas. Para evitar as temidas cópias, o coordenador de informática educativa do Colégio Ari de Sá, Alex Jacó França, indica a atuação em duas frentes. A primeira é simples: colocar trechos suspeitos nos buscadores da internet e verificar se não são encontradas publicações iguais. “É importante que o professor saiba checar isso e encontrar as fraudes”, diz. Neste caso, deve-se lidar com o problema como se fazia com a cola. A segunda ação do docente deve ser incentivar vídeos, peças interativas e formas de expor que privilegiam a criatividade e dificultam o uso de material alheio. “Os estudantes querem trabalhar isso, o professor que dá esta abertura ganha pontos.”
Conhece uma prática
didática que tem bom resultado e não é matéria do curso universitário ou da
formação interna? Conte o que você ou seu professor faz no espaço para
comentários no fim desta página.
Fonte: Portal IG –
Educação Pública.
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