A transição democrática no Brasil
Mesmo com a vitória do PMDB no Colégio
Eleitoral, o fim da ditadura deu-se de maneira “lenta e gradual”, como havia
sido concebido por alguns militares. A aliança com dissidentes do PDS,
integrados à nova equipe de governo, permitiu que antigos colaboradores do
regime militar permanecessem ainda no poder. A morte súbita de Tancredo Neves
levou o então vice-presidente José Sarney à Presidência do país em 1985.
Ex-dirigente da Arena e do PDS, seu nome revelava que o governo civil, chamado
de “Nova República”, não era assim tão novo.
Tancredo Neves.
José Sarney
A tentativa de estabelecimento de uma
ordem democrática impunha a elaboração de uma nova Constituição para remover a
legislação do governo militar. Assim, nas eleições estaduais de 1986 foram
atribuídos poderes constituintes aos deputados federais e senadores também
eleitos. Apoiado no prestígio popular de um plano econômico que se pretendia
capaz de resolver os problemas do país a curto prazo, o PMDB elegeu quase a
totalidade dos governadores. No Congresso Constituinte, ainda que sua bancada
estivesse extremamente dividida em termos ideológicos, obteve a maioria
absoluta dos parlamentares. Inchado pelo ingresso de políticos recém-saídos do
PDS (que se enfraquecia enquanto terminava o governo militar do qual era
apoio), o PMDB, maior partido brasileiro, estava agora dominado por
conservadores, ex-aliados e simpatizantes do antigo regime. A Constituição
refletiria essa composição.
As primeira eleições diretas para a
Presidência da República só seriam marcadas para 1989, e seu resultado
demonstrou o desgaste do PMDB junto ao eleitorado. Co-responsável por um
governo instável e pela grave crise econômica do país, o candidato do partido,
Ulysses Guimarães, um dos principais líderes da oposição durante a ditadura,
amargou uma votação inexpressiva. Suplantando os candidatos considerados
favoritos e habilitando-se para disputar o segundo turno das eleições, no
primeiro turno surpreenderam o país Fernando Collor de Mello, ex-prefeito de
Maceió (nomeado durante o governo militar) e ex-governador de Alagoas (eleito
pelo PMDB), e o metalúrgico Luís Inácio Lula da Silva, um dos fundadores do PT.
Ulysses Guimarães
Fernando Collor de Mello
Luís Inácio Lula da Silva
Povo nas ruas pedindo o Impeachment do Collor.
A Sociedade brasileira esperava por
mudanças reais, e os dois candidatos foram os que melhor souberam canalizar
essa expectativa. Depois de uma disputa acirrada e tensa, em que o eleitorado
brasileiro praticamente dividiu-se ao meio, Fernando Collor conseguiria
eleger-se presidente do Brasil. Essas eleições, as primeiras depois de vinte e
nove anos, marcaram uma nova tentativa de consolidação do regime democrático
representativo numa formação histórica enraizadamente autoritária. O principal
teste da democracia brasileira, entretanto, viria quase três anos depois.
Diante das evidências de corrupção no governo, o Congresso, obedecendo as
regras constitucionais, afastou Collor da presidência. Impeachment.
Fonte: História do Brasil de Flavio de Campos e Miriam Dolhnikoff.
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