Luta pela
Independência na Bahia – A História do corneteiro Luis Lopes.
O conflito ficou
conhecido como a Batalha de Pirajá e teve um papel decisivo na Guerra pela
Independência da Bahia, pois assegurou a continuidade do cerco à cidade de
Salvador, que estava sob o domínio das tropas portuguesas.
Foram mais de 4 horas
de combate. O exército português era mais numeroso, além de melhor treinado e
equipado. A vitória lusitana era dada como certa. Tanto o era que, diante da
iminente derrota, o Comandante Barros Falcão ordenou o recuo das tropas
brasileiras.
Mas eis que, em vez
do toque de “recuar”, o corneteiro Luís Lopes deu o sinal de “cavalaria
avançar” e, em seguida, o de “degolar”. E quem acabou partindo em retirada
foram as tropas lusitanas, imaginando que os brasileiros tinham recebido
reforços.
Cavalaria brasileira
não havia mesmo. Mas a história (ou seria estória) do tal corneteiro é colocada
em dúvida, tanto pela ausência de documentos históricos que comprovem a sua
existência, como pelo fato de o episódio soar como lendário.
Na obra Memórias
Históricas e Políticas da Bahia, o historiador Inácio Acioli de Cerqueira e
Silva apresenta a explicação da vitória brasileira na Batalha de Pirajá como
decorrente de um toque errado de corneta.
Já o barão do Rio
Branco, nas Efemérides brasileiras, ao registrar e comentar o conflito, não
menciona a participação do corneteiro Lopes, embora conhecesse o texto de
Acioli.
Brás do Amaral, em
História da independência na Bahia, obra escrita no ano em que se comemorou o
centenário do 2 de Julho, conta o mesmo que Acioli já havia dito.
Pedro Calmon, ao
tratar das lutas da independência, na obra História do Brasil, nada fala sobre
a intervenção providencial do corneteiro, que era português, mas integrava o
exército brasileiro.
O historiador Cid
Teixeira afirma que prefere acreditar no testemunho presencial de Ladislau dos
Santos Titara, que, além de ser o autor do Hino ao Dois de Julho, era soldado,
lutou na batalha e disse que ouviu o toque de “avançar cavalaria”.
Um outro testemunho,
o Alexandre Gomes de Argolo Ferrão, o Barão de Cajaíba, atesta o feito do
corneteiro Luís Lopes. Ele era comandante da Legião de Caçadores da Bahia, uma
das unidades que participaram do combate de Pirajá.
Cajaíba foi quem
acompanhou D. Pedro II, numa visita que este fez ao campo histórico de São
Bartolomeu de Pirajá, em 9 de outubro de 1859. O imperador registrou, em seu
diário, que o barão lhe contou que os brasileiros ganharam a batalha graças a
"um corneta trânsfuga português que descompunha, por meio de toques, o
exército lusitano, e neste dia, tocando a retirada, fez com que avançassem os
lusitanos para debandarem para o lado do campo de Cabrito e da cidade, logo que
ouviram os vivas dados a meu pai, pelo major de Pernambuco Santiago; os tiros
de uma pequena peça assestada ao lado direito da igreja, para quem segue para o
Cabrito e o toque de degola da cavalaria que deu o tal corneta, quando apenas
havia trezentos brasileiros, sobre que se dirigiam quatro colunas lusitanas,
tendo por todos quatro mil homens, uma parte da cidade, outra ao lado do
Cabrito, outra de Itapoã e outra em direção à praia próxima que chegou ao
desembarque, quando as outras já se debandavam”.
Algumas linhas
adiante, o monarca escreveu no diário: "todas estas informações são do
Cajaíba, e só posso afirmar que as ouvi" .
Em 2003, o episódio
do Corneteiro Lopes, se tornou tema de um curta-metragem de 20 minutos, em
película, dirigido pelo cineasta baiano Lázaro Faria.
Fonte: Tribuna da Bahia.